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FUTEBOL
Empate é ótimo
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
As seleções principais de
Brasil e Uruguai se enfrentaram 21 vezes no Uruguai.
O Brasil venceu apenas três,
empatou oito e perdeu dez jogos. Isso mostra que, mesmo se o
Brasil tivesse um excepcional time, a partida seria muito difícil.
O empate é um ótimo resultado. A seleção brasileira se manterá no quarto lugar, com três
pontos à frente do Uruguai e da
Colômbia.
A vitória seria espetacular.
A equipe continuaria na
quarta colocação, mas praticamente classificada, com cinco
pontos à frente da Colômbia e
seis do Uruguai.
Se o Brasil perder, continuará
no quarto lugar (pelo saldo de
gols), mas a classificação ficará
preocupante.
Aumentarão o pessimismo e a
intranquilidade. Depois de experimentar várias formações táticas, no último coletivo Felipão
optou pelo esquema tradicional
brasileiro. Roque Júnior treinou
de volante, na frente dos dois
zagueiros, e não como um terceiro zagueiro.
São duas funções diferentes.
Temo que o jogador não seja
um volante nem um zagueiro.
Se Roque Júnior e os dois zagueiros ficarem muito atrás e os
dois meias ofensivos (Rivaldo e
Juninho), muito próximos dos
dois atacantes, Emerson ficará
sozinho no meio-campo.
Hoje, as melhores seleções, como a França e a Argentina, fazem o contrário. Congestionam
o meio-campo, tomam a bola e
partem com muitos jogadores
para o ataque. Foi o que o Grêmio fez contra o Corinthians.
Surpreendente foi a escalação
do Élber ao lado do Romário.
Os dois têm características parecidas. Os três atacantes velocistas convocados pelo técnico
(Euller, Geovanni e Ewerton) ficarão na reserva.
O Uruguai vai tentar pressionar, atuar no campo brasileiro e
insistir nos cruzamentos pelo alto. Mais importante do que o
posicionamento dos zagueiros é
evitar esses cruzamentos.
Apesar dos problemas, estou
otimista. Espero um bom resultado e não uma partida brilhante. Os jogadores conscientizaram-se da importância do
momento. Vão jogar com muita
garra. Mas somente isso não
basta. Será preciso técnica, criatividade e equilíbrio emocional.
A bagunça não terminou
O tão esperado calendário
quadrienal foi anunciado.
Diante da atual bagunça, das
denúncias das CPIs, da falência
da maioria dos clubes, da intervenção do ministro de Esportes,
Carlos Melles, das críticas da
imprensa e da indignação dos
torcedores, era preciso fazer alguma coisa.
As medidas gerais do calendário são boas e óbvias, como férias de 30 dias e pré-temporada
de dez, proibição de se jogar
mais de duas vezes por semana
e acesso e descenso.
No Brasileiro, quatro times
vão descer e dois subir, até o número definitivo de 24 equipes
em 2003. Prefiro 20 times com
três divisões.
Por outro lado, a divisão das
competições durante o ano foi
elaborada por péssimos matemáticos e baseada em interesses
financeiros.
Em vez de simplificar, complicaram. Era só repetir o que é feito há vários anos, com sucesso,
em todo o mundo.
Bastaria deixar os finais de semana para um Campeonato
Brasileiro mais longo (sete a oito meses), com turno e returno, e
os outros três a quatro meses para os estaduais e regionais.
Nos meios da semana seriam
disputados outros torneios, sem
justaposição de datas, como a
Copa do Brasil, Libertadores, jogos da seleção brasileira e, se
houver datas, a Copa dos Campeões e a Mercosul (extinta a
partir do próximo ano).
A colocação no Campeonato
Brasileiro serviria de critério para as equipes que participariam
desses torneios.
Da maneira como foi feita,
haverá excessivo número de torneios no primeiro semestre.
Como todos são classificatórios, os times que forem eliminados ficarão parados durante um
longo período. Um desastre!
O Campeonato Brasileiro no
segundo semestre terá duração
de quatro meses, com partidas
nos finais e meios de semana,
em apenas um turno, o que é
uma aberração.
No ano que vem, a Copa do
Brasil termina no dia 15 de
maio, e a seleção estréia na Copa do Mundo no dia 31.
Na Europa, a maioria dos
campeonatos terminará no dia
5 de maio.
É essencial que se faça logo um
acordo para que os clubes brasileiros cedam seus jogadores a
partir do dia 6 de maio.
Além de todos esses problemas, não se tem certeza se o que
foi definido vai funcionar na
prática.
Se a bagunça continuar, irei
-lembrando o poeta- não para Pasárgada, mas para um lugar bem distante.
Lá, não serei amigo do rei,
mas viverei em paz.
Continuarei morando numa
casa branca com portas e janelas azuis. Andarei a pé e de bicicleta. No final da tarde, tomarei
um bom vinho, numa praça de
uma cidade de mil anos. Lerei
poemas de Manuel Bandeira e
observarei as pessoas.
Mais tarde, dormirei ao lado
da companheira e sonharei com
um país distante, alegre, tropical e justo, onde os cidadãos e os
calendários esportivos são respeitados e bem elaborados.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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