DA REPORTAGEM LOCAL

Uma segunda divisão tão popular quanto a primeira. Na Europa, isso é impensável, mas tem chances reais de acontecer no Brasil.
A partir de hoje, quando abre sua segunda fase, a Série B do Brasileiro inicia uma seqüência de 36 jogos (24 agora e 12 na etapa derradeira) que pode expor de forma ainda mais clara o fiasco de bilheteria do torneio da elite do país.
Se alcançar 22 mil pagantes em cada um dos jogos decisivos, a segunda divisão terminará com média de 7.400 fãs por partida. Pelo último balanço da CBF, a primeira divisão registra esse número de torcedores por confronto.
No ano passado, a Série A teve uma média de 10.400 torcedores por jogo, mais que o dobro da obtida pela Segundona (4.900).
Tomando a média da primeira fase deste ano -5.500 torcedores por confronto-, o desafio de alcançar a elite parece difícil, mas os clubes que permanecem no torneio fazem isso mudar de figura.
Estão na disputa pelo acesso quatro populares equipes nordestinas e o Brasiliense, que também foi bem na bilheteria até agora.
Com média de quase 27 mil torcedores na primeira fase, o Bahia projeta ao menos 50 mil fãs nas arquibancadas da Fonte Nova nos jogos que vai mandar. Se for à terceira fase, o time de Salvador irá responder por quase metade do público necessário para fazer a Série B ultrapassar a A na bilheteria.
O Santa Cruz também promete casa cheia. Na última jornada, venceu o Santo André diante 28 mil pessoas no estádio do Arruda.
No Ceará, o entusiasmo já tomou conta dos torcedores do Fortaleza. Para o jogo de amanhã, contra o Ituano, formaram-se ontem longas filas. Segundo dados da Federação Cearense, foram comercializadas 6.000 entradas apenas no primeiro dia de vendas.
Até os clubes do interior paulista, tradicionais fracassos de bilheteria, esperam encher seus estádios. O Marília colocou 10 mil ingressos à venda para o duelo contra o Bahia e espera vender todos.
Ao contrário da primeira divisão, que adota o sistema de pontos corridos pelo segundo ano, a Série B continua com as complicadas fórmulas que sempre marcaram a história dos Nacionais.
Na segunda fase, as oito equipes são divididas em dois grupos e jogam em turno e returno. Os dois melhores de cada chave vão ao quadrangular final, que terá a mesma fórmula. Os dois melhores jogam a primeira divisão em 2005. (PAULO COBOS E TONI ASSIS)