São Paulo, sábado, 01 de julho de 2006

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Quem jogou bonito já está em casa, diz treinador

DO ENVIADO A MARIENFELD

Luiz Felipe Scolari jura que não está pensando no Brasil, seu eventual adversário se Portugal ganhar da Inglaterra e se o Brasil passar pela França.
"Não penso no Brasil. Penso na Inglaterra, até porque o Brasil tem que pensar na França. Os atletas também não pensam. Não existe muito papo sobre o adversário seguinte."
Pode até ser, mas o fato é que Scolari entrou indiretamente na polêmica que consome conversas intermináveis entre brasileiros e chegou até a seu substituto na seleção, Carlos Alberto Parreira: jogo bonito x vitórias. "Sou um treinador que gosta de resultados. Não sou mentiroso para dizer que quero jogar lindamente", respondeu a um jornalista inglês, que, na pergunta, já atacava o futebol de seu próprio país, que classificou de "boring" (entediante, aliás com razão).
"Quem jogou lindo já está em casa", emendou, sem especificar a quem se referia.
Voltou ao assunto mais tarde, para deixar claro que, "se puder ter resultado e jogar bonito, tudo bem. Mas, se não tiver resultado, estou desempregado todo mês", brincou.
Scolari disse, sem falsa modéstia, que se considera "um bom treinador, com títulos importantes", mas preferiu mencionar como maior qualidade o fato de ser amigo das pessoas com as quais trabalha. "Em 99% dos lugares pelos quais passei, gostam de mim", disse imodestamente, citando países como Kuait (ficou três anos), Arábia Saudita (um ano), Japão (um ano), Brasil naturalmente, e quase esquecendo Portugal, que entrou no fim da lista.
É esse estilo "amigos unidos" -ou "família Scolari"- que o treinador vende como arma principal de Portugal, com o aval dos jogadores. "Acredito neles, dou-lhes confiança", diz.
Acrescenta: "Envolvimento é o que faz chegar a outros patamares". E força o assessor de imprensa, Afonso Melo, que traduz suas respostas para os ingleses, a fazer gestos de empolgação, gestos que ele não economiza durante os jogos e se transformaram em atração para a TV alemã.
Scolari sabe disso e aproveita para mandar um recado: "Estou livre a partir do dia 31 de julho, quando termina meu contrato com a Federação Portuguesa de Futebol". (CR)


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