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FUTEBOL
Entidade se curva à União Européia e enterra as rescisões contratuais
Fifa propõe mudanças nas
transferências de atletas
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
""É o fim das exorbitantes indenizações nas transferências."
A frase foi dita ontem pelo presidente da Fifa, o suíço Joseph
Blatter, após reunião da cúpula da
máxima entidade do futebol
mundial com dirigentes da Uefa,
a entidade que controla o futebol
europeu, clubes e representantes
de jogadores da Europa.
A Fifa anunciou que várias modificações serão feitas no sistema
de transferências de jogadores.
Blatter disse que as mudanças
são um ""sim" à União Européia,
que vinha pressionando as máximas entidades do futebol, a Fifa e
a Uefa, para que vejam os atletas
como ""trabalhadores comuns".
Houve um ""consenso" entre todos na reunião de ontem, segundo o presidente da Fifa. Há algumas semanas, Blatter havia criticado a ingerência da União Européia no futebol, dizendo que o sistema de transferências de jogadores visto atualmente é ""perfeito".
Após a reunião, o discurso do
máximo dirigente do futebol mudou. Blatter e os demais dirigentes
reunidos ontem em Zurique admitiram o fim do pagamento pela
rescisão de contrato dos jogadores com mais de 24 anos, como
vem exigindo a União Européia.
""Os jogadores profissionais deverão ter um contrato de, no mínimo, um ano com um clube. Haverá um sistema de compensação
em caso de ruptura unilateral do
contrato. Vários outros sistemas
são possíveis, mas teremos que
discuti-los", disse Blatter.
A direção da Comissão Européia que cuida do tema entende
que o sistema atual de transferências de jogadores fere os princípios do Tratado de Roma sobre a
livre circulação de trabalhadores
nos países do continente.
Clubes europeus arbitram valores vultosos para as rescisões contratuais de seus atletas. Jogadores
de poderosos times espanhóis,
como o lateral brasileiro Roberto
Carlos (Real Madrid), têm rescisões contratuais que superam os
US$ 100 milhões, por exemplo.
Os jogadores conseguirão
maior ""liberdade" no mercado
europeu agora, mas a cúpula do
futebol reunida ontem propôs
que um atleta só possa se transferir uma vez por temporada -a
medida visa impedir que um jogador mude de clube de duas em
duas semanas, por exemplo.
Outra novidade no sistema de
transferências de atletas deverá
atingir os jogadores mais jovens.
Menores de 18 anos não poderão
se transferir para outro país.
Pelo plano da Fifa, o clube que
formar um atleta poderá cobrar
indenização compensatória
quando este for negociado (vale
para jogadores entre 18 e 24 anos).
""Ao apresentar tais pontos, fizemos algo muito positivo. Esperamos que a Comissão Européia veja assim", disse Blatter.
O presidente da Fifa anunciou a
criação de um ""grupo de trabalho" para desenvolver a discussão. A partir da próxima semana,
o grupo irá programar uma forma de apresentar as novas propostas à Comissão Européia em
Bruxelas, na Bélgica.
Blatter espera pela aprovação
das propostas, pois entende que o
projeto da Comissão Européia
para o futebol pode trazer ""nefastas consequências", o ""caos".
""O objetivo do encontro (a reunião de ontem) foi encontrar uma
solução que traga benefícios para
o mundo do futebol e não seja
contrária às determinações da
União Européia", disse Blatter.
A União Européia avisou a Fifa
e a Uefa que aceitará alternativas
para um novo sistema de transferências de jogadores até 20 de setembro. Caso nenhuma proposta
seja oferecida pela cúpula do futebol europeu, os planos da União
Européia para o esporte serão introduzidos de forma forçada.
Blatter pede mais tempo para a
União Européia. O dirigente quer
que o prazo para mostrar propostas seja estendido pelo menos até
o final da Olimpíada, em outubro.
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