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Quem jogou bonito já está em casa, diz treinador
DO ENVIADO A MARIENFELD
Luiz Felipe Scolari jura que
não está pensando no Brasil,
seu eventual adversário se Portugal ganhar da Inglaterra e se
o Brasil passar pela França.
"Não penso no Brasil. Penso
na Inglaterra, até porque o Brasil tem que pensar na França.
Os atletas também não pensam. Não existe muito papo sobre o adversário seguinte."
Pode até ser, mas o fato é que
Scolari entrou indiretamente
na polêmica que consome conversas intermináveis entre brasileiros e chegou até a seu substituto na seleção, Carlos Alberto Parreira: jogo bonito x vitórias. "Sou um treinador que
gosta de resultados. Não sou
mentiroso para dizer que quero
jogar lindamente", respondeu a
um jornalista inglês, que, na
pergunta, já atacava o futebol
de seu próprio país, que classificou de "boring" (entediante,
aliás com razão).
"Quem jogou lindo já está em
casa", emendou, sem especificar a quem se referia.
Voltou ao assunto mais tarde, para deixar claro que, "se
puder ter resultado e jogar bonito, tudo bem. Mas, se não tiver resultado, estou desempregado todo mês", brincou.
Scolari disse, sem falsa modéstia, que se considera "um
bom treinador, com títulos importantes", mas preferiu mencionar como maior qualidade o
fato de ser amigo das pessoas
com as quais trabalha. "Em
99% dos lugares pelos quais
passei, gostam de mim", disse
imodestamente, citando países
como Kuait (ficou três anos),
Arábia Saudita (um ano), Japão
(um ano), Brasil naturalmente,
e quase esquecendo Portugal,
que entrou no fim da lista.
É esse estilo "amigos unidos"
-ou "família Scolari"- que o
treinador vende como arma
principal de Portugal, com o
aval dos jogadores. "Acredito
neles, dou-lhes confiança", diz.
Acrescenta: "Envolvimento é
o que faz chegar a outros patamares". E força o assessor de
imprensa, Afonso Melo, que
traduz suas respostas para os
ingleses, a fazer gestos de empolgação, gestos que ele não
economiza durante os jogos e
se transformaram em atração
para a TV alemã.
Scolari sabe disso e aproveita
para mandar um recado: "Estou livre a partir do dia 31 de julho, quando termina meu contrato com a Federação Portuguesa de Futebol".
(CR)
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