São Paulo, sábado, 2 de janeiro de 1999

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ATLETISMO
Campeão da São Silvestre em 97, paranaense não consegue repetir boa corrida e fica em sexto, fora do pódio
'Primeiro dos últimos' frustra Iser Bem

da Reportagem Local

"Fiquei no quase."
Campeão da Corrida Internacional de São Silvestre de 97, com essa frase o paranaense Émerson Iser Bem considerou ingrata sua participação na prova de 98.
Anteontem, Iser Bem, 25, completou a tradicional corrida de 15 km pelas ruas de São Paulo em sexto, atrás do queniano Paul Tergat, do sul-africano Hendrick Ramaala, do queniano Elijah Lagat, do equatoriano Silvio Guerra e do queniano John Gwako.
Apesar de ser o brasileiro mais bem colocado, Iser Bem se demonstrou bastante frustrado.
"O sexto lugar é um pouco ingrato, pois acabei fora do pódio. Na Brigadeiro (Luís Antônio), ponto em que esperava me recuperar, ainda me esforcei para tentar o pódio, mas não consegui", afirmou Iser Bem, referindo-se à subida de 3 km na avenida, no final da prova.
A sexta colocação é a primeira que não assegura um lugar no pódio e também não oferece nenhum prêmio em dinheiro. Resumindo: ele foi "o primeiro dos últimos".
Com o tempo de 45min37s, Iser Bem deixou escapar a quinta colocação e R$ 1.000 -Tergat levou R$ 10 mil pela vitória- por oito segundos. Gwako marcou 45min29s.
Na verdade, se Iser Bem tivesse simplesmente repetido o tempo de 97 (44min40s), poderia ter cruzado a linha de chegada em primeiro. Tergat fez 44min47s anteontem.
O brasileiro não conseguiu encontrar uma justificativa plausível para a queda no desempenho.
"Cheguei bem preparado e foi uma prova lenta, como eu esperava. Mas me senti um pouco preso desde o começo. Não estava em um dia legal", declarou.
Um de seus temores era o fator psicológico. "Passei o ano inteiro com as pessoas falando: "Quero ver você no dia 31'. Todos me olhavam como se eu fosse uma estrela, o que nunca fui na minha vida."
Mas Iser Bem afirmou que conseguiu contornar a pressão. "Controlei bem o meu nervosismo."
Ele apenas acrescentou como fator favorável aos africanos a temperatura mais baixa (27C) do que em 97 (32C). "O calor era a única chance de um brasileiro ganhar, e infelizmente não fez tanto calor."
E se em 97 o queniano Tergat reclamou que um copo de água atirado pela torcida prejudicou seu desempenho, na corrida de 98 foi a vez de Iser Bem deixar o protesto.
"Quando entrei na Brigadeiro, alguém estourou um champanhe em mim. Se não estivesse de óculos (escuros), ficaria cego."
Esse não foi o único problema. No início da prova, disse que teve que derrubar, no meio do tumulto pós-largada, um corredor anônimo que estava atrapalhando seu ritmo. "Em quatro anos de São Silvestre, nunca tive que fazer isso. Peço desculpas à pessoa."
(EDGARD ALVES, JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO E LUÍS CURRO)


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