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FUTEBOL
Gols da vitória saem dos pés de Zinho, que substituiu o ídolo Alex, e de Mota, xodó da torcida que entrou no 2º tempo
Força do banco conduz Cruzeiro ao título
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
E DO ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE
Dois reservas deram o título de
melhor time do Brasileiro-2003
para o Cruzeiro. Zinho e Mota decidiram a partida contra o Paysandu e asseguraram a conquista
antecipada do Nacional.
A vitória por 2 a 1 foi mais do
que o suficiente para o Cruzeiro
ficar com a faixa, já que o Santos,
único clube que poderia ultrapassá-lo, perdeu em Goiânia.
"O pôster do time que disputa a
final nunca tem os 11 titulares que
começaram o torneio", disse
Wanderley Luxemburgo, que
precisou escalar Zinho por causa
da suspensão de Alex e que colocou Mota, no segundo tempo, para atender aos pedidos da torcida.
O camisa 10 foi decisivo. Com o
uniforme de Alex, Zinho, 36, o
"coadjuvante" recordista de atuações no Nacional (336), coroou a
escalada do Cruzeiro com um gol
de falta despretensioso logo no sétimo minuto de jogo.
Na primeira bola parada da partida, o meia cruzou da direita, a
zaga dos paraenses não cortou, e
Carlos Germano falhou, deixando
a bola entrar direto no gol.
Zinho, que ontem conquistou o
seu quarto título Brasileiro em 15
disputados -mesmo recorde já
alcançado por Júnior e Andrade-, cumpriu à risca a "herança"
de Alex, de quem foi o substituto
imediato ao longo dos últimos oito meses de campeonato.
Ele foi o maior finalizador da
partida (quatro), o melhor passador (100% de eficiência -20 passes certos) e quem mais vezes cruzou (nove), além de ter driblado
(duas vezes) e ajudado na marcação (quatro desarmes).
O tetracampeão mundial esteve
perto de marcar outras duas vezes. Logo depois de seu gol de falta, o meia recebeu na esquerda e,
de primeira, acertou um belo chute, mas a bola bateu na rede pelo
lado de fora. Ainda no primeiro
tempo, quando a torcida, avisada
pelo sistema de som de que o Santos perdia para o Goiás, já festejava aos gritos de "é campeão", Zinho carimbou a trave direita do
goleiro Carlos Germano.
O clima de festa não impediu a
reclamação dos cruzeirenses, que
saíram para o intervalo abraçados, mas reclamando de um pênalti não marcado pelo juiz Héber
Roberto Lopes: com o goleiro caído, Márcio Nobre chutou contra
o gol do Paysandu, mas a bola resvalou no cotovelo de Lima, que
tentava desarmar o atacante.
Para a etapa final, o técnico do
Paysandu, Ivo Wortmann, mexeu
no time. Tirou um atacante, colocou um meia e mudou o esquema
de jogo. "O Zinho está jogando
nas costas do Magnum, e isso
quebrou nosso esquema de marcação", justificou ele.
O panorama da partida, entretanto, não mudou. O Cruzeiro,
melhor em campo, pouco trabalho tinha para paralisar os avanços dos paraenses. Gomes, que na
primeira etapa havia feito apenas
uma defesa, não tinha trabalho
para segurar os chutes de longa
distância dos paraenses.
A festa da torcida aumentou
ainda mais quando foi anunciado
o segundo gol do Goiás sobre o
Santos. Com o título assegurado,
Luxemburgo resolveu agradar às
mais de 70 mil pessoas e substituiu Aristizábal por Mota, xodó
da torcida e autor de gols importantes neste campeonato (como
aqueles nos empates com o São
Paulo e com o Coritiba).
Mota foi preciso. Entrou aos
17min. Passados 12 minutos, o
atacante recebeu na entrada da
área, deu um drible e, de bico,
marcou o segundo gol do Cruzeiro. O único chute a gol do jogador.
O sinal para que os cruzeirenses
famosos descessem das tribunas
para a volta olímpica.
Em Goiânia, Dimba enterrava
de vez o sonho santista do bicampeonato quando o ex-santista
Maurinho, de fato bicampeão
brasileiro, cobrou um lateral ao
lado de seus companheiros Alex e
Aristizábal -que se abraçavam
no banco de reservas.
Em festa, o Mineirão pouco ligou para o gol de Aldrovani, que
se livrou de dois rivais e chutou
entre as pernas de Gomes. Era o
último minuto do jogo do título.
(PAULO PEIXOTO E SÉRGIO RANGEL)
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