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Alta do dólar deixa clubes de portas abertas
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise cambial no Brasil deixou
as portas dos clubes nacionais
ainda mais escancaradas aos times estrangeiros.
Com o dólar a R$ 3,47, quem
quiser comprar um jogador brasileiro terá mais facilidade. Como
diz o consultor Luiz Fernando
Ferreira, diretor da ESM, agência
de marketing que cuida da imagem de atletas como Alex e Ricardinho, ""será muito difícil segurar
os jogadores no Brasil".
""Os clubes brasileiros ficam fragilizados. Quem aparece com
uma proposta em dólar leva uma
grande vantagem sobre quem só
pode pagar em real", declarou.
""Qualquer jogador que se destaque pode receber proposta do exterior e para segurá-lo não vai ser
fácil. É só ver o caso do Gilberto
Silva [que foi para o Arsenal, da
Inglaterra" e do Kléberson [do
Atlético-PR". Já, já ele vai estar jogando por um clube estrangeiro."
O presidente do São Paulo,
Marcelo Portugal Gouvêa, concorda. ""A vontade do jogador de
sair do país vai aumentar. Ele vai
receber a oferta, fazer as contas,
multiplicar por mais de três e perceber que receberá muito mais no
exterior", declarou o dirigente.
O que alivia um pouco a situação para os times nacionais é o fato de boa parte das equipes européias também enfrentar problemas financeiros. ""Com a queda
das receitas de TV, que virou um
fenômeno mundial, não falta time
reduzindo salário de jogador",
lembrou Ferreira. Mesmo assim,
""o simples fato de os atletas [brasileiros" receberem em dólar [ou
em euro, moeda que tem se fortalecido" representa muito dada a
baixa do real", completou.
Um dos mercados que devem
se abrir para os brasileiros é o
asiático. Diferentemente do que
acontece na Europa, os clubes da
Ásia enfrentam um momento favorável, graças, principalmente, à
organização da Copa-2002 por
Coréia do Sul e Japão.
Pelo menos quatro países asiáticos estão acertando intercâmbio
com clubes sul-americanos. Com
o real cada vez mais fraco, fica
mais fácil recrutar brasileiros.
O Hyundai Tigers, por exemplo, um dos times da K-League, a
liga de futebol sul-coreana, mandará representantes ao Brasil para
observar jogadores que possam
ser contratados.
Com o futebol japonês não é diferente. Com o iene em alta diante do dólar e o real em baixa, dois
empresários japoneses foram assistir a São Caetano x Olimpia para analisar a atuação dos atletas
do time do ABC e, eventualmente, tentar contratá-los.
Mas nem tudo está perdido,
lembra Antonio Roque Citadini,
vice de futebol do Corinthians.
""Há dois anos teria sido terrível,
mas agora, principalmente depois da desvalorização de 1999, os
clubes ficaram mais precavidos.
No Corinthians, não temos nenhum salário indexado ao dólar."
No São Paulo, a situação é parecida. Segundo o presidente do
clube, nenhum jogador tem seus
vencimentos vinculados a moedas estrangeiras. A exceção era o
zagueiro Ameli, que havia combinado de ganhar US$ 30 mil mensais e queria receber de acordo
com a cotação do dia. Mas a diretoria, preocupada com a alta da
moeda, convenceu o argentino a
aceitar um valor que não dependesse da variação cambial.
No Clube dos 13, que reúne 20
dos principais times do país, apenas três teriam atletas com salários atrelados ao dólar.
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