São Paulo, quinta-feira, 01 de agosto de 2002

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FUTEBOL

Crise deixa atletas como Romário, Beto e Petkovic sem time em julho

Nova ordem tira emprego até de ex-selecionáveis

DA SUCURSAL DO RIO

A crise financeira no futebol nacional está deixando uma legião de jogadores famosos desempregados às vésperas da abertura do Campeonato Brasileiro.
Sem novas parcerias e com a maioria dos contratos sendo renegociados para valores menores, os clubes estão dispensando seus principais jogadores por não ter como pagar salários milionários.
Petkovic, Beto e Romário, que chegou a se oferecer a clubes de São Paulo e só às vésperas do início do Brasileiro voltou a ser assediado, são os exemplos mais conhecidos dos ""pés-de-obra" que passaram o mês de julho desempregados.
Depois de conviverem por mais de um ano com os atrasos nos pagamentos, os três já abriram mão de receber grandes salários para voltar aos campos.
""Romário nunca vai deixar de jogar por causa de dinheiro. Ele só faz três exigências para jogar em um time: ganhar títulos, fazer gols e ser bem tratado pela torcida do seu futuro clube", disse Luís Moraes, procurador do atacante, que é assediado por Flamengo, Fluminense e Botafogo.
Os três clubes, em grave crise financeira, no entanto, só fizeram propostas ao jogador depois de pedirem ajuda de empresas privadas para o pagamento do salário do jogador de 36 anos.
Já Beto e Petkovic, que deixaram o Flamengo no primeiro semestre, estão com o destino mais indefinido do que Romário. Ao deixar a Gávea, Petkovic chegou a declarar que conseguiria um novo clube em menos de ""um mês", o que não ocorreu.
Os dirigentes dizem que não têm como pagar salários altos por causa de crise financeira no futebol. ""A realidade mudou. Agora, temos que nos enquadrar em uma nova situação, e todos terão que esquecer o que aconteceu nos últimos anos. Não podemos pagar aqueles salários. Se pensássemos assim nos anos passados, não chegaríamos a esta situação", disse o presidente do Flamengo, Gilberto Cardoso Filho, que fixou um teto salarial de R$ 100 mil mensais no clube.
Há dois anos, o Flamengo, com a ajuda da ISL, gigante do marketing esportivo mundial, que quebrou, gastou cerca de R$ 50 milhões no futebol. Atualmente, a dívida do time carioca é de cerca de R$ 200 milhões.
""Para jogar no Vasco, o atleta tem que se enquadrar no nosso orçamento. Caso contrário, não vamos fazer loucuras", disse o presidente do Vasco, Eurico Miranda, que reduziu a folha de pagamento do futebol do clube de mais de R$ 2 milhões para cerca de R$ 300 mil por mês.
De 1998 até o início de 2001, o Vasco ganhou cerca de R$ 75 milhões para investir no esporte de um banco norte-americano que era o seu parceiro. O Vasco rescindiu o contrato com o banco por divergências administrativas.
Além dos três destaques do futebol carioca, mais de uma dezena de jogadores que já atuaram pela seleção ou conquistaram o Brasileiro estão sem emprego.
O atacantes Dodô e Guilherme, o meia Bismarck, o goleiro Vágner e o lateral Pimentel são alguns deles.
Guilherme foi dispensado pelo Atlético-MG por não aceitar ganhar os R$ 50 mil por mês estipulados como teto salarial pela diretoria do clube.
""Estou estudando todas as propostas com muito cuidado para não entrar em outra roubada", disse o meia Bismarck, ex-Vasco e Fluminense, que decidiu voltar ao Brasil no ano passado depois de ser ídolo no futebol japonês durante quase uma década.
""Neste ano, fiquei quatro meses no Fluminense e não recebi nenhum centavo deles. O futebol brasileiro está muito difícil", disse o meia, que poderá voltar ao Japão se não arrumar um clube no Brasil. (SÉRGIO RANGEL)


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