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São Paulo, segunda-feira, 01 de dezembro de 2003

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FUTEBOL

Campeão dos campeões

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Não tem pra ninguém.
O Cruzeiro conquistou tudo o que havia para ser conquistado: Mineiro, Copa do Brasil, Brasileirão. Se houvesse mais competições, é provável que as vencesse também. Será lembrado durante muito tempo como um esquadrão à altura dos maiores.
Na belíssima festa de ontem, no Mineirão, foram destacados vários artífices dessa conquista: o supercraque Alex, o competente treinador Luxemburgo, a comissão técnica experiente, a diretoria que soube montar uma estrutura sólida e permanente, a torcida calorosa etc. Nada mais justo.
Mas, de tudo o que se viu e ouviu na tarde azul, o que mais me tocou foi a nobre figura de Zinho.
Em campo, com a difícil missão de substituir o astro do time (Alex, suspenso), o veterano abriu o placar mostrando que ainda é capaz de colocar veneno numa bola. Carlos Germano que o diga. Pouco depois, desferiu um voleio espetacular, que passou rente ao canto. Antes de acabar o primeiro tempo, ainda teve tempo de invadir a área driblando e chutar rasteiro na trave. Parecia um garoto.
Entrevistado ao sair para o intervalo, prestou tributo ao craque ausente, Alex, na sua opinião o melhor jogador do campeonato. "Se eu me inspirar no Alex, com certeza vou jogar melhor", disse.
Ora, um campeão do mundo, recordista de títulos e partidas em Brasileiros, homenagear assim um companheiro de ofício dez anos mais novo e com muito menos conquistas no currículo, é algo de uma grandeza que só posso qualificar de comovente.
Ao final do jogo, Zinho agradeceu à família, aos amigos de Nova Iguaçu, aos companheiros que o ajudaram no Flamengo no início de carreira, aos que o receberam bem no Palmeiras etc.
Havia em sua voz serena e em sua emoção contida o desejo sincero de compartilhar com todos o coroamento de uma carreira exemplar. O apelido diminutivo engana. É um grande atleta e um grande homem.

Outros personagens do feito cruzeirense merecem menção. O lateral Maurinho, que tinha sido campeão pelo Santos em 2002, é um deles. Jogador de velocidade, inteligência e boa técnica, deveria ser preparado com carinho para substituir Cafu na seleção.
O zagueirão Cris, que critiquei tão duramente algumas vezes, é outro. Poucos jogadores evoluíram tanto em tão pouco tempo.
De defensor estabanado e violento, que dava chutão para todo lado, ele se tornou um zagueiro seguro, que sabe a hora de sair jogando e que melhora cada vez mais o passe.
Por fim, há o goleiro Gomes, que passou por maus bocados e que ainda comete suas falhas aqui e ali, mas que melhora a cada rodada, transmitindo uma sensação de vigor, de coragem e também de segurança.
No começo de 2003, eu disse que estava à espera do surgimento de um grande time, desses que ficam na história.
O ano foi generoso e nos deu dois: o Cruzeiro e o Santos.

Fidelidade premiada
A torcida palmeirense, que sofreu e vibrou com a sua equipe ao longo deste ano difícil, foi brindada no sábado com alguns gols maravilhosos. Destaco o do meia Pedrinho, jogador que teve mais uma temporada acidentada em sua carreira. Ao dar um drible de futsal dentro da área e colocar com efeito no canto, o atleta mostrou toda a sua categoria, criando um momento mágico.

Memoriol
Agradeço a alguns leitores atentos e de boa memória por terem apontado uma informação errada publicada em minha coluna de anteontem. Em 1966, a partida de volta da final da Taça Brasil (Cruzeiro 3 x 2 Santos) foi disputada no estádio do Pacaembu, em São Paulo, e não na Vila Belmiro, em Santos.

E-mail: jgcouto@uol.com.br



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