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falta um dia
"Não tenho culpa", declara Carpegiani
Ex-treinador do Corinthians nem sequer verá a partida de amanhã e diz que, com ele, o time não estaria nesta situação
Técnico cita números para defender sua passagem no clube, rechaça comentários de Finazzi e fala que entende motivos para sua demissão
Ricardo Nogueira/Folha Imagem
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Paulo César Carpegiani, que deixou o Corinthians com aproveitamento de 39%, seis pontos percentuais a mais do que tem Nelsinho Baptista, em entrevista no CT de seu clube, o RS, em Porto Alegre
EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
ENVIADOS ESPECIAIS A PORTO ALEGRE
Paulo César Carpegiani, 58,
esteve à frente do Corinthians,
que agora está à beira do rebaixamento, na maior parte do
Brasileiro. Depois de 20 rodadas, foi demitido no vestiário
do Pacaembu, após o time perder para o Cruzeiro. Quase quatro meses depois, ele diz que
não acompanhará, nem pela
TV, o jogo em que o clube que
dirigiu tenta a última cartada
para se livrar do rebaixamento.
Enquanto o time estiver jogando em Porto Alegre, cidade
onde mora, amanhã, ele estará
em Florianópolis. Atitude de
quem se diz com a consciência
tranqüila e se exime de qualquer parcela de culpa na eventual queda do Corinthians.
FOLHA - De 20 rodadas, passou
duas na zona do rebaixamento. Como você vê a situação do Corinthians após sua saída?
PAULO CÉSAR CARPEGIANI - Quando
assumi, foi feito todo um planejamento pela própria direção,
dentro das possibilidades do
clube depois do Paulista. O clube contratou quem achava que
tinha necessidade. Eu pedi uns
dois, três jogadores. Quando eu
saí, te digo que, em 20 jogos, fizemos 28, 29 pontos. Se mantivesse o mesmo nível, não estaria na situação de hoje. Estaria
longe, acima de 50 pontos.
FOLHA - A demissão foi surpresa?
CARPEGIANI - Não. Eu entendo.
É de cada um tomar uma atitude ali no vestiário. Mas ele [o vice de futebol, Antoine Gebran]
tomou a decisão e assumiu. E
está lá ainda. Ele é quem tem
que responder. Mas eu te garanto que, se eu estivesse lá, talvez não estaria nessa situação,
porque eu iniciei esse trabalho.
FOLHA - Finazzi atribuiu a atual situação a você. Ele acha que o time
era muito cauteloso. Concorda?
CARPEGIANI - Tenho que ser realista com o que tenho. Dentro
dessa possibilidade, eu sempre
joguei com dois atacantes, mais
o Willian, que sempre considerei outro atacante. Fui bem realista. Se estivesse dentro da realidade, talvez não estivesse na
situação atual. Sempre tentei
um time seguro. Sempre tive
uma proteção, mas liberava o
lateral. Mais que isso não dava.
FOLHA - É o pior time que treinou?
CARPEGIANI - Não. Tem os garotos, tem qualidade. Só que não
estava conseguindo resultados.
FOLHA - Poderia tê-lo feito evoluir?
CARPEGIANI - É um time com
qualidade, teria condições de
não estar na situação que está.
FOLHA - Quando chegou, a situação era pior que imaginava?
CARPEGIANI - Não, muito pelo
contrário. Sabia que falavam isso e aquilo, mas não tinha condição de comprovar porque começamos o campeonato muito
bem. Tinha a melhor defesa. À
medida que começamos a ter
um rendimento normal, começaram a aparecer as coisas. Começou a transbordar. Mas não
uso isso para explicar a queda
de rendimento. É um campeonato difícil, prefiro ficar nessa.
FOLHA - Se o Corinthians for rebaixado, você vai se sentir culpado?
CARPEGIANI - Absolutamente! Quando saí do Corinthians, ele não
estava na zona do rebaixamento. Por que eu vou ser culpado
de uma situação que não havia
quando saí? Culpa nenhuma!
Eu não tive o privilégio de formar essa equipe também.
Quando saí, estava um pouco
distante do rebaixamento. Havia outras equipes no rebaixamento, como o Flamengo.
Acho a pergunta injusta.
FOLHA - Havia tempo para os dois
caminhos, para cima ou para baixo...
CARPEGIANI - O time retrocedeu. Mas eu sou obrigado a
lembrar isso também. Quando
saí, o time estava distante do
rebaixamento. Na posição em
que estávamos, estava seguro.
Agora tem que perguntar a
quem está lá hoje. Não digo que
deveria me manter, mas digo
que não estaria nessa situação.
FOLHA - Se o Corinthians cair, a responsabilidade é de quem?
CARPEGIANI - Foi formado um
time dentro das condições do
Corinthians. Sempre disse que
era um time para ser campeão,
não podia dizer coisa diferente.
Mas eu sei que dentro de mim
existe uma realidade. Não iria
externar nunca isso. Eu sou um
profissional contratado.
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