São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2010

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outro lado

Enquanto Americana celebra chegada do Guaratinguetá, Rio Branco , aos 97 anos, agoniza cheio de dívidas e processos

LEONARDO LOURENÇO
DE SÃO PAULO

O futebol de Americana, cidade a 120 quilômetros de São Paulo, vive dias contraditórios. Enquanto recebe de braços abertos um clube que, na prática, ainda não existe, uma das mais tradicionais equipes do Estado encara aquele que é tido como o pior de seus 97 anos de história.
Com apoio da prefeitura, o Guaratinguetá oficializou no mês passado sua mudança para Americana, onde adotará o nome do município.
Apesar de não revelar os termos exatos da parceria, o clube deixou o Vale do Paraíba porque sua antiga cidade se negou a bancar despesas mensais de R$ 600 mil.
Na mesma semana em que políticos se reuniram para anunciar a chegada do Americana Ltda., conselheiros do Rio Branco discutiam, ainda que informalmente, a possibilidade de fechar o futebol.
Algo que só não se concretizou porque a diretoria apresentou, na última hora, uma proposta de parceria com um empresário da cidade. Foi aceita, por sobrevivência.
"Sozinho, o Rio Branco não teria condições de continuar", afirma o ex-diretor do clube José Carlos Pereira, que deixou a direção assim que a proposta foi aprovada.
"É o ano mais difícil da nossa história, mas ainda estamos vivos", avalia o presidente Roberto Zacharias.
Com dívidas que rondam R$ 10 milhões, o Rio Branco vive problemas de todos os lados. Passou o Paulista, em que foi o último, sem atuar em seu estádio, interditado.
No mês passado, quando tudo estava acertado entre a prefeitura e o Americana, o Ministério Público do Trabalho pediu o bloqueio das contas do Rio Branco e de seu presidente, para o pagamento de salários atrasados.
Um dia depois foi a vez de o Conselho Tutelar de Americana se manifestar por causa das más condições em que dez jovens da base viviam no alojamento do clube.
Famoso pela formação de atletas, o Rio Branco baseava suas receitas na venda de jogadores. Dali saíram nomes como Flávio Conceição, Marcos Assunção e Thiago Ribeiro. Na Copa-2006, teve três crias de sua base jogando por três seleções diferentes: Mineiro (Brasil), Marcos Sena (Espanha) e Sinha (México).
"Como clube formador, o Rio Branco tinha recursos em abundância. A Lei Pelé nos prejudicou", afirma o presidente do Conselho Deliberativo, José Antonio Franzin.
Entre os dirigentes do clube americanense, há cuidado de não criticar o prefeito Diego De Nadai (PSDB). "Ele sempre esteve ao nosso lado", declara Zacharias.
"A cidade reclama que, se ele tivesse dado ao Rio Branco o mesmo empenho que teve com o Americana, a história seria diferente. Mas ele nos ajudou no passado, vamos ver se ajudará no futuro", completa Pereira.


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