São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2000

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FUTEBOL
Em reunião no Rio, presidente da CBF dispensa o treinador; Candinho deve dirigir time contra a Venezuela
Teixeira demite Luxemburgo da seleção

DA SUCURSAL DO RIO

E DA REPORTAGEM LOCAL

Wanderley Luxemburgo não é mais o técnico da seleção. A demissão foi acertada ontem à tarde em uma reunião entre o treinador, o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira, e Marco Antônio Teixeira, tio do dirigente e secretário-geral da entidade.
Ricardo Teixeira, que chegou ontem dos Estados Unidos, disse ao técnico que a pressão para sua saída era grande e que não havia como não demiti-lo.
O próprio Luxemburgo, segundo seu assessor, Rodrigo Paiva, admitiu a Teixeira que sua situação era complicada, que não havia clima para sua permanência e que as pressões que vinha sofrendo poderiam afetar o rendimento da seleção brasileira.
A reunião entre os dirigentes e Luxemburgo aconteceu ontem à tarde, no Itanhangá Golf Club, em São Conrado, na zona sul do Rio de Janeiro, local no qual o presidente da CBF é sócio.
Em princípio, a reunião estava marcada para hoje, mas acabou sendo antecipada.
Além das denúncias que assolaram sua vida pessoal - o técnico foi acusado de sonegação fiscal, adulteração de documentos e de participação financeira na venda de jogadores-, Luxemburgo vive péssima fase como treinador e perdeu a confiança de Teixeira.
Após o vexame da seleção masculina na Olimpíada de Sydney, sua situação ficou insustentável.
O time brasileiro, que lutava pela inédita medalha de ouro, foi eliminado por Camarões nas quartas-de-final da competição de maneira vexatória. Os africanos, com dois jogadores a menos, venceram na "morte súbita".
A seleção olímpica era o último trunfo de Luxemburgo, que vinha realizando campanha sofrível também nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2002.
Em quarto lugar, a seleção brasileira perdeu, pela primeira vez na história do qualificatório, duas partidas - foi batido pelo Chile, por 3 a 0, em Santiago, e pelo Paraguai, por 2 a 1, em Assunção.
Teixeira anunciará oficialmente sua decisão amanhã, em entrevista coletiva na sede da CBF.
O presidente da entidade não deve anunciar o nome do novo treinador amanhã.
Para o jogo do próximo domingo, contra a Venezuela, pelas eliminatórias da Copa de 2002, o auxiliar técnico Candinho deve assumir interinamente (leia texto nesta página).
Os mais cotados para suceder Luxemburgo no cargo continuam sendo Carlos Alberto Parreira (Atlético-MG) e Luiz Felipe Scolari (Cruzeiro). Outro nome que aparece entre os cotados é o do são-paulino Levir Culpi.
Os três técnicos dizem não terem sido contatados, até o momento, por dirigentes da CBF.
Scolari e Parreira têm dito publicamente que preferem seguir em seus clubes - o tetracampeão mundial descartou sua volta alegando não ter "espírito" para aguentar a pressão.
A amigos, no entanto, os dois técnicos afirmam que aceitariam o convite caso sejam lembrados.
Não está descartada a possibilidade de ambos assumirem a seleção. Parreira ficaria com o cargo de supervisor, enquanto Scolari seria o técnico dentro de campo.
Ontem o presidente do Cruzeiro, o deputado federal Zezé Perrela (PFL), disse que Scolari só dirigirá a seleção "se conciliar as coisas" e continuar no clube mineiro.
Perrela afirmou que Scolari ainda não foi convidado para dirigir a seleção e que obteve do técnico gaúcho a garantia de que ele não aceitaria nenhuma proposta que o impedisse de continuar trabalhando em Belo Horizonte.
"Pode escrever aí, o Scolari tem ainda 27 meses de contrato com o Cruzeiro e vai cumprir isso. Ele não dirige a seleção se isso o impedir de dirigir o Cruzeiro. Ele pode até ir para a seleção, mas vai ficar aqui e lá", disse o dirigente.


Colaborou a Agência Folha, em Belo Horizonte



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