São Paulo, segunda-feira, 01 de outubro de 2007 |
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JUCA KFOURI Não era dia de Marta
DE ONTEM para hoje, muita gente já disse: Pelé jamais perdeu um pênalti em final de Copa do Mundo. E é a mais pura verdade. Mas, também, nunca bateu. Marta bateu. E perdeu. Impossível dizer se alteraria o resultado final, embora seja de se imaginar que sim. Mas não foi por isso que a Alemanha é bicampeã e o Brasil, de novo, é prata, reluzente prata mesmo, diga-se desde logo. Marta nem sequer jogou bem, o que não tirou dela a indicação, justíssima, de melhor jogadora da Copa do Mundo da China, além de ter sido a goleadora máxima, Bola e Chuteira de Ouro. A seleção brasileira se viu diante de um time alemão organizado, mais forte fisicamente, experiente e confiante, que fez 2 a 0 com todos os méritos em Xangai. Sua maior estrela, Prinz, pouco apareceu, a não ser para fazer o gol de abertura, decisivo, num começo de segundo tempo em que houve um certo apagão no time brasileiro diante da verdadeira blitz alemã, forte na marcação da saída de bola e eficaz no ataque. Desnecessário dizer que uma equipe que passa a Copa do Mundo inteira sem sofrer nem sequer um gol não precisa ser explicada como e por que foi campeã. Muito menos será preciso mostrar novamente as diferenças de tratamento dado ao futebol feminino na Alemanha e pela CBF. O pênalti desperdiçado pela 10 brasileira entra para o rol das grandes ironias da história do futebol, mas deve ser encarado como tão decisivo como a bola na trave chutada por Daniela, um pecado. Não era mesmo o dia de Marta, ou da seleção canarinha, porque talvez fosse pedir demais que o deus dos estádios premiasse mais uma vez a nossa incompetência para fazer do futebol o que o futebol poderia ser no Brasil. E se é justo e necessário não contestar a límpida vitória alemã, diferentemente do que se deu na decisão olímpica em Atenas diante dos Estados Unidos, quando as brasileiras foram fartamente prejudicadas por uma arbitragem suspeitíssima, não é bancar a Poliana saudar mais esta prata nacional. Sem o jargão da prata que vale ouro, porque a prata é preciosa o suficiente para ser festejada, no caso, mais por seu valor simbólico do que pelo material.
A rodada dos paulistas
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