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Ataque funciona e italianos avançam
Azzurra derrota Ucrânia por 3 a 0, tem maior vitória em mata-matas em 36 anos e enfrenta a Alemanha nas semifinais
Eliminada nos dois últimos Mundiais pelos anfitriões, Itália enfrentará um rival para quem jamais perdeu em competições oficiais
UIRÁ MACHADO
ENVIADO ESPECIAL A HAMBURGO
Mesmo sem mostrar um
grande futebol, a Itália chegou
à semifinal da Copa da Alemanha com uma vitória cheio de
significados históricos.
Sua defesa atuou como manda a tradição da Azzurra, mas,
os 3 a 0 de ontem sobre a Ucrânia, em Hamburgo, exibiram
uma eficiência no ataque que é
pouco comum para as seleções
da Itália em Copas do Mundo.
O triunfo marcou a maior diferença de gols da Azzurra em
mata-matas desde 1970, quando goleou o México por 4 a 1.
A última vitória dos italianos
por três gols de diferença no
torneio fora na França-98, contra Camarões, na primeira fase.
Além disso, a Azzurra não fazia três gols em um mata-mata
desde a final de 82, quando derrotou a Alemanha por 3 a 1.
O resultado também foi atípico para a própria história recente da Copa: na fase moderna
das quartas-de-final (desde
1986), somente a seleção da
Croácia havia imposto tal placar nesse estágio. Venceu a Alemanha em 1998.
Após a vitória, a Itália enfrentará a Alemanha na semifinal, adversário contra o qual
tem bom retrospecto: ganhou
uma decisão (1982) e uma semifinal (1970) de Mundiais e
nunca foi derrotado em jogos
oficiais. Contudo, nas últimas
duas Copas, a Itália foi eliminada justamente pelos anfitriões
(França e Coréia do Sul).
A "elástica" vitória reforça a
confiança dos supersticiosos
em uma repetição do desfecho
do último título italiano, em 82,
quando a Itália também chegou
à Copa em meio a um escândalo
de corrupção e sob críticas.
Apesar dos feitos, a Itália não
teve ontem uma atuação que
justificasse o resultado. O primeiro gol veio logo no início do
jogo. Zambrotta tabelou com
Totti e avançou pela intermediária até chutar no canto.
O segundo e o terceiro gol,
ambos de Luca Toni, porém, só
vieram no segundo tempo, e
justamente quando a Itália era
pressionada -Zambrotta tinha
afastado uma bola linha em cima da linha, e Gusin havia acertado cabeceio no travessão.
A resposta da Itália veio duas
vezes com Luca Toni. Primeiro,
ele se abaixou para cabecear
cruzamento de Totti. Depois,
completou cruzamento rasteiro de Zambrotta, que fez boa jogada pela esquerda.
Apesar das boas chances de
sua equipe, o técnico ucraniano
Oleg Blokhin não quis achar
uma desculpa. "Não houve nada como boa ou má sorte aqui.
A Itália tem um grande time e
não perdoa erros", disse.
A mídia italiana parece concordar. Parou de atacar a Azzurra, elogiou o resultado de
ontem e destacou a eficiência
defensiva da equipe. O time só
levou um gol (contra) na Copa .
A preocupação com a defesa
foi evidente diante da Ucrânia.
Armada no 4-4-1-1, a Itália
usou só um atacante: Luca Toni. O meia-armador Totti tinha
a tarefa de auxiliar o ataque.
E, ontem, um jogador defensivo foi decisivo. O lateral Zambrotta, além de salvar um gol e
marcar o primeiro da Itália, deu
o passe para o terceiro. Sobre
ter conseguido ajudar na marcação de Shevchenko e ainda
ter participado no ataque, foi
modesto: "Não foi fácil. Mas,
em jogos decisivos, precisamos
fazer o melhor".
O astro ucraniano deixou a
Copa sem uma grande atuação.
Mas não saiu triste. Disse estar
satisfeito com a seleção de seu
país: "Todo o time jogou bem.
Mostramos que temos condições de estar entre os grandes".
Shevchenko atuou por sete
anos no Campeonato Italiano.
Foi questionado sobre a sensação de jogar contra o país que "o
adotou": "Foi especial por ser
quartas-de-final e ser contra a
Itália, mas joguei tranqüilo".
Quando o jogo terminou,
"Sheva" cumprimentou a torcida da Ucrânia. Depois, cruzou o
campo, parou em frente à torcida da Itália e acenou. Era, ao
mesmo tempo, um "muito
obrigado" e um adeus. O craque
trocou o Milan pelo Chelsea.
Os italianos retribuíram o
gesto. Aplaudiram "Sheva" e,
balançando bandeiras da Itália,
gritaram seu nome.
Colaborou MARIO HUGO MONKEN,
da Reportagem Local
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