ADALBERTO LEISTER FILHO
LUÍS FERRARI
TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL

A inédita conquista de Marilson dos Santos, 26, na São Silvestre, anteontem, não foi surpresa. Pelo menos não para ele e seu treinador, Adauto Domingues.
Se na véspera da prova o brasiliense afirmava que não tinha um plano estabelecido para a corrida, tudo não passava de estratégia.
O projeto começou a tomar forma há um ano, quando o fundista chegou em segundo lugar na São Silvestre de 2002, logo atrás do queniano Robert Cheruiyot.
Acompanhado de Domingues, Marilson viu e reviu o VT da prova inúmeras vezes para tentar descobrir qual tinha sido seu erro e corrigi-lo para a edição seguinte.
"Nós cansamos de ouvir as pessoas dizendo que o Marilson tinha errado, que tinha perdido a prova na subida, um monte de coisas. Aí nós resolvemos rever a prova para ver o que tinha acontecido de fato" contou Domingues.
Chegaram à conclusão de que Marilson não tinha errado, seu problema havia sido falta de preparo físico adequado para a parte final da corrida, a subida da avenida Brigadeiro Luís Antônio.
"Analisando 2002, percebi que realmente minha maior dificuldade tinha sido neste trecho, por isso resolvemos dar prioridade aos treinos de ladeira", afirmou o corredor, que foi medalha de prata nos 10.000 m e bronze nos 5.000 m no Pan de Santo Domingo-03.
Os dois também aproveitaram o vídeo para estudar qual havia sido a estratégia usada por Cheruiyot para tentar surpreendê-lo.
"Com o passar do tempo você acaba pegando experiência e aprendendo um pouco com as provas passadas", declarou Marilson, que, além do segundo lugar em 2002, também havia sido quarto colocado em 1999 e 2001.
Em boa forma, preparado com os treinos específicos para ladeira e com uma série de musculação mais pesada, Marilson aproveitou o fato de o queniano ter usado a mesma estratégia do ano anterior.
"A gente já sabia que o Cheruiyot dava umas aceleradas e depois maneirava algumas vezes no início da Brigadeiro. Aí foi só esperar ele dar a saída para o Marilson se aproveitar", disse Domingues.
"Foi bom ter estudado porque não pegou a gente de surpresa."
A prioridade de Marilson a partir de agora será conseguir o índice olímpico da maratona para os Jogos de Atenas, em agosto.
"O problema é que eu só terei só uma chance para fazer essa marca [2h15min]. A maratona precisa de um período maior de recuperação e não terei tempo de correr duas provas", disse o corredor, que, se fracassar, pode buscar o índice olímpico nos 10.000 m.
Marilson deve correr em fevereiro ou março, no exterior, sua primeira maratona. O local ainda não foi definido por seu agente.


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