São Paulo, terça-feira, 01 de junho de 2010

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Sem recreio

Orientados a não se aproxima da seleção, e temendo os seguranças armados, alunos tentam uma recordação de Kaká e companhia

MARTÍN FERNANDEZ
PAULO COBOS
SÉRGIO RANGEL

ENVIADOS ESPECIAIS A JOHANNESBURGO

A CBF pediu, o colégio atendeu, e o encontro com as centenas de estudantes da Höerskool Randburg com o time de Dunga não ocorreu.
Primeiro, porque o treino da seleção ocorreu às 15h30 locais, 1h30min depois do fim das atividades na escola e da dispensa dos alunos.
Depois, porque houve uma série de ameaças aos estudantes que quebrassem as regras e tentassem chegar perto dos astros brasileiros.
"Nos disseram que a polícia tomaria conta do pátio e do campo", contou Dylan Jacklin, 17. "Os professores falaram que a escola não se responsabilizaria, que nos veríamos com a polícia."
E polícia armada. Havia oito homens em volta do campo em que a seleção treinava: um policial e sete seguranças da Piranha Security, a empresa que zela pelo time de Dunga. Destes, dois portavam pistolas automáticas.
"Normalmente só os seguranças que trabalham à noite, como vigias, andam armados aqui na escola", contou Tim Pearman, 37, diretor da empresa. Ele e o policial (à paisana) carregavam pistolas automáticas 9mm.
As regras foram ditadas pelos professores ao longo do dia. Quem tentasse tirar uma fotografia teria a câmera ou o telefone celular confiscados. Quem ousasse ultrapassar a grade armada em volta do campo seria retirado da escola à força.
"O aviso foi mais ou menos assim: "Ou vocês se comportam ou pode ser a última vez que assistem ao treino". Nós vamos obedecer, claro", disse Bianca du Preez, 13, que comprou um agasalho do Brasil para ir ao treino com uma amiga. "Queríamos uma foto com o Kaká, mas nem vamos tentar", completou Jessica Lorine, 13.
Sem tanta gente para cuidar e com os estudantes devidamente adestrados, a seleção pôde treinar em paz, e os guardas em volta do campo não tiveram trabalho.
"Acho que vai ser tranquilo", previu Tim Pearman. "Porque eles são bons alunos, sempre se comportam, não vão criar problema."
E, de fato, não criaram.

SÓ PARA FÃS
Na sexta-feira, o professor de educação física Rochev Viböen havia dito que seria impossível conter os estudantes caso a seleção fosse lá com a escola cheia. "Esperamos pelo menos um sorriso e um aceno", afirmou ele.
Ontem, cerca de 30 alunos foram ao pátio tentar espiar o treino. Não houve acenos nem sorrisos. Até porque os estudantes estavam muito longe dos jogadores.
Menos de meia hora depois, restavam seis alunos. Todos meninos, todos fãs de futebol. Nos últimos minutos, ganharam a companhia de funcionários da escola.


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