DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez na história da F-1, a Inglaterra não receberá uma etapa do Mundial. Ontem, o GP inglês, em Silverstone, foi retirado do calendário provisório da categoria para a temporada que vem.
Bernie Ecclestone, que comanda comercialmente a F-1, deu prazo até ontem para que o British Racing Drivers" Club, que controla o circuito, pagasse os US$ 21 milhões exigidos. O ingleses estariam dispostos a pagar US$ 16 mi.
"Fizemos o máximo que podíamos para cortar custos em outras áreas e abrigar o GP", disse o ex-piloto e tricampeão mundial Jackie Stewart, presidente do BRDC. "A quantia que estão pedindo é inviável e não podemos aceitar o GP a qualquer preço", completou.
Os ingleses esperavam ter a ajuda do governo do país para manter a prova, mas não tiveram sucesso. Chegaram até a falar com o premiê Tony Blair e o ministro do Esporte, Richard Carbon.
"Estamos em contato há pelo menos quatro anos. Mas, diferentemente de outros governos, o nosso decidiu que não queria fazer nada", esbravejou.
Um porta-voz do Departamento de Cultura, Mídia e Esporte da Inglaterra disse que o governo gostaria de ver a corrida em Silverstone, porém ressaltou que a negociação deve envolver apenas a BRDC e Ecclestone.
Stewart, no entanto, ainda fez um apelo. "Apesar de termos chegado a esse estágio, gostaria de pedir a Ecclestone e ao governo britânico para repensarem essa decisão e avaliar se não é possível manter o GP para o bem da indústria, do esporte e do país."
Estima-se que a prova gere US$ 54 milhões para a economia local.
Ecclestone, porém, não parece disposto a atender aos pedidos. Há tempos o dirigente quer banir Silverstone do calendário. Ele reivindica melhoras na pista e nas áreas de acesso ao circuito.
Chegou, inclusive, a chamar a pista inglesa de "casa velha" e "lixo" -mesma "classificação" que deu para Interlagos. "Viajo o ano inteiro para todos os circuitos do mundo e fico envergonhado quando chego a Silverstone", declarou, no ano passado.
Mas, caso saia mesmo do calendário, a Inglaterra tem boas chances de voltar em breve. Na semana que antecedeu a prova deste ano, Ecclestone recebeu uma oferta de US$ 43 milhões para transferir a etapa inglesa da F-1 para as ruas de Londres a partir de 2007.
A idéia é promover a cidade, que disputa a chance de abrigar a Olimpíada de 2012 com Nova York, Madri, Moscou e Paris.
A Inglaterra, além de abrigar algumas das mais famosas pistas do mundo, como Brands Hatch e Silverstone, é sede da maioria dos times, como McLaren e Williams.
O calendário final da F-1 para 2005 será ratificado em uma reunião do Conselho Mundial da FIA no próximo dia 13. A lista de 19 corridas deve ser reduzida para 17. Além da Inglaterra, especula-se que a França, que recebeu uma reprimenda neste ano, também possa perder seu GP em Magny-Cours na temporada que vem.