São Paulo, domingo, 01 de agosto de 2010

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Vettel, 23, pole pela 7ª vez no ano, diz estar preparado para ser campeão da F-1 e ser difícil entender ordem da Ferrari a Felipe Massa

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A BUDAPESTE

"Tudo certinho", dispara o alemão Sebastian Vettel, em português mesmo, ao receber a Folha no motorhome da equipe Red Bull, na Hungria, na última quinta-feira.
Para o alemão, 23 anos recém-completados, que ontem cravou sua quarta pole seguida, a sétima no ano, sim, tudo está certinho.
Em sua terceira temporada na F-1, já é visto como o próximo grande campeão. Não por acaso, já que desde muito cedo é moldado para isso. Mas do adolescente rebelde não sobrou quase nada, a não ser o bom humor.
Maduro, fluente em vários idiomas -de português só sabe a expressão "tudo certinho" e alguns palavrões-, carismático, veloz e em uma equipe de ponta, Vettel só fica sério quando é questionado se está preparado para assumir a responsabilidade de, tão jovem, transformar-se no próximo grande nome da F-1.
"Sim", responde, sem hesitar. Depois de alguns segundos, olhos azuis arregalados, repete. "Sim, estou pronto." Mas não se aguenta.
E termina a entrevista com uma sonora gargalhada.

 

Folha - Quem é Sebastian Vettel?
SEBASTIAN VETTEL -
Eu [risos]. Acho que ninguém gosta de falar de si mesmo. Eu sou quem eu sou, tenho 23 anos, sou alemão e piloto da Red Bull na F-1.

Você estabelece metas, como tornar-se o mais jovem campeão da F-1?
Sim, eu tenho meus objetivos. Estou pronto para fazer tudo que puder para atingi- -los. Não especifiquei uma idade, mas quero ser campeão do mundo e vencer corridas. Se isso acontecer antes dos 24 anos, ótimo, senão quero ter certeza de que isso aconteça em algum momento. Esse é o objetivo.

Por que não tem empresário?
Não preciso de alguém segurando minha mão. Acho que tudo depende de onde você veio, de como cresceu. Se olhar minha história, posso dizer que tive sorte de ter as pessoas certas me ajudando. Empresário não é só alguém que fica com uma porcentagem do seu salário, para mim ele tem de cuidar de você, falar nas horas boas e ruins. Por várias razões nunca encontrei essa pessoa. Mas nunca precisei correr atrás de dinheiro para chegar onde cheguei. Tive sorte de encontrar gente como a BMW e a Red Bull, que me ajudaram e me educaram.

Você teve grandes ídolos quando era criança?
Não tão grandes. O Michael [Schumacher] era meu ídolo, mas ele não é muito grande, tem só 1,75 m [risos].

Você se identifica com o estilo de algum campeão do passado?
Talvez você acabe indo mais para um lado mais sério, como o Michael, ou mais divertido, como o James Hunt. Eu tenho um objetivo claro e estou pronto para batalhar por isso. Não sou o tipo de cara que vai para baladas. Acredito em trabalho duro, e no fim, quem vencer a corrida ou o campeonato merece ganhar. Tá, talvez seja um mau momento para dizer isso após o que ocorreu no último domingo. Como esportista creio num esporte justo e quero derrotar os outros.

Se estivesse na situação do Felipe Massa, cederia sua posição?
Não quero falar muito sobre isso, mas acho que o que aconteceu não é incomum, mas... [pausa] depende do ponto de vista. Se olhar pelo ponto de vista da equipe [longa pausa], se fizer isso a duas ou três corridas para o fim do campeonato, tudo bem. É ordem, mas acho que todos vão entender. Mas tão cedo na temporada é difícil entender.


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