São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2008

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Sete atletas russas são suspensas por doping

Federação de atletismo afasta dos Jogos cinco candidatas do país a medalhas

Investigação identifica DNAs diferentes em exames antidoping e causa revolta em meio-fundista punida e no comitê olímpico russo


ADALBERTO LEISTER FILHO
EDUARDO OHATA
ENVIADOS ESPECIAIS A PEQUIM

A uma semana do começo da Olimpíada e diante da perspectiva de recorde de flagrados, o atletismo da Rússia foi sacudido por um escândalo. Sete das principais atletas do país, uma das potências da modalidade, foram suspensas preventivamente e estão fora dos Jogos Olímpicos de Pequim.
Ontem, a Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo) divulgou a punição às meio-fundistas Svetlana Cherkasova, Yulia Fomenko, Yelena Soboleva, Tatyana Tomashova e Olga Yegorova, além das arremessadoras Darya Pishchlnikova (disco) e Gulfiya Khanafeyeva (martelo).
Pelo nível das atingidas, o caso tem o mesmo patamar do escândalo do laboratório Balco, em 2003, que resultou na punição de vários atletas de elite norte-americanos após investigação comprovar que houve o recurso ao uso de doping.
A Iaaf já conduzia as investigações na Rússia havia mais de um ano. As suspeitas tiveram início após desempenho extraordinário das russas no Campeonato Europeu de Gotemburgo, em 2006.
Na ocasião, o país liderou o quadro de medalhas com 12 ouros, 11 deles conquistados pelas mulheres. Das punidas ontem, três -Pishchalnikova, Tomashova (ouro) e Khanafeyeva (prata)- subiram ao pódio.
Diretamente atingido com o fracasso de suas meio-fundistas, José Maria Odriozola, presidente da federação espanhola e membro da cúpula da Iaaf, pediu uma investigação.
Ontem, os resultados dos trabalhos finalmente apareceram. A Iaaf promoveu uma investigação de amostras colhidas e comprovou que os DNAs não batiam, indicando irregularidade no processo de coleta.
Para enganar testes, atletas podem levar urina de terceiros escondidos dentro de suas vaginas -preservativos seriam usados para levar o líquido.
A atitude viola dois itens do Código Mundial Antidoping: uso de método proibido e tentativa de fraudar o controle.
As punidas retiram da Rússia, terceira colocada no quadro de medalhas em Atenas-2004 (atrás de EUA e China), o protagonismo em algumas provas da Olimpíada da China.
Soboleva foi vice-campeã mundial outdoor em 2007 e campeã mundial indoor neste ano nos 1.500 m. Suspensa, deve perder os títulos. Na mesma prova, Tomashova ganhou a prata em Atenas-04 e é bicampeã mundial (2003 e 2005).
Yegorova, que atualmente corre os 1.500 m, conseguiu seu principal triunfo nos 5.000 m, em 2001, quando conquistou o título mundial em Edmonton.
Khanafeyeva é ex-recordista mundial do lançamento do martelo. Pishchalnikova, por sua vez, ficou em segundo lugar no lançamento do disco no Mundial de Osaka-07.
Uma das corredoras russas e alguns dos dirigentes do esporte no país insinuaram que houve implicações políticas na suspensão por doping. "É uma ação premeditada. O momento foi cuidadosamente escolhido. Nós praticamente não podemos fazer nada, uma apelação", disse Soboleva. "Por que a divulgação tão perto dos Jogos? Não poderiam ter discutido conosco esse assunto antes?", disse o responsável pelo antidoping no Comitê Olímpico Russo, Nikolay Durmanov.


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