São Paulo, sábado, 01 de julho de 2006

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Ataque funciona e italianos avançam

Azzurra derrota Ucrânia por 3 a 0, tem maior vitória em mata-matas em 36 anos e enfrenta a Alemanha nas semifinais

Eliminada nos dois últimos Mundiais pelos anfitriões, Itália enfrentará um rival para quem jamais perdeu em competições oficiais


UIRÁ MACHADO
ENVIADO ESPECIAL A HAMBURGO

Mesmo sem mostrar um grande futebol, a Itália chegou à semifinal da Copa da Alemanha com uma vitória cheio de significados históricos.
Sua defesa atuou como manda a tradição da Azzurra, mas, os 3 a 0 de ontem sobre a Ucrânia, em Hamburgo, exibiram uma eficiência no ataque que é pouco comum para as seleções da Itália em Copas do Mundo.
O triunfo marcou a maior diferença de gols da Azzurra em mata-matas desde 1970, quando goleou o México por 4 a 1.
A última vitória dos italianos por três gols de diferença no torneio fora na França-98, contra Camarões, na primeira fase. Além disso, a Azzurra não fazia três gols em um mata-mata desde a final de 82, quando derrotou a Alemanha por 3 a 1.
O resultado também foi atípico para a própria história recente da Copa: na fase moderna das quartas-de-final (desde 1986), somente a seleção da Croácia havia imposto tal placar nesse estágio. Venceu a Alemanha em 1998.
Após a vitória, a Itália enfrentará a Alemanha na semifinal, adversário contra o qual tem bom retrospecto: ganhou uma decisão (1982) e uma semifinal (1970) de Mundiais e nunca foi derrotado em jogos oficiais. Contudo, nas últimas duas Copas, a Itália foi eliminada justamente pelos anfitriões (França e Coréia do Sul).
A "elástica" vitória reforça a confiança dos supersticiosos em uma repetição do desfecho do último título italiano, em 82, quando a Itália também chegou à Copa em meio a um escândalo de corrupção e sob críticas.
Apesar dos feitos, a Itália não teve ontem uma atuação que justificasse o resultado. O primeiro gol veio logo no início do jogo. Zambrotta tabelou com Totti e avançou pela intermediária até chutar no canto.
O segundo e o terceiro gol, ambos de Luca Toni, porém, só vieram no segundo tempo, e justamente quando a Itália era pressionada -Zambrotta tinha afastado uma bola linha em cima da linha, e Gusin havia acertado cabeceio no travessão.
A resposta da Itália veio duas vezes com Luca Toni. Primeiro, ele se abaixou para cabecear cruzamento de Totti. Depois, completou cruzamento rasteiro de Zambrotta, que fez boa jogada pela esquerda.
Apesar das boas chances de sua equipe, o técnico ucraniano Oleg Blokhin não quis achar uma desculpa. "Não houve nada como boa ou má sorte aqui. A Itália tem um grande time e não perdoa erros", disse.
A mídia italiana parece concordar. Parou de atacar a Azzurra, elogiou o resultado de ontem e destacou a eficiência defensiva da equipe. O time só levou um gol (contra) na Copa .
A preocupação com a defesa foi evidente diante da Ucrânia. Armada no 4-4-1-1, a Itália usou só um atacante: Luca Toni. O meia-armador Totti tinha a tarefa de auxiliar o ataque.
E, ontem, um jogador defensivo foi decisivo. O lateral Zambrotta, além de salvar um gol e marcar o primeiro da Itália, deu o passe para o terceiro. Sobre ter conseguido ajudar na marcação de Shevchenko e ainda ter participado no ataque, foi modesto: "Não foi fácil. Mas, em jogos decisivos, precisamos fazer o melhor".
O astro ucraniano deixou a Copa sem uma grande atuação. Mas não saiu triste. Disse estar satisfeito com a seleção de seu país: "Todo o time jogou bem.
Mostramos que temos condições de estar entre os grandes". Shevchenko atuou por sete anos no Campeonato Italiano.
Foi questionado sobre a sensação de jogar contra o país que "o adotou": "Foi especial por ser quartas-de-final e ser contra a Itália, mas joguei tranqüilo".
Quando o jogo terminou, "Sheva" cumprimentou a torcida da Ucrânia. Depois, cruzou o campo, parou em frente à torcida da Itália e acenou. Era, ao mesmo tempo, um "muito obrigado" e um adeus. O craque trocou o Milan pelo Chelsea.
Os italianos retribuíram o gesto. Aplaudiram "Sheva" e, balançando bandeiras da Itália, gritaram seu nome.


Colaborou MARIO HUGO MONKEN, da Reportagem Local

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