São Paulo, sábado, 01 de dezembro de 2001

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Falta de segurança e de recursos atinge sorteio dos grupos da Copa-2002

Bingo é hoje, sem dinheiro

Reuters
Pessoas passeiam entre bolas infláveis perto do local em que será realizado hoje, em Busan, o sorteio da Copa do Mundo de 2002


Com policiamento brando e seus cofres vazios, Fifa promove, na Coréia do Sul, a definição das sedes e confrontos do Mundial

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ENVIADO ESPECIAL À CORÉIA DO SUL

A Fifa define hoje, a partir das 8h (de Brasília), os grupos da Copa Coréia/Japão numa situação, no mínimo, delicada.
Na véspera do sorteio das chaves, em Busan, divergências entre algumas de suas lideranças e os organizadores do próximo Mundial acabaram determinando a marcação de uma reunião extraordinária do Comitê Executivo da Fifa para o dia 18, na Suíça.
Em pauta, a instável situação financeira da Copa do Mundo de 2002 e a questão da segurança, que passou a preocupar ainda mais a entidade que dirige o futebol mundial, pois os procedimentos tomados pelo Kowoc, o Comitê Organizador da Coréia do Sul, na preparação do sorteio foram considerados ineficientes.
Dos 1.200 homens que trabalhariam na segurança do Bexco, o centro de convenções onde será realizado o sorteio, apenas 180 estiveram presentes desde terça-feira, quando ele foi aberto aos organizadores, à imprensa mundial e aos convidados da Fifa.
Para entrar no local, ninguém é revistado -e nem deve ser hoje, dia do sorteio, segundo informou o Kowoc, surpreendendo até Joseph Blatter, presidente da Fifa.
Para complicar ainda mais, nenhuma credencial, seja para jornalista, dirigente ou funcionário da Fifa, integrantes dos comitês organizadores ou convidados, leva a fotografia de quem o usa.
""Quem quiser pode passá-la para quem não está credenciado. Como não há nenhum tipo de controle na entrada, pode ocorrer até uma situação perigosa, se ela [a credencial" for parar nas mãos de quem não deve", comentou Julio Grondona, presidente da Associação de Futebol Argentino e um dos membros do Comitê Executivo da Fifa.
Demonstrando constrangimento com as falhas no sistema de segurança, Blatter disse que não se trata de responsabilidade sua ou da própria Fifa, mas dos governos coreano e japonês. ""São eles que têm de garantir a segurança. Se estão garantindo, temos que confiar", afirmou.

Finanças
Além dos problemas com a organização do Mundial do ano que vem, que começa em 31 de maio, na Coréia do Sul, e acaba em 30 de junho, no Japão, a Fifa também demonstra preocupação com suas dificuldades financeiras.
Na semana retrasada, ela lançou títulos lastreados no rendimento que obterá com as vendas dos direitos de marketing da Copa-2002, num acordo com o banco Credit Suisse, a fim de receber em troca US$ 420 milhões.
Aparentemente, esse montante não será suficiente. O Kowoc e o Jawoc, comitês de organização da Coréia e do Japão, respectivamente, pediram maior participação nas receitas do Mundial, alegando redução na expectativa de lucro e aumento de custos.
Só o Kowoc diz ter gasto US$ 310 milhões com a Copa, 30% a mais do que os franceses despenderam para organizar a de 1998.
Mas a Fifa já avisou que não tem o que fazer. Ela própria encara os cofres esvaziados, após a falência da ISL, sua parceira de marketing, e reclama da alta dos custos e da queda das receitas.
Justamente por isso, agendou a reunião de emergência em Zurique, um dia após a realização de sua festa de final de ano.
Na ocasião, o grupo Kirch, da Alemanha, detentor dos direitos de transmissão do Mundial para todos os continentes, depois do colapso da suíça ISL, fará uma exposição das dificuldades que tem enfrentado para vendê-los.
Na África, como só os sul-africanos aceitaram pagar para ver a Copa, o resto do continente a verá de graça. No Caribe, situação parecida deve ocorrer.
Na Europa, alguns países, como a Suíça, onde fica a sede da Fifa, decidiram não comprar os direitos, achando que os valores pedidos pelo grupo alemão estão supervalorizados.
No Brasil, a Globo gastou, segundo a Fifa, um total de US$ 224 milhões para adquiri-los, incluindo os direitos de rádio e pagamento de impostos.
A emissora, no entanto, está tendo dificuldades para vendê-los. Ela pede R$ 60 milhões para emissoras brasileiras de TV interessadas em exibir o Mundial. A Record, única interessada, reluta em pagar o que a Globo pede.
Hoje, apesar de a cerimônia começar às 8h de Brasília, o sorteio propriamente dito só terá início às 8h55. A primeira parte -potes um e dois- durará 13 minutos.
Em seguida, a norte-americana Anastacia canta a música oficial da Copa e, às 9h13, o sorteio continua. O horário previsto para o encerramento da cerimônia é 9h26.


NA TV - Sorteio dos grupos da Copa do Mundo de 2002, Globo e Sportv, ao vivo, às 8h



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