São Paulo, terça-feira, 01 de outubro de 2002

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Dirigente consegue novo mandato e diz a clubes do interior que vai fortalecer o Paulista em 2003

Farah é reeleito ainda mais retrô

Raphael Falavigna/Folha Imagem
Eduardo José Farah, reeleito por aclamação para o quinto mandato na presidência da FPF, em foto feita com múltipla exposição


JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de ver os torneios regionais indo para o espaço, Eduardo José Farah alterou o discurso e passou a defender, como fazia nos anos 80 e 90, o fortalecimento do Campeonato Paulista.
Ao ser eleito para um novo mandato como presidente da federação, o dirigente afirmou que vai fortalecer o futebol do interior e defender a ampliação do Estadual, deixando de lado o papo da modernidade que usava na defesa das ligas regionais.
"Não podemos matar os times do interior, de lá já nasceram grandes craques do futebol brasileiro. E um Estadual mais longo é interessante para os clubes grandes, que acabam tendo uma trégua [dos clássicos"", declarou.
Já que Globo, CBF e Clube dos 13 decidiram abolir os regionais -Farah, 67, é presidente da Liga Rio-SP, que acabou sendo esvaziada-, o comandante da FPF se segura no Paulista.
"É dos pequenos que nascem o craque de amanhã. Vamos dar força ao Paulistão. Sem São Paulo, não há futebol neste país."
Como fazia nos anos 80 e 90, defendeu o maior espaço possível para os Estaduais -seis meses no caso de São Paulo-, reservando apenas o segundo semestre para o Brasileiro -e não oito meses, como querem Globo, CBF e C13.
Segundo a assessoria de imprensa da FPF, 130 presidentes de clubes ou ligas estaduais compareceram à Assembléia Geral da CBF -de um total de 146- e reelegeram Farah por aclamação.
O dirigente, que assumiu o comando do futebol paulista em 1988, irá cumprir seu quinto mandato, que termina em 2006.
"Assumira um compromisso com a minha família, disse que não seria candidato, mas foram tantos os apelos que aceitei", afirmou Farah, que comandou a chapa única inscrita. "O futebol vive um tempo conturbado, e eu não poderia deixar meus amigos numa época de turbulência. Saio quando ela tiver passado."
Luis Carlos Gomes, presidente do Independente, acha que, daqui para a frente, Farah voltará a dar atenção aos clubes do interior. ""A gente estava à deriva."
Mas Juvenal Juvêncio, secretário-geral da Liga Rio-SP, lamentava os rumos que a reeleição de Farah tomou. "É um retrocesso fechar a liga e prestigiar a federação. O Paulista vale R$ 8 milhões, a Liga Rio-SP, R$ 65 milhões", afirmou. "Mas esse processo não partiu dele [Farah, e sim da Globo, da CBF e do C13]."
Marcelo Teixeira, presidente do Santos e que teve atritos com Farah nas últimas semanas, compareceu à Assembléia Geral e, embora tenha apoiado a reeleição, fez ressalvas à atuação da FPF.
"Ela não pode continuar atuando como um banco. A federação tem dinheiro, mas os clubes, os verdadeiros donos do espetáculo, não", reclamou.
Ele disse ainda que fará uma sugestão ao presidente da FPF. Quer que os clubes, de acordo com um ranking que seria formado levando em conta, entre outros, tradição, títulos e número de torcedores, recebam uma fatia do que arrecada a federação.
Teixeira disse ainda que a entidade tem de prestar contas não apenas aos clubes mas à sociedade. A federação está sendo alvo de uma devassa por parte da Receita Federal, que enviou uma equipe de auditores para apurar irregularidades apontadas pela CPI do Futebol no Senado.



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