São Paulo, quarta-feira, 01 de setembro de 2010 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TOSTÃO O oito e o dez
NO PASSADO, quando o "Jornal do Brasil", extinto a partir de hoje, era o grande jornal do país, quase todos os principais times do Brasil tinham um ótimo meia-armador, que costumava jogar com a 8, e um ótimo ponta de lança, que geralmente usava a 10. A maior dupla de jogadores dessas posições foi a da seleção, na Copa de 1970, com Gerson, de meia-armador, e Pelé, de ponta de lança. O 8 e o 10. O meia-armador atuava de uma intermediária à outra. Era muito habilidoso, criativo, marcava e coordenava as jogadas de meio-campo. O ponta de lança era um segundo atacante, artilheiro, que recuava para receber a bola e fazer dupla com o meia-armador. Os dois se completavam. Com o tempo, o meio-campo foi dividido entre os volantes, que quase só desarmam e quase só jogam do meio para trás, e os meias de ligação ou ofensivos, que quase só jogam do meio para a frente. Praticamente desapareceram os meias-armadores. O atual meia ofensivo é diferente do ponta de lança. Este tinha características de atacante. O meia ofensivo tem mais características de um armador. Nas últimas décadas, no Brasil e no mundo, sobreviveram poucos meias-armadores de grande talento. O francês Zidane foi o maior deles. Era uma mistura do antigo meia-armador com o atual meia ofensivo ou de ligação. Não dá para comparar Conca e Deco com os maiores craques de outras épocas, ainda mais que Conca não é um ponta de lança e Deco não é mais o craque que foi quando jogava no Barcelona. Mas os dois juntos revivem no meu imaginário os grandes jogadores dessas posições. Deco, meia-armador à moda antiga, gosta da bola, do passe, do domínio do jogo, enquanto Conca, meia ofensivo, gosta de levar a bola rapidamente para o gol e servir aos dois atacantes. Não confundir esse tipo de dupla, de jogadores diferentes em posições e funções diferentes, com a escalação de dois meias ofensivos, como Montillo e Roger, da equipe do Cruzeiro. Nesse caso, não costuma dar certo. Com Deco e Conca, o Fluminense tem mais a posse de bola e troca mais passes. Como muitos torcedores e jornalistas não estão mais acostumados a isso, vão afirmar, como já afirmaram durante a partida contra o São Paulo, que o time está lento, demorando a chegar ao gol. Uma ótima equipe precisa saber o tempo certo de reter a bola, cadenciar o jogo e de acelerar. Conca e Deco fazem isso muito bem. Corinthians, cem anos. Parabéns! Texto Anterior: Santos: Dorival deve manter trio ofensivo no jogo de amanhã contra o Avaí Próximo Texto: São Paulo faz o fácil parecer complicado Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |