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FUTEBOL
Campeão dos campeões
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Não tem pra ninguém.
O Cruzeiro conquistou tudo o que havia para ser conquistado: Mineiro, Copa do Brasil,
Brasileirão. Se houvesse mais
competições, é provável que as
vencesse também. Será lembrado
durante muito tempo como um
esquadrão à altura dos maiores.
Na belíssima festa de ontem, no
Mineirão, foram destacados vários artífices dessa conquista: o
supercraque Alex, o competente
treinador Luxemburgo, a comissão técnica experiente, a diretoria
que soube montar uma estrutura
sólida e permanente, a torcida calorosa etc. Nada mais justo.
Mas, de tudo o que se viu e ouviu na tarde azul, o que mais me
tocou foi a nobre figura de Zinho.
Em campo, com a difícil missão
de substituir o astro do time
(Alex, suspenso), o veterano abriu
o placar mostrando que ainda é
capaz de colocar veneno numa
bola. Carlos Germano que o diga.
Pouco depois, desferiu um voleio
espetacular, que passou rente ao
canto. Antes de acabar o primeiro
tempo, ainda teve tempo de invadir a área driblando e chutar rasteiro na trave. Parecia um garoto.
Entrevistado ao sair para o intervalo, prestou tributo ao craque
ausente, Alex, na sua opinião o
melhor jogador do campeonato.
"Se eu me inspirar no Alex, com
certeza vou jogar melhor", disse.
Ora, um campeão do mundo,
recordista de títulos e partidas em
Brasileiros, homenagear assim
um companheiro de ofício dez
anos mais novo e com muito menos conquistas no currículo, é algo de uma grandeza que só posso
qualificar de comovente.
Ao final do jogo, Zinho agradeceu à família, aos amigos de Nova
Iguaçu, aos companheiros que o
ajudaram no Flamengo no início
de carreira, aos que o receberam
bem no Palmeiras etc.
Havia em sua voz serena e em
sua emoção contida o desejo sincero de compartilhar com todos o
coroamento de uma carreira
exemplar. O apelido diminutivo
engana. É um grande atleta e um
grande homem.
Outros personagens do feito cruzeirense merecem menção. O lateral Maurinho, que tinha sido
campeão pelo Santos em 2002, é
um deles. Jogador de velocidade,
inteligência e boa técnica, deveria
ser preparado com carinho para
substituir Cafu na seleção.
O zagueirão Cris, que critiquei
tão duramente algumas vezes, é
outro. Poucos jogadores evoluíram tanto em tão pouco tempo.
De defensor estabanado e violento, que dava chutão para todo
lado, ele se tornou um zagueiro
seguro, que sabe a hora de sair jogando e que melhora cada vez
mais o passe.
Por fim, há o goleiro Gomes,
que passou por maus bocados e
que ainda comete suas falhas
aqui e ali, mas que melhora a cada rodada, transmitindo uma
sensação de vigor, de coragem e
também de segurança.
No começo de 2003, eu disse que
estava à espera do surgimento de
um grande time, desses que ficam
na história.
O ano foi generoso e nos deu
dois: o Cruzeiro e o Santos.
Fidelidade premiada
A torcida palmeirense, que sofreu e vibrou com a sua equipe
ao longo deste ano difícil, foi
brindada no sábado com alguns gols maravilhosos. Destaco o do meia Pedrinho, jogador
que teve mais uma temporada
acidentada em sua carreira. Ao
dar um drible de futsal dentro
da área e colocar com efeito no
canto, o atleta mostrou toda a
sua categoria, criando um momento mágico.
Memoriol
Agradeço a alguns leitores
atentos e de boa memória por
terem apontado uma informação errada publicada em minha
coluna de anteontem. Em 1966,
a partida de volta da final da Taça Brasil (Cruzeiro 3 x 2 Santos)
foi disputada no estádio do Pacaembu, em São Paulo, e não na
Vila Belmiro, em Santos.
E-mail: jgcouto@uol.com.br
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