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Sem recreio
Orientados a não se aproxima da seleção, e temendo os seguranças armados, alunos tentam uma recordação de Kaká e companhia
MARTÍN FERNANDEZ
PAULO COBOS
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A JOHANNESBURGO
A CBF pediu, o colégio
atendeu, e o encontro com as
centenas de estudantes da
Höerskool Randburg com o
time de Dunga não ocorreu.
Primeiro, porque o treino
da seleção ocorreu às 15h30
locais, 1h30min depois do
fim das atividades na escola
e da dispensa dos alunos.
Depois, porque houve
uma série de ameaças aos estudantes que quebrassem as
regras e tentassem chegar
perto dos astros brasileiros.
"Nos disseram que a polícia tomaria conta do pátio e
do campo", contou Dylan
Jacklin, 17. "Os professores
falaram que a escola não se
responsabilizaria, que nos
veríamos com a polícia."
E polícia armada. Havia oito homens em volta do campo em que a seleção treinava:
um policial e sete seguranças da Piranha Security, a
empresa que zela pelo time
de Dunga. Destes, dois portavam pistolas automáticas.
"Normalmente só os seguranças que trabalham à noite, como vigias, andam armados aqui na escola", contou Tim Pearman, 37, diretor
da empresa. Ele e o policial (à
paisana) carregavam pistolas automáticas 9mm.
As regras foram ditadas
pelos professores ao longo
do dia. Quem tentasse tirar
uma fotografia teria a câmera
ou o telefone celular confiscados. Quem ousasse ultrapassar a grade armada em
volta do campo seria retirado
da escola à força.
"O aviso foi mais ou menos
assim: "Ou vocês se comportam ou pode ser a última vez
que assistem ao treino". Nós
vamos obedecer, claro", disse Bianca du Preez, 13, que
comprou um agasalho do
Brasil para ir ao treino com
uma amiga. "Queríamos
uma foto com o Kaká, mas
nem vamos tentar", completou Jessica Lorine, 13.
Sem tanta gente para cuidar e com os estudantes devidamente adestrados, a seleção pôde treinar em paz, e os
guardas em volta do campo
não tiveram trabalho.
"Acho que vai ser tranquilo", previu Tim Pearman.
"Porque eles são bons alunos, sempre se comportam,
não vão criar problema."
E, de fato, não criaram.
SÓ PARA FÃS
Na sexta-feira, o professor
de educação física Rochev
Viböen havia dito que seria
impossível conter os estudantes caso a seleção fosse lá
com a escola cheia. "Esperamos pelo menos um sorriso e
um aceno", afirmou ele.
Ontem, cerca de 30 alunos
foram ao pátio tentar espiar o
treino. Não houve acenos
nem sorrisos. Até porque os
estudantes estavam muito
longe dos jogadores.
Menos de meia hora depois, restavam seis alunos.
Todos meninos, todos fãs de
futebol. Nos últimos minutos, ganharam a companhia
de funcionários da escola.
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