São Paulo, sábado, 01 de julho de 2006

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Pekerman se despede de "niños"

Treinador, que bancou uma grande renovação na seleção argentina, deixa o cargo logo após derrota

Técnico, ganhador de três mundiais sub-20, afirma que o trabalho foi bem feito e lamenta a eliminação já nas quartas da competição


DO ENVIADO A BERLIM

José Pekerman nem esperou as especulações começarem. Vinte minutos após as defesas de Jens Lehmann sentenciarem a eliminação argentina, o técnico anunciou que seu ciclo na seleção tinha acabado.
"Eu acreditei muito nessa equipe e sei que os jogadores se esforçaram ao máximo", disse.
Nem o discurso de dever cumprido nem a demissão imediata livraram o técnico de um fantasma que o acompanhou durante o Mundial.
Fiel aos atletas que trabalharam sob sua batuta nas seleções de base -soma três títulos mundiais sub-20, obtidos com figuras como Riquelme, Tevez e Mascherano-, Pekerman não endossou o clamor popular para escalar Lionel Messi, 19.
O atacante do Barcelona, eleito até por Maradona como seu sucessor, não foi colocado em campo ontem. Pekerman optou por iniciar a partida com Tevez no lugar de Saviola. Na etapa final, sacou Crespo do ataque. Só que, em vez de atender à torcida e lançar o prodígio, elegeu Julio Cruz, da Inter de Milão, como substituto.
"Agora não adianta falar nem ficarmos especulando se o Messi faria isso ou aquilo. Jogamos bem, de igual para igual, mostramos que também éramos favoritos. Só lamento por não conseguirmos seguir adiante", disse o técnico.
Essa oratória de defesa da dignidade brotou também da boca de Tevez. O corintiano, um dos que mais se movimentaram no ataque argentino, lembrou a garra dos campeões de 1978 e 1986. "Sabemos que honramos a tradição do nosso país. É o nosso alento."
Muitos fizeram uma análise mais trágica da tarde de ontem. Não por acaso, o zagueiro Ayala era um dos mais frustrados.
Ele anotou o gol na etapa final e estava muito bem na marcação. Só que acabou eleito por Pekerman para bater um pênalti. Errou sua cobrança.
"Foi um dia negro para a Argentina. Vai demorar muito tempo para a ferida aberta hoje cicatrizar", declarou.
O atleta deixou o gramado chorando, após participar de uma confusão que quase redundou em briga generalizada.
Ao comemorar a conversão de sua cobrança de pênalti, o alemão Borowski gesticulou para os argentinos ficarem quietos. Quando o jogo se definiu, Coloccini, da Argentina, e o atacante Neuville começaram a discutir. Em seguida, Cufré deu um chute em Mertesacker.
O juiz eslovaco Lubos Michel expulsou o agressor -o jogo já havia sido encerrado-, e a Argentina deixou o torneio como recordista de cartões vermelhos em Mundiais. Agora, soma dez ao longo da história, um a mais do que a brasileira.
"Não gostamos da forma com que eles celebravam e pulavam", justificou Crespo. "Não quero dar desculpas, mas o ambiente estava tenso", completou ele.0 (GUILHERME ROSEGUINI)


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