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ATLETISMO
Campeão da São Silvestre em 97, paranaense não consegue repetir boa corrida e fica em sexto, fora do pódio
'Primeiro dos últimos' frustra Iser Bem
da Reportagem Local
"Fiquei no quase."
Campeão da Corrida Internacional de São Silvestre de 97, com essa
frase o paranaense Émerson Iser
Bem considerou ingrata sua participação na prova de 98.
Anteontem, Iser Bem, 25, completou a tradicional corrida de 15
km pelas ruas de São Paulo em sexto, atrás do queniano Paul Tergat,
do sul-africano Hendrick Ramaala, do queniano Elijah Lagat, do
equatoriano Silvio Guerra e do
queniano John Gwako.
Apesar de ser o brasileiro mais
bem colocado, Iser Bem se demonstrou bastante frustrado.
"O sexto lugar é um pouco ingrato, pois acabei fora do pódio. Na
Brigadeiro (Luís Antônio), ponto
em que esperava me recuperar,
ainda me esforcei para tentar o pódio, mas não consegui", afirmou
Iser Bem, referindo-se à subida de
3 km na avenida, no final da prova.
A sexta colocação é a primeira
que não assegura um lugar no pódio e também não oferece nenhum
prêmio em dinheiro. Resumindo:
ele foi "o primeiro dos últimos".
Com o tempo de 45min37s, Iser
Bem deixou escapar a quinta colocação e R$ 1.000 -Tergat levou R$
10 mil pela vitória- por oito segundos. Gwako marcou 45min29s.
Na verdade, se Iser Bem tivesse
simplesmente repetido o tempo de
97 (44min40s), poderia ter cruzado a linha de chegada em primeiro.
Tergat fez 44min47s anteontem.
O brasileiro não conseguiu encontrar uma justificativa plausível
para a queda no desempenho.
"Cheguei bem preparado e foi
uma prova lenta, como eu esperava. Mas me senti um pouco preso
desde o começo. Não estava em
um dia legal", declarou.
Um de seus temores era o fator
psicológico. "Passei o ano inteiro
com as pessoas falando: "Quero ver
você no dia 31'. Todos me olhavam
como se eu fosse uma estrela, o que
nunca fui na minha vida."
Mas Iser Bem afirmou que conseguiu contornar a pressão. "Controlei bem o meu nervosismo."
Ele apenas acrescentou como fator favorável aos africanos a temperatura mais baixa (27C) do que
em 97 (32C). "O calor era a única
chance de um brasileiro ganhar, e
infelizmente não fez tanto calor."
E se em 97 o queniano Tergat reclamou que um copo de água atirado pela torcida prejudicou seu desempenho, na corrida de 98 foi a
vez de Iser Bem deixar o protesto.
"Quando entrei na Brigadeiro,
alguém estourou um champanhe
em mim. Se não estivesse de óculos
(escuros), ficaria cego."
Esse não foi o único problema.
No início da prova, disse que teve
que derrubar, no meio do tumulto
pós-largada, um corredor anônimo que estava atrapalhando seu
ritmo. "Em quatro anos de São Silvestre, nunca tive que fazer isso.
Peço desculpas à pessoa."
(EDGARD ALVES, JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO E LUÍS CURRO)
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