São Paulo, sexta-feira, 02 de janeiro de 2004

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FUTEBOL

O Gazelas do Quênia

JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA

Sábio leitor, sabida leitora, a vitória de Marilson dos Santos foi um belo encerramento de ano. Ainda mais se pensarmos no nível dos rivais, principalmente os grandes atletas quenianos. Aliás, sabem vocês por que o Quênia tem tantos bons corredores? Não? Pois a resposta está num dos verbetes da infalível Enciclopédia de Times Imaginários, da qual forneço algumas pílulas abaixo:
1) Sociedade Esportiva Gazelas do Quênia. Fundação: 1º/1/1911. Cidade: Nairóbi. Uniforme: camisa, calções e meias pretas. Mascote: uma gazela de chuteiras. História: O Gazelas do Quênia é um time muito pobre. Sem condições de pagar o ônibus para levar sua equipe aos locais dos jogos, a diretoria obriga a comissão técnica e os jogadores a vencer as longas distâncias do país correndo. O Gazelas nunca ganhou um campeonato. Por outro lado, vários de seus atletas tornaram-se fundistas, como Paul Tergat, Martin Lel e Robert Cheruiyot, um competente ponta-direita.
2) América de Moscou F.C. Fundação: 17/10/1916. Cidade: Moscou. Uniforme: Vermelho, azul e branco. Mascote: Um urso com cabeça de águia. História: O time foi criado em homenagem ao América carioca, que excursionou pelas terras russas no ano anterior, deixando ótima impressão. Seu símbolo é a bandeira americana, só que com a foice e o martelo no lugar das estrelas. O América foi duramente perseguido durante a Guerra Fria e, no tempo do stalinismo, ficou concentrado na Sibéria. Seu torcedor mais ilustre é Alexander Soljenitsen. O clube reabriu as portas no governo de Mikhail Gorbachev. Mas faliu em poucos meses.
3) Clube de Futebol Santos. Fundação: 14/4/1912. Cidade: Miracatu. Uniforme: camisa, calção e meias brancas. Mascote: Sardinha. História: O Santos de Miracatu, também conhecido como anti-Santos ou Santos bizarro, foi fundado no mesmo dia que seu famoso homônimo, mas nunca conseguiu grande projeção no futebol (sua melhor posição na história foi um quarto lugar no campeonato amador da cidade). Um jogador, porém, fez o time entrar para a história das estatísticas do esporte: o goleiro Edison Nascimento, conhecido como Querosene. Este arqueiro conseguiu a proeza de sofrer mais de mil gols. O milésimo da série, aliás, foi sofrido após a cobrança de um pênalti. O jogo foi disputado em novembro de 1969, e o adversário foi o Vasco de Pariquera-Açu. O cobrador foi o atacante argentino Andrade. Conta-se que, após sofrer o gol, Querosene ficou socando o chão de raiva.
4) Belfast Club. Fundação: 11/9/1968. Cidade: Belfast. Uniforme: camisas vermelhas, calções verdes e meias amarelas. Mascote: Jesus Cristo. História: O Belfast foi um time criado pelo pacifista Peter Luther com o objetivo de unir católicos e protestantes irlandeses. Para evitar problemas, em sua escalação sempre há cinco atletas católicos e cinco protestantes. Na final do campeonato de 1973, o Belfast perdeu o jogo para o Londonderry após uma falha do goleiro Dibs, ateu.

Cruzeiro
2003 foi um ano perfeito para os cruzeirenses. Venceram o Campeonato Mineiro, a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro. Mas, como se isso não bastasse, sai agora um livro que aumenta ainda mais o orgulho do torcedor. Estou falando (ou melhor, escrevendo) sobre "Páginas Heróicas, onde a imagem do Cruzeiro resplandece", de Jorge Santana, que conta a história do time por intermédio de saborosas biografias de dirigentes, torcedores e jogadores, alguns conhecidos de todos, como o mestre Tostão, mas outros nem tanto, como Geraldo 2º, goleiro e pedreiro de primeira, que ganhava 450 cruzeiros por mês para defender o arco do time e 350 para construir as arquibancadas do estádio JK. Realmente, está tudo azul para os cruzeirenses.

E-mail: torero@uol.com.br


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