São Paulo, segunda-feira, 01 de julho de 2002

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Atacante acorda no 2º tempo para ser artilheiro e igualar marca de Pelé

Ronaldo sofre no início, mas se recupera e brilha no final

France Presse
Ronaldo, no segundo tempo, aproveita-se de falha de Kahn, que não conseguiu encaixar um chute de Rivaldo e soltou a bola, para colocar o Brasil em vantagem na final da Copa Coréia/Japão


DOS ENVIADOS A YOKOHAMA

O começo foi difícil para a seleção brasileira e para Ronaldo. A Alemanha pressionava, e o atacante falhava em suas poucas oportunidades. O Brasil e seu artilheiro pareciam estar dormindo.
Klose, concorrente na disputa pela artilharia, quase abriu o placar aos 9min. Enquanto isso, o ex-melhor do mundo pouco aparecia. A boa atuação da defesa alemã impedia qualquer ação isolada de Ronaldo, que não mostrava muita luta e disposição para recuperar a bola do adversário.
Na primeira real chance brasileira, Ronaldo recebeu passe milimétrico de Ronaldinho, ficou na cara de Oliver Kahn em um lance rápido. Caprichou tanto no chute que a bola saiu sem força pela linha de fundo, à direita do goleiro.
Aos 29min, um susto. Se em 1998 foi um choque com Barthez, desta vez o zagueiro Linke atingiu a canela de Ronaldo, que caiu com expressão de dor.
Mal se levantou e estava de novo na cara de Kahn, mais uma vez com tempo para tirar a bola do goleiro alemão. A finalização, porém, saiu fraca, mascada.
As coisas não estavam nada bem para Ronaldo, que por vezes mostrava até apatia em campo. Nos escanteios, especialmente, os alemães levavam grande perigo, e a imagem de Zidane cabeceando livre na final de 1998 certamente rondou a cabeça do brasileiro.
A chance de ouro para o Brasil saiu já nos acréscimos do primeiro tempo com o centroavante líder da artilharia da competição.
Após uma bomba de Roberto Carlos, a bola sobrou quase na marca do pênalti para Ronaldo, que girou o corpo e chutou, mas Kahn fez ótima defesa.
O intervalo chegou com muitas dúvidas no time e em Ronaldo, que parecia não estar com sorte.
Fisicamente, seria duro aguentar uma prorrogação, uma vez que o atacante mal tinha ficado os 90 minutos em todos os jogos.
A etapa final começou menos animadora ainda, com a Alemanha no ataque. Ronaldo foi por um bom tempo um espectador.
Porém, num lampejo, o atacante decidiu pela primeira vez desarmar com vontade um rival no jogo. Conseguiu recuperar uma bola na entrada da área, rapidamente a passou para Rivaldo e correu para receber na frente o complemento da tabela.
Mas Rivaldo chutou a gol, o que inicialmente não deve ter agradado a Ronaldo, que entrava praticamente livre na área. Kahn fez a defesa, só que soltou a bola quase nos pés do goleador, que marcou.
O gol de Ronaldo, aos 23min, foi um passo enorme para o título, um passo gigantesco para a artilharia do torneio e um passo astronômico em direção à consagração maior do mais popular jogador dos últimos anos.
Klose foi substituído, e a artilharia da Copa estava selada. Ronaldo tinha quebrado a barreira dos seis gols que acompanhava os artilheiros de Mundial desde 1978.
Mas o melhor estava por vir. Se o primeiro gol foi fácil, o segundo foi plástico. Cruzamento rasteiro e certeiro de Kleberson, deixada malandra de Rivaldo, e conclusão perfeita de Ronaldo, deixando Kahn sem chances, aos 34min.
Oito gols em sete jogos. Com 12 gols na história das Copas, empatava com Pelé. E se aproximava do ""Rei" em número de títulos -aos 25 anos, já é bi mundial.
Para ser ainda mais ovacionado pelos torcedores, Ronaldo foi substituído no final da partida. Fora de campo, seguiu vibrando. Nos acréscimos, não segurou o choro e teve que ser confortado pelo amigo Rodrigo Paiva, assessor de imprensa da CBF.
O jogo acabou com o Brasil e com Ronaldo no topo mais alto de suas trajetórias no futebol. Nada de amarelar. Muito pelo contrário. Ele decidiu como nunca. (FÁBIO VICTOR, FERNANDO MELLO, JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO, JOSÉ ALBERTO BOMBIG, PAULO COBOS, ROBERTO DIAS, RODRIGO BUENO E SÉRGIO RANGEL)


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