São Paulo, sábado, 01 de dezembro de 2001

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FUTEBOL

Hora da verdade

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

São Paulo, Bahia, Internacional e Goiás disputam amanhã as duas vagas que restam para a próxima fase do Brasileirão.
Os dois primeiros dependem apenas de seus próprios resultados e têm grandes chances de seguir adiante.
Se ficar em sétimo, o São Paulo enfrentará no mata-mata um dos dois Atléticos ou o Fluminense.
Em qualquer dos casos, será uma parada duríssima. Depois da goleada sofrida diante do Vasco na rodada passada, o time tricolor precisa provar à sua torcida que está à altura do desafio.
Nesse contexto, o jogo de amanhã contra o Galo mineiro terá uma dupla importância: além de conquistar o ponto necessário à classificação, o São Paulo terá de reconquistar a confiança de seus torcedores.
O técnico Nelsinho Baptista, que errou feio domingo passado ao tirar Adriano e deixar o time sem articulação entre defesa e ataque, ainda tem tempo de se redimir. Se errar de novo, seu cargo estará a perigo.

Será uma rodada melancólica para algumas das grandes potências do futebol brasileiro, como Corinthians, Vasco, Palmeiras, Flamengo e Cruzeiro, eliminados por antecipação.
Todos eles fizeram campanhas abaixo do que se esperava.
O pior de todos foi o Flamengo, que ainda corre risco (remoto) de rebaixamento.
Um dos destaques do primeiro semestre, campeão do Estadual do Rio e da Copa dos Campeões, o Mengo fez um Brasileiro pífio do começo ao fim.
Com um elenco estelar, um técnico vencedor, uma torcida imensa -mas também com salários atrasados, brigas internas, desorganização e ciumeira-, colheu derrota atrás de derrota.
A vitória sobre o Grêmio, que o levou à final da Copa Mercosul, deu um novo alento ao time, além de trazer a seus cofres US$ 1 milhão, uma quantia nada desprezível para quem deve dinheiro a todo mundo.
Para o Palmeiras e o Corinthians também é hora de fazer um balanço e traçar planos para o próximo ano.
Se o Flamengo tem excesso de estrelas e quer se livrar de algumas delas, palmeirenses e corintianos enfrentam o problema oposto: para voltar ao topo do futebol brasileiro, terão de contratar reforços.
Corinthians e Palmeiras foram os clubes que mais perderam craques nos últimos anos, sem que houvesse uma reposição à altura.
No time alvinegro, as especulações são muitas. Fala-se na volta de Marcelinho (e a consequente saída de Ricardinho) e de Vampeta, na saída de Luxemburgo, na contratação de Juninho.
No Parque Antarctica, a situação é mais obscura. Só se sabe que o clube pretende trazer o técnico Abel Braga (do Botafogo-RJ) e o goleador Adhemar, ex-São Caetano, hoje no Stuttgart. Uma coisa é certa: não é só de centroavante que o time alviverde precisa.

Definem-se hoje os adversários do Brasil na primeira fase da Copa. Em outros tempos o assunto não teria maior importância (a última vez que o Brasil caiu fora na primeira fase da Copa foi em 1966 -uma enorme zebra).
Agora, temos de torcer para não pegar logo de cara uma Inglaterra, uma Nigéria -e mesmo uma Croácia-, se não quisermos voltar mais cedo para casa.

Palermo
Alguns jogadores parecem ter o destino escrito por algum dramaturgo ou autor de novela. O do argentino Palermo foi bolado por um piadista de mau gosto. Lembram dele? Perdeu três pênaltis num único jogo, depois levou seu time (o Boca Juniors) ao título mundial interclubes. Agora, jogando na Espanhola, foi comemorar um gol junto à torcida e o muro caiu na sua perna. Uma boa benzida não faria mal.

Cartola-mor
O resultado da CPI do futebol está ameaçado pelas pressões da "bancada da bola" e pelo lobby agressivo dos cartolas investigados. Nada disso é novidade na nossa política nem no nosso esporte. O que mais me espantou foi ver o nome de João Havelange ser cogitado para substituir Ricardo Teixeira na presidência da CBF. É isso que eles entendem por renovação?
E-mail: jgcouto@uol.com.br

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