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São Paulo, terça-feira, 01 de julho de 2003

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Morumbi pode coroar de vez o "Mister Libertadores"

Enrique Marcarian/Reuters
Carlos Bianchi, técnico do Boca, conquistou 2 de seus 3 títulos do mais nobre interclubes da América no estádio onde amanhã enfrenta o Santos e pode perder por até 1 gol



Carlos Bianchi, técnico do Boca, conquistou 2 de seus 3 títulos do mais nobre interclubes da América no estádio onde amanhã enfrenta o Santos e pode perder por até 1 gol


RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ele já é o técnico que mais venceu a Libertadores. Mas não é o único. Se vencer com o Boca Juniors neste ano, porém, será.
Carlos Bianchi é chamado de "Virrey", de "Pelado", mas o apelido que mais deve preocupar o Santos é o "Mister Libertadores".
Os são-paulinos, em 1994, e os palmeirenses, em 2000, já conhecem a estrela do técnico argentino, que tenta seu quarto título do mais nobre interclubes da América -duas das taças que conseguiu foram ganhas no Morumbi.
Não fosse uma breve saída do Boca Juniors, Bianchi poderia estar lutando por um genuíno tetracampeonato -conquistou o título em 2000, repetiu a dose em 2001 e deixou o mais popular clube de seu país na temporada passada, quando Olimpia e São Caetano fizeram final inesperada.
Telê Santana e Luiz Felipe Scolari, os técnicos brasileiros que mais sucesso fizeram na Libertadores após essa ter adotado o formato com quatro fases de mata-mata -1988-, já foram dobrados por Bianchi em decisões históricas.
Quando garoto, ele vendia jornais aos gritos em Buenos Aires. Para o orgulho do pai, demorou pouco tempo para "Carlitos" virar manchete, sempre de futebol.
Hoje com 54 anos, Bianchi é um dos mais consagrados treinadores do continente na história, mesmo não tendo ainda tido grande destaque no futebol europeu -foi demitido pela Roma, na Itália, e dirigiu times medianos, como Nice e Stade Reims, na França.
Além das três Libertadores, ele tem no currículo dois Mundiais interclubes (contra Milan e Real Madrid) e seis Argentinos (três Aperturas e três Clausuras).
Bianchi tirou o Boca Juniors de um jejum de mais de 20 anos sem títulos da Libertadores. Mas, mais que isso, colocou o Vélez Sarsfield no mapa do futebol mundial.
Mesmo com um time sem grandes estrelas -o goleiro paraguaio Chilavert era a grande figura-, o treinador conseguiu levar um clube médio de seu país ao topo da bola. Ganhou nos pênaltis do São Paulo de Telê Santana no Morumbi a Libertadores. Depois, superou por 2 a 0 o poderoso Milan de Fabio Capello em Tóquio.
Quando todos pensavam que triunfaria no futebol europeu, não deslanchou como outros conterrâneos. Na França, país que não tem uma das melhores ligas do continente, é ainda chamado de Monsieur Bianchi mais pela sua passagem como jogador -viveu na França alguns anos, fala francês e tem uma filha vivendo lá.
Na Itália, chegou a ter um contrato de dois anos com a Roma. Mas os europeus não tiveram a paciência que mostram com quase todos os técnicos. Sua volta à Argentina ao menos serviu para transformá-lo no maior técnico da história do Boca Juniors.
Se ganhou um bicampeonato com um time mais requintado, que tinha o astro Riquelme, por exemplo, no meio-campo, agora avança com uma equipe que chegou a ser desacreditada até por parte da fanática torcida do clube.
Na equipe da Bombonera, ele jamais foi batido em um mata-mata da Libertadores. Sofreu uma derrota histórica em casa diante do Paysandu na edição deste ano, mas coleciona uma série de triunfos como visitante -venceu os três jogos fora de casa no mata-mata: Paysandu (4 a 2), Cobreloa (2 a 1) e América de Cali (4 a 0).
Nas outras duas vezes que Bianchi conquistou a Libertadores no Morumbi, ele teve missões mais difíceis do que a terá amanhã contra o Santos -pode perder até por um gol de diferença depois dos 2 a 0 em Buenos Aires.
"Estamos tranquilos, esperando como temos esperado todas as partidas que jogamos como visitantes", disse o técnico pouco antes de embarcar para o Brasil, lugar que cogita trabalhar um dia -está curioso para ver como é dirigir jogadores brasileiros.
Sobre o time que escalará amanhã, ele não faz mistério. "São muitas as possibilidades de que Villarreal jogue no lugar de Guillermo [Schelotto]. Na terça-feira [hoje] à tarde darei a formação."
O Boca Juniors, que chegou ontem a São Paulo, pode ser pentacampeão, o que o deixaria dois títulos atrás do Independiente (e Bianchi à frente de todos).


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