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Pekerman se despede de "niños"
Treinador, que bancou uma grande renovação na seleção argentina, deixa o cargo logo após derrota
Técnico, ganhador de três mundiais sub-20, afirma
que o trabalho foi bem feito
e lamenta a eliminação já nas quartas da competição
DO ENVIADO A BERLIM
José Pekerman nem esperou
as especulações começarem.
Vinte minutos após as defesas
de Jens Lehmann sentenciarem a eliminação argentina, o
técnico anunciou que seu ciclo
na seleção tinha acabado.
"Eu acreditei muito nessa
equipe e sei que os jogadores se
esforçaram ao máximo", disse.
Nem o discurso de dever
cumprido nem a demissão imediata livraram o técnico de um
fantasma que o acompanhou
durante o Mundial.
Fiel aos atletas que trabalharam sob sua batuta nas seleções
de base -soma três títulos
mundiais sub-20, obtidos com
figuras como Riquelme, Tevez
e Mascherano-, Pekerman
não endossou o clamor popular
para escalar Lionel Messi, 19.
O atacante do Barcelona,
eleito até por Maradona como
seu sucessor, não foi colocado
em campo ontem. Pekerman
optou por iniciar a partida com
Tevez no lugar de Saviola. Na
etapa final, sacou Crespo do
ataque. Só que, em vez de atender à torcida e lançar o prodígio, elegeu Julio Cruz, da Inter
de Milão, como substituto.
"Agora não adianta falar nem
ficarmos especulando se o
Messi faria isso ou aquilo. Jogamos bem, de igual para igual,
mostramos que também éramos favoritos. Só lamento por
não conseguirmos seguir
adiante", disse o técnico.
Essa oratória de defesa da
dignidade brotou também da
boca de Tevez. O corintiano,
um dos que mais se movimentaram no ataque argentino,
lembrou a garra dos campeões
de 1978 e 1986. "Sabemos que
honramos a tradição do nosso
país. É o nosso alento."
Muitos fizeram uma análise
mais trágica da tarde de ontem.
Não por acaso, o zagueiro Ayala
era um dos mais frustrados.
Ele anotou o gol na etapa final e estava muito bem na marcação. Só que acabou eleito por
Pekerman para bater um pênalti. Errou sua cobrança.
"Foi um dia negro para a Argentina. Vai demorar muito
tempo para a ferida aberta hoje
cicatrizar", declarou.
O atleta deixou o gramado
chorando, após participar de
uma confusão que quase redundou em briga generalizada.
Ao comemorar a conversão
de sua cobrança de pênalti, o
alemão Borowski gesticulou
para os argentinos ficarem
quietos. Quando o jogo se definiu, Coloccini, da Argentina, e o
atacante Neuville começaram a
discutir. Em seguida, Cufré deu
um chute em Mertesacker.
O juiz eslovaco Lubos Michel
expulsou o agressor -o jogo já
havia sido encerrado-, e a Argentina deixou o torneio como
recordista de cartões vermelhos em Mundiais. Agora, soma
dez ao longo da história, um a
mais do que a brasileira.
"Não gostamos da forma com
que eles celebravam e pulavam", justificou Crespo. "Não
quero dar desculpas, mas o ambiente estava tenso", completou ele.0
(GUILHERME ROSEGUINI)
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