São Paulo, sábado, 01 de dezembro de 2001

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FUTEBOL

Fifa cede a sul-americanos, que temiam esvaziamento de eliminatórias

Campeão da Copa fica sem vaga assegurada em 2006

DO ENVIADO À CORÉIA DO SUL

O campeão da Copa-2002 não terá vaga assegurada no Mundial de 2006. A decisão foi anunciada ontem pela Fifa, após reunião de 21 membros de seu Comitê Executivo. Ricardo Teixeira, presidente da CBF, que permaneceu no Brasil fazendo lobby contra os trabalhos da CPI do Futebol, no Senado, foi uma das três ausências do encontro em Busan.
A mudança na regra do Mundial -até aqui o campeão tinha vaga garantida no torneio seguinte, sem precisar jogar as eliminatórias- foi proposta pelo argentino Julio Grondona, da AFA (Associação de Futebol Argentino), que falou também em nome de Ricardo Teixeira e de Nicolás Leoz, presidente da Conmebol.
O temor da América do Sul era ver Brasil ou Argentina ganhando a próxima Copa e esvaziando as eliminatórias sul-americanas.
Como elas não serão mais disputadas no sistema todos contra todos, como ocorreu em 1996/ 1997 e 2000/2001, cada um dos times deverá fazer só oito jogos, e não mais 18 -assim, os direitos de TV cairão substancialmente.
Se um dos dois grupos que for montado para 2006 não tivesse Brasil ou Argentina, caso um deles viesse a ganhar a Copa e se classificasse automaticamente para o Mundial da Alemanha, os valores cairiam ainda mais.
Com a mudança no sistema, esta última hipótese fica descartada.
Na coletiva de imprensa após a decisão do Comitê Executivo, Blatter confirmou a decisão de mudar a forma de disputa das eliminatórias sul-americanas.
""Não tem sentido cada seleção fazer 18 jogos, é completamente inviável", declarou, acrescentando que os clubes europeus não estão dispostos a liberar tão frequentemente os atletas das seleções da América do Sul.
Com o novo sistema, os times serão divididos em dois grupos de cinco, segundo a Conmebol. Os dois primeiros de cada chave se classificam para a Copa do Mundo. Os terceiros colocados irão disputar uma repescagem -o vencedor deve decidir a vaga com o representante da Oceania.
Para Blatter, o fim da classificação automática do campeão para a Copa seguinte irá ajudá-lo a se preparar melhor para repetir o feito. ""Não vai precisar mais ficar fazendo apenas amistosos. As partidas das eliminatórias servem como um ótimo aquecimento para o Mundial", declarou.
O presidente da Fifa afirmou também que considera outra vantagem da nova regra a possibilidade de abrir mais uma vaga nas eliminatórias. ""Para a Copa de 2006, serão 31, já que só a Alemanha [o país que abrigará o Mundial" estará classificada", completou.
(JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO)


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