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FUTEBOL
Crise deixa atletas como Romário, Beto e Petkovic sem time em julho
Nova ordem tira emprego até de ex-selecionáveis
DA SUCURSAL DO RIO
A crise financeira no futebol nacional está deixando uma legião
de jogadores famosos desempregados às vésperas da abertura do
Campeonato Brasileiro.
Sem novas parcerias e com a
maioria dos contratos sendo renegociados para valores menores,
os clubes estão dispensando seus
principais jogadores por não ter
como pagar salários milionários.
Petkovic, Beto e Romário, que
chegou a se oferecer a clubes de
São Paulo e só às vésperas do início do Brasileiro voltou a ser assediado, são os exemplos mais conhecidos dos ""pés-de-obra" que
passaram o mês de julho desempregados.
Depois de conviverem por mais
de um ano com os atrasos nos pagamentos, os três já abriram mão
de receber grandes salários para
voltar aos campos.
""Romário nunca vai deixar de
jogar por causa de dinheiro. Ele só
faz três exigências para jogar em
um time: ganhar títulos, fazer gols
e ser bem tratado pela torcida do
seu futuro clube", disse Luís Moraes, procurador do atacante, que
é assediado por Flamengo, Fluminense e Botafogo.
Os três clubes, em grave crise financeira, no entanto, só fizeram
propostas ao jogador depois de
pedirem ajuda de empresas privadas para o pagamento do salário
do jogador de 36 anos.
Já Beto e Petkovic, que deixaram o Flamengo no primeiro semestre, estão com o destino mais
indefinido do que Romário. Ao
deixar a Gávea, Petkovic chegou a
declarar que conseguiria um novo
clube em menos de ""um mês", o
que não ocorreu.
Os dirigentes dizem que não
têm como pagar salários altos por
causa de crise financeira no futebol. ""A realidade mudou. Agora,
temos que nos enquadrar em
uma nova situação, e todos terão
que esquecer o que aconteceu nos
últimos anos. Não podemos pagar aqueles salários. Se pensássemos assim nos anos passados,
não chegaríamos a esta situação",
disse o presidente do Flamengo,
Gilberto Cardoso Filho, que fixou
um teto salarial de R$ 100 mil
mensais no clube.
Há dois anos, o Flamengo, com
a ajuda da ISL, gigante do marketing esportivo mundial, que quebrou, gastou cerca de R$ 50 milhões no futebol. Atualmente, a
dívida do time carioca é de cerca
de R$ 200 milhões.
""Para jogar no Vasco, o atleta
tem que se enquadrar no nosso
orçamento. Caso contrário, não
vamos fazer loucuras", disse o
presidente do Vasco, Eurico Miranda, que reduziu a folha de pagamento do futebol do clube de
mais de R$ 2 milhões para cerca
de R$ 300 mil por mês.
De 1998 até o início de 2001, o
Vasco ganhou cerca de R$ 75 milhões para investir no esporte de
um banco norte-americano que
era o seu parceiro. O Vasco rescindiu o contrato com o banco
por divergências administrativas.
Além dos três destaques do futebol carioca, mais de uma dezena
de jogadores que já atuaram pela
seleção ou conquistaram o Brasileiro estão sem emprego.
O atacantes Dodô e Guilherme,
o meia Bismarck, o goleiro Vágner e o lateral Pimentel são alguns
deles.
Guilherme foi dispensado pelo
Atlético-MG por não aceitar ganhar os R$ 50 mil por mês estipulados como teto salarial pela diretoria do clube.
""Estou estudando todas as propostas com muito cuidado para
não entrar em outra roubada",
disse o meia Bismarck, ex-Vasco e
Fluminense, que decidiu voltar ao
Brasil no ano passado depois de
ser ídolo no futebol japonês durante quase uma década.
""Neste ano, fiquei quatro meses
no Fluminense e não recebi nenhum centavo deles. O futebol
brasileiro está muito difícil", disse
o meia, que poderá voltar ao Japão se não arrumar um clube no
Brasil.
(SÉRGIO RANGEL)
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