UOL


São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

pan 2003

Jogos medem os efeitos da Lei Piva, que banca esportes olímpicos do país desde 2001

O 1º TESTE DA LOTERIA

EDUARDO OHATA
GUILHERME ROSEGUINI
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ENVIADOS ESPECIAIS A SANTO DOMINGO

Agora não tem desculpa. O esporte brasileiro chega ao Pan-Americano de Santo Domingo, que começa hoje e vai até o próximo dia 17, com o bolso cheio.
Graças à Lei Piva, aprovada em julho de 2001 e pela qual 2% dos recursos das loterias são destinados aos esportes olímpicos e paraolímpicos do Brasil, o Comitê Olímpico Brasileiro recebeu só no ano passado R$ 43,17 milhões.
Do total, o COB repassou R$ 19,09 milhões para as confederações -o restante foi dividido entre o próprio comitê, que ficou com R$ 11,03 milhões, a organização dos Jogos Sul-Americanos, ocorridos ano passado no Brasil e que consumiram R$ 10,57 milhões, e um fundo de reservas, com R$ 2,46 milhões.
Em 2003, o repasse para as confederações aumentou em termos proporcionais. Até o final de julho, elas receberam R$ 15,23 milhões do COB de recursos da Lei Piva, que leva o nome do ex-senador Pedro Piva (PSDB-SP) e foi criada com apoio de Agnelo Queiroz, então deputado pelo PC do B e hoje ministro do Esporte.
O Pan é a primeira grande competição multiesportiva disputada pelo Brasil após a sanção da lei.
Muito ligado a Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB, o ministro, que esteve ontem com o dirigente em Santo Domingo, disse achar que o Pan-Americano de 2003 será um bom teste para verificar os resultados do investimento dos recursos federais.
"Dois anos ainda representam um período curto, mas dá para ter uma noção. Para mim, os resultados aparecerão mesmo em 2007."
E até lá ele espera dar mais recursos ainda às modalidades olímpicas com a aprovação de uma lei de incentivo fiscal ao esporte nos próximos meses.
Na mesma linha do ministro, Nuzman tem dito que o dinheiro das loterias é que irá proporcionar a redenção do esporte brasileiro, que espera obter mais medalhas em Santo Domingo do que em Winnipeg. Em 1999, o país conquistara 101 medalhas, 25 de ouro, 32 de prata e 44 de bronze, e ficara em quarto lugar.
O cartola, que encabeçou o lobby para pôr Queiroz no ministério, chegou, em 2001, a classificar a Lei Piva como a "alforria" do esporte nacional.

Melhores condições
Beneficiados pelas loterias, dirigentes das confederações olímpicas dizem ter mais condições para manter seleções permanentes e fazer intercâmbio com outros países. O judô, por exemplo, diz que, graças à Lei Piva, pôde realizar treinos ou confrontos com lutadores da Argentina, Chile, Venezuela, México, EUA, Canadá, Bélgica, Holanda e Portugal.
"Pela nossa projeção, vamos conseguir medalhas para nossos 14 atletas e ter mais ouros do que em 1999 [quando o judô ganhou dez medalhas]", disse Paulo Wanderley, presidente da Confederação Brasileira de Judô.
Já Vicélia Florenzano, que dirige a Confederação Brasileira de Ginástica, vai ainda mais longe. Prevê que o esporte conquistará 12 medalhas no feminino, além de quatro pódios no masculino.
"Nossa situação mudou radicalmente. Hoje temos quatro técnicos, um fisioterpeuta fixo, equipe de primeiro mundo, psicóloga, nutricionista, médico, hospital à disposição, residência, transporte, faculdade e ensino médio", afirmou Vicélia.
Mas se os recursos são muito para a realidade brasileira, quando comparados com outros países que participam do Pan, o fato é que ainda são ínfimos. Especificamente perto de norte-americanos, cubanos e canadenses, os três primeiros nos últimos Jogos.
Segundo o Usoc, o comitê olímpico americano, os EUA gastaram cerca de US$ 700 milhões com o esporte olímpico -sem contar a organização dos Jogos de Salt Lake City- apenas em 2002.
O Canadá, por sua vez, contaria com recursos superiores a US$ 200 milhões por ano, enquanto os cubanos, apesar da crise do país, teriam gasto pelo menos duas vezes mais que o Brasil.
Em compensação, de acordo com seus comitês olímpicos nacionais, argentinos e mexicanos, que têm a intenção de lutar com os brasileiros pelo quarto lugar, teriam investido menos que o COB para se preparar para o Pan.


Colaborou Adalberto Leister Filho, da Reportagem Local


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: O personagem: Executivo diz que marketing do COB faz chorar
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.