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Técnico ora, berra, se emociona, agradece e diz que a conquista vai "fazer o Brasil crescer"
Maravilhado, Scolari hesita entre Europa e permanência
DOS ENVIADOS A YOKOHAMA
Não chegou a ser uma final típica dos times do técnico Luiz Felipe Scolari, com o resultado indefinido até o último instante, o
coração do torcedor a sair pela
boca e a catimba onipresente.
Contudo foi uma decisão bem
ao estilo do "novo Scolari", o da
Copa-2002, que conseguiu a façanha de mudar a realidade da seleção brasileira em menos de um
ano e, chegando ao Mundial,
transformar a si próprio.
O time retranqueiro sumiu, os
gols vieram em cascata, e o prestígio, abalado pelo desprezo a Romário, voltou com força.
Agora campeão, e tendo terminado o contrato com a Confederação Brasileira de Futebol, terá
de dar uma resposta ao convite
da entidade para permanecer no
cargo, hipótese que, por recomendação de amigos, já havia
praticamente descartado -citam sempre Carlos Alberto Parreira, campeão do Mundial dos
EUA-94, que saiu "por cima".
Caso ouça os amigos, seu destino deve ser a Europa, onde confessou que sonha em trabalhar.
Por outro lado, gostou tanto da
experiência da seleção e está tão
feliz com o apoio dos brasileiros
que fica balançado em ficar. Sonha em disputar uma Olimpíada
e conquistar o inédito ouro.
"Queria dizer a todos os brasileiros que fiquem com a imagem
vencedora dessa seleção, com o
carinho, o amor, a amizade. Não
sou político, mas é assim que a
gente vai fazer crescer o Brasil",
afirmou após o jogo, no mesmo
tom ufanista que utilizara depois
da vitória de virada sobre a Inglaterra nas quartas-de-final.
Convidado para o cargo após a
CBF constatar, por uma pesquisa, que ele era o preferido para
suceder Leão, devolveu o reconhecimento. "Obrigado ao Brasil
porque foram eles [os torcedores"
que me colocaram aqui."
No momento mais emocionado da curta entrevista que deu à
Fifa após o jogo, Scolari, com os
olhos marejados, lembrou-se,
sem citar o nome do filho caçula,
de Fabrício. Inseguro, ele cobrava
ao pai o título e se abalava com as
críticas da torcida. "Ao meu filho,
quero dizer que o pai é penta."
Agora ele vai ficar uma semana
de folga entre Rio Grande do Sul e
Santa Catarina para decidir seu
futuro. Deve ir à Farroupilha, ao
santuário de Nossa Senhora de
Caravaggio, de quem é devoto,
agradecer a graça alcançada.
Apesar de ter transformado a
seleção em campo nos últimos
meses, ontem Scolari manteve
muitos dos seus hábitos. Comandou a oração no gramado, ficou
histérico à beira do campo, abraçou os jogadores. Quando Collina apitou o final da partida, parecia incrédulo até ser abraçado pelo preparador físico Paulo Paixão
e depois pelo sobrinho Darlan
Schneider, auxiliar de Paixão.
Vestia o inseparável agasalho,
marca de seu estilo despojado,
que contrasta com os ternos dos
seus antecessores Leão e Luxemburgo. Justamente por isso, Scolari recebeu um agasalho de Ricardo Teixeira ao assumir o cargo, em junho de 2001.
Natural de Passo Fundo (RS),
marido de Olga e pai de Leonardo, 18, e Fabrício, 15, Scolari, 53,
conseguiu, enfim, impor seu carimbo à seleção. Numa época em
que treinadores ofuscam craques, alterando o linguajar dos
amantes do futebol -que falam
do Corinthians de Parreira em
vez do Corinthians de Ricardinho-, esse time deu algum sentido à estranha mudança.
O time pentacampeão será
sempre lembrado como o Brasil
do atacante Ronaldo ou do meia-atacante Rivaldo. Mas não são
poucos os que no futuro recordarão a equipe como o Brasil de Felipão.
(FÁBIO VICTOR, FERNANDO MELLO, JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO, JOSÉ
ALBERTO BOMBIG, PAULO COBOS, RODRIGO BUENO E SÉRGIO RANGEL)
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