São Paulo, sábado, 01 de dezembro de 2007

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falta um dia

"Não tenho culpa", declara Carpegiani

Ex-treinador do Corinthians nem sequer verá a partida de amanhã e diz que, com ele, o time não estaria nesta situação

Técnico cita números para defender sua passagem no clube, rechaça comentários de Finazzi e fala que entende motivos para sua demissão

Ricardo Nogueira/Folha Imagem
Paulo César Carpegiani, que deixou o Corinthians com aproveitamento de 39%, seis pontos percentuais a mais do que tem Nelsinho Baptista, em entrevista no CT de seu clube, o RS, em Porto Alegre

EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
ENVIADOS ESPECIAIS A PORTO ALEGRE

Paulo César Carpegiani, 58, esteve à frente do Corinthians, que agora está à beira do rebaixamento, na maior parte do Brasileiro. Depois de 20 rodadas, foi demitido no vestiário do Pacaembu, após o time perder para o Cruzeiro. Quase quatro meses depois, ele diz que não acompanhará, nem pela TV, o jogo em que o clube que dirigiu tenta a última cartada para se livrar do rebaixamento.
Enquanto o time estiver jogando em Porto Alegre, cidade onde mora, amanhã, ele estará em Florianópolis. Atitude de quem se diz com a consciência tranqüila e se exime de qualquer parcela de culpa na eventual queda do Corinthians.

 

FOLHA - De 20 rodadas, passou duas na zona do rebaixamento. Como você vê a situação do Corinthians após sua saída?
PAULO CÉSAR CARPEGIANI -
Quando assumi, foi feito todo um planejamento pela própria direção, dentro das possibilidades do clube depois do Paulista. O clube contratou quem achava que tinha necessidade. Eu pedi uns dois, três jogadores. Quando eu saí, te digo que, em 20 jogos, fizemos 28, 29 pontos. Se mantivesse o mesmo nível, não estaria na situação de hoje. Estaria longe, acima de 50 pontos.

FOLHA - A demissão foi surpresa?
CARPEGIANI -
Não. Eu entendo. É de cada um tomar uma atitude ali no vestiário. Mas ele [o vice de futebol, Antoine Gebran] tomou a decisão e assumiu. E está lá ainda. Ele é quem tem que responder. Mas eu te garanto que, se eu estivesse lá, talvez não estaria nessa situação, porque eu iniciei esse trabalho.

FOLHA - Finazzi atribuiu a atual situação a você. Ele acha que o time era muito cauteloso. Concorda?
CARPEGIANI -
Tenho que ser realista com o que tenho. Dentro dessa possibilidade, eu sempre joguei com dois atacantes, mais o Willian, que sempre considerei outro atacante. Fui bem realista. Se estivesse dentro da realidade, talvez não estivesse na situação atual. Sempre tentei um time seguro. Sempre tive uma proteção, mas liberava o lateral. Mais que isso não dava.

FOLHA - É o pior time que treinou?
CARPEGIANI -
Não. Tem os garotos, tem qualidade. Só que não estava conseguindo resultados.

FOLHA - Poderia tê-lo feito evoluir?
CARPEGIANI -
É um time com qualidade, teria condições de não estar na situação que está.

FOLHA - Quando chegou, a situação era pior que imaginava?
CARPEGIANI -
Não, muito pelo contrário. Sabia que falavam isso e aquilo, mas não tinha condição de comprovar porque começamos o campeonato muito bem. Tinha a melhor defesa. À medida que começamos a ter um rendimento normal, começaram a aparecer as coisas. Começou a transbordar. Mas não uso isso para explicar a queda de rendimento. É um campeonato difícil, prefiro ficar nessa.

FOLHA - Se o Corinthians for rebaixado, você vai se sentir culpado?
CARPEGIANI -
Absolutamente! Quando saí do Corinthians, ele não estava na zona do rebaixamento. Por que eu vou ser culpado de uma situação que não havia quando saí? Culpa nenhuma! Eu não tive o privilégio de formar essa equipe também. Quando saí, estava um pouco distante do rebaixamento. Havia outras equipes no rebaixamento, como o Flamengo. Acho a pergunta injusta.

FOLHA - Havia tempo para os dois caminhos, para cima ou para baixo...
CARPEGIANI -
O time retrocedeu. Mas eu sou obrigado a lembrar isso também. Quando saí, o time estava distante do rebaixamento. Na posição em que estávamos, estava seguro. Agora tem que perguntar a quem está lá hoje. Não digo que deveria me manter, mas digo que não estaria nessa situação.

FOLHA - Se o Corinthians cair, a responsabilidade é de quem?
CARPEGIANI -
Foi formado um time dentro das condições do Corinthians. Sempre disse que era um time para ser campeão, não podia dizer coisa diferente. Mas eu sei que dentro de mim existe uma realidade. Não iria externar nunca isso. Eu sou um profissional contratado.


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