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outro lado
Enquanto Americana celebra chegada do Guaratinguetá, Rio Branco , aos 97 anos, agoniza cheio de dívidas e processos
LEONARDO LOURENÇO
DE SÃO PAULO
O futebol de Americana,
cidade a 120 quilômetros de
São Paulo, vive dias contraditórios. Enquanto recebe de
braços abertos um clube que,
na prática, ainda não existe,
uma das mais tradicionais
equipes do Estado encara
aquele que é tido como o pior
de seus 97 anos de história.
Com apoio da prefeitura, o
Guaratinguetá oficializou no
mês passado sua mudança
para Americana, onde adotará o nome do município.
Apesar de não revelar os
termos exatos da parceria, o
clube deixou o Vale do Paraíba porque sua antiga cidade
se negou a bancar despesas
mensais de R$ 600 mil.
Na mesma semana em que
políticos se reuniram para
anunciar a chegada do Americana Ltda., conselheiros do
Rio Branco discutiam, ainda
que informalmente, a possibilidade de fechar o futebol.
Algo que só não se concretizou porque a diretoria apresentou, na última hora, uma
proposta de parceria com um
empresário da cidade. Foi
aceita, por sobrevivência.
"Sozinho, o Rio Branco
não teria condições de continuar", afirma o ex-diretor do
clube José Carlos Pereira, que
deixou a direção assim que a
proposta foi aprovada.
"É o ano mais difícil da
nossa história, mas ainda estamos vivos", avalia o presidente Roberto Zacharias.
Com dívidas que rondam
R$ 10 milhões, o Rio Branco
vive problemas de todos os
lados. Passou o Paulista, em
que foi o último, sem atuar
em seu estádio, interditado.
No mês passado, quando
tudo estava acertado entre a
prefeitura e o Americana, o
Ministério Público do Trabalho pediu o bloqueio das contas do Rio Branco e de seu
presidente, para o pagamento de salários atrasados.
Um dia depois foi a vez de
o Conselho Tutelar de Americana se manifestar por causa
das más condições em que
dez jovens da base viviam no
alojamento do clube.
Famoso pela formação de
atletas, o Rio Branco baseava
suas receitas na venda de jogadores. Dali saíram nomes
como Flávio Conceição, Marcos Assunção e Thiago Ribeiro. Na Copa-2006, teve três
crias de sua base jogando por
três seleções diferentes: Mineiro (Brasil), Marcos Sena
(Espanha) e Sinha (México).
"Como clube formador, o
Rio Branco tinha recursos em
abundância. A Lei Pelé nos
prejudicou", afirma o presidente do Conselho Deliberativo, José Antonio Franzin.
Entre os dirigentes do clube americanense, há cuidado de não criticar o prefeito
Diego De Nadai (PSDB). "Ele
sempre esteve ao nosso lado", declara Zacharias.
"A cidade reclama que, se
ele tivesse dado ao Rio Branco o mesmo empenho que
teve com o Americana, a história seria diferente. Mas ele
nos ajudou no passado,
vamos ver se ajudará no futuro", completa Pereira.
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