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Único time estrangeiro, Al-Hilal deixa garotos antecipar orações a Alá
DA REPORTAGEM LOCAL
Desprezada por alguns clubes brasileiros, a Copa São
Paulo de Futebol Júnior virou
atração na Arábia Saudita.
No ano passado, após encontro com o príncipe Nawaf
Al Saud, a FPF deixou o convite: o campeão do campeonato
sub-18 daquele país poderia
participar da Copa São Paulo.
Venceu o Al-Hilal, bicampeão
asiático, no qual jogou Rivellino nos anos 70 e que, atualmente, abriga o meia Thiago
Neves, ex-Fluminense.
Os jovens árabes chegaram
ao Brasil na última quarta-feira, após 30 horas de voo -partiram da cidade de Riad-, e se
hospedaram em Campinas.
Colocados no Grupo U, jogarão em Paulínia. Estreiam
amanhã, contra o Atlético-PR,
e enfrentarão, posteriormente, Paulínia e Remo.
"Não viemos apenas para
ganhar, mas também para levar boas imagens e experiências em jogar contra equipes
brasileiras famosas", disse à
Folha o romeno Marian Bondrea, 58, técnico da equipe, cuja delegação é composta por
29 jogadores. Mais do que
competir, ele vê esta como a
grande chance dos garotos.
"É o torneio mais importante de que eles já participaram.
A visibilidade do futebol no
Brasil é muito grande."
Bondrea diz saber que conquistar a Copa SP não é uma
missão fácil, mas minimiza as
barreiras que seus jovens jogadores enfrentarão. "A principal dificuldade é que nós somos a única equipe estrangeira, contra 91 equipes brasileiras. Todos vão jogar em casa,
nós, não", declarou.
As tradições, as maneiras e
os costumes dos árabes, crê o
técnico, não devem atrapalhar
os garotos. Muçulmanos, eles
têm a obrigação de orar cinco
vezes ao dia -independentemente de onde e do que estiverem fazendo, precisam parar e
orar em direção a Meca.
"Para eles, jogar fora de casa
será apenas mais uma experiência de vida. Em relação às
orações, eles poderão antecipá-las em 20 minutos antes de
cada jogo. É permitido."
Todos os jogadores são árabes. Por conta disso, a delegação preparou uma operação
especial no hotel em que se
hospedaram. No cardápio,
carne de porco, refrigerantes e
bebidas alcoólicas foram terminantemente vetados.
Segundo Bondrea, pelo menos três deles já despontam
como futuros craques. "Mas
nenhum tem a intenção de se
mudar para a Europa. Ainda
têm 17 anos", disse. Dos 29 jogadores, 15 têm 17 anos. Há,
ainda oito jogadores com 18
anos e seis com 16.
(LR)
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