São Paulo, Domingo, 02 de Janeiro de 2000


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Maracanã, 50, senta a torcida e tenta manter o Brasil de pé

da Reportagem Local

""O maior estádio de futebol do mundo" encolheu, deixou seus torcedores da geral sentados, mas pode manter a candidatura brasileira à sede da Copa de 2006 de pé.
O Maracanã, mais que o carro-chefe, do ponto de vista estrutural, da campanha nacional para receber novamente a Copa do Mundo, é cartão postal do país -no estádio, entre outros fatos históricos, Pelé marcou o milésimo gol de sua carreira.
Como na Copa de 1950, o principal estádio brasileiro vai abrigar um Mundial da Fifa e terá o privilégio de receber a final do torneio, além da disputa pelo terceiro lugar e as seis partidas do Grupo B na primeira fase.
Se há 50 anos quase 200 mil pessoas se aglomeraram para acompanhar o maior fracasso do futebol brasileiro -derrota de 2 a 1, de virada, para o Uruguai, quando o Brasil jogava pelo empate na final da Copa do Mundo-, agora 75 mil pessoas têm a possibilidade de assistir de ""camarote" a uma final entre dois clubes nacionais -Vasco e Corinthians.
Após gerar discussões sobre privatização e até implosão -em 1999, o governo do Estado do Rio fez estudos sobre a privatização do estádio, e o ex-presidente da Fifa, João Havelange, chegou a defender a implosão do mesmo-, o Maracanã sobreviveu para o primeiro Mundial de Clubes.
Para chegar com saúde no ano de seu cinquentenário, recebeu 20 mil assentos, cumprindo determinação da Fifa. Também aprimorou suas instalações, como vestiários e centro de imprensa.
""Foi gasto menos dinheiro com o Maracanã do que com o Morumbi", disse Júlio Mariz, responsável pelo COL (Comitê Organizador do Mundial de Clubes).
As reformas no Maracanã, bancadas pela CBF, custaram cerca de US$ 300 mil, segundo o COL -o governador do Estado do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, do PDT, já havia liberado uma verba de R$ 60 milhões para algumas reformas no estádio em junho do ano passado.
Paralelamente às obras, o Comitê Organizador do Mundial tem procurado criar meios para facilitar o acesso ao estádio para os torcedores, destacando estações de metrô próximas ao Maracanã -Ken Merrett, representante do Manchester United, questionou a falta de boas opções de deslocamento ao estádio no site oficial do clube.
Outro ponto negativo do estádio carioca é a falta de estacionamento. Já se cogitou até a demolição da pista de atletismo que fica no complexo do Maracanã, uma das mais modernas do país, para a construção de um local com vagas para veículos.
Um dia após a final do Mundial de Clubes, uma delegação da Fifa, composta por seis pessoas, chegará ao país para dar início à inspeção com vista à Copa-2006 -além do Brasil, Alemanha, Inglaterra, África do Sul e Marrocos também disputam a organização da competição.
O Maracanã aparece como o ponto principal da visita dos inspetores da Fifa, uma vez que seria o palco da final do Mundial-2006, caso o Brasil vença a disputa.
Independentemente da avaliação da Fifa, o estádio ao menos ganhou sobrevida, já que manterá após o Mundial de Clubes todas as melhorias que conseguiu com o torneio -o São Paulo deverá se desfazer de boa parte da infra-estrutura que o Morumbi ganhou com a competição da Fifa.
O Maracanã dividirá com o estádio do São Paulo os jogos da seleção brasileira nas eliminatórias da Copa-2002. A Confederação Brasileira de Futebol tentou espalhar os nove jogos da seleção como mandante por vários Estados do país, mas a Sul-Americana aprovou apenas partidas no Maracanã e no Morumbi.
O Mário Filho, nome oficial do Maracanã, tenta em 2000 deixar de ser o modelo típico de estádio brasileiro -gigante de concreto para amontoar as pessoas, sem grande preocupação com conforto e segurança- e ficar enxuto.
E é dessa forma que o Maracanã entrará para a história como o primeiro estádio brasileiro a abrigar dois Mundiais da Fifa. (RBu)


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