São Paulo, quinta-feira, 02 de janeiro de 2003

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Após "tirá-lo do buraco", Larri Passos afirma ter certeza que fase ruim de seu pupilo já passou

Ano Novo de Guga começa hoje

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Neste ano, Gustavo Kuerten tem um objetivo: quer provar que saiu do buraco.
A tarefa, pelo menos de acordo com Larri Passos, não será difícil. O técnico do tenista diz ter certeza de que a fase ruim já passou. E vai mais longe. Afirma estar convicto do que diz porque "fui eu quem o tirou de lá [do buraco]".
""Quando tu quer [sic] uma coisa tem que entrar de cabeça. Entrei com tudo na recuperação [do Guga, que em 2002 se submeteu a uma artroscopia no quadril direito e terminou o ano em 37º na Corrida dos Campeões] e venci", declarou em Camboriú, onde Kuerten, 26, fez a pré-temporada com outros 11 tenistas.
Passos, 44, não mede as palavras quando descreve o trabalho que teve com o jogador. E deixa a modéstia completamente de lado.
"Acredite primeiro em mim, depois nele. Enquanto estiver comigo, ele não vai desistir nunca."
A virada, segundo o treinador, começou durante o Aberto dos Estados Unidos, quando Guga foi eliminado nas oitavas-de-final.
"O "New York Times" fez uma matéria conosco, eu tinha perdido minha mãe, que era meu ponto de referência, acabado de perder meu pai, aquele problema todo com o Guga... Enquanto dava a entrevista, resolvi: "Tenho que seguir adiante". Pensei muito em Deus, numa coisa maior, que fizesse eu levantar de manhã."
"E pus na cabeça que daríamos a volta por cima. Conversamos muito, discutimos o que poderia ser melhorado, começamos a pré-temporada mais cedo e agora sim ele [Kuerten] está bem."
Na preparação do tenista, que desembarca hoje na Nova Zelândia, onde, a partir de segunda, disputa o Torneio de Auckland, Passos usou frases de efeito, algumas retiradas de livros de auto-ajuda, e falou exaustivamente em Deus. Conta até que as construções de sua clínica, onde Guga treinou, lembram o formato de uma pirâmide para que todos saibam que "lá em cima há uma força maior".
Segundo Passos, o período em que o tenista ficou parado acabou sendo muito útil. "Tive mais tempo para ficar com ele, tinha que criar uma coisa nova todo dia para passar o tempo mais rápido e pudemos trabalhar alguns fundamentos, algumas jogadas... O voleio [do Guga] melhorou muito."
O tenista, por sua vez, diz que se sente em ponto de bala. "Estou conhecendo melhor meu corpo, meu potencial... Sinceramente, acho que estou numa baita forma, valeu ter começado a preparação [para 2003] mais cedo", declarou o atleta, que depois de jogar em Auckland, viaja para Melbourne.
Lá ele disputa o Aberto da Austrália, a partir do dia 13, competição em que nunca se saiu bem -em seis participações, jamais passou da segunda rodada, seu pior resultado em Grand Slam.
Desta vez, porém, acha que a história pode ser diferente, especialmente no que depender de sua força de vontade. E já vai avisando: ""Estou seco para jogar um [torneio de] Grand Slam." E, quiçá, voltar a ficar entre os top ten.


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