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Entidade gastou R$ 1,13 mi para financiar a candidatura de 14 políticos de 6 partidos diferentes
Depois de CPIs, CBF dobrou dinheiro para campanhas
PAULO COBOS
MARCELO SAKATE
DA REPORTAGEM LOCAL
Com as duas CPIs que a investigaram no Congresso encerradas,
a CBF abriu os cofres para as campanhas políticas de seus aliados.
A entidade presidida por Ricardo Teixeira gastou R$ 1,13 milhão
em doações nas eleições realizadas no país no ano passado.
Esse número significa um crescimento de 101% em relação ao
despendido pela CBF em 1998 para impulsionar a candidatura de
deputados federais e senadores
que depois fizeram parte da "bancada da bola" nas CPIs. Entre o final de 1998 e outubro de 2002, o
IPC, índice de inflação medido
pela Fipe, não alcançou os 40%.
Foram 14 candidatos ajudados
em 2002, com doações que variaram entre R$ 30 mil e R$ 150 mil.
Dos agraciados, oito conseguiram
a eleição ou a reeleição.
A maior parte do dinheiro foi
para quem defendeu a CBF nas
investigações no Congresso.
Eurico Miranda, presidente do
Vasco e que liderou a bancada
que derrubou o relatório final da
CPI da Câmara, levou, por exemplo, R$ 100 mil, o dobro do que
havia recebido desse doador na
campanha de 1998, quando, ao
contrário de agora, teve sucesso.
Mas, desta vez, foram feitas
também doações para novos aliados de um arco maior de partidos.
No total, candidatos de sete
agremiações políticas diferentes,
dos esquerdistas do PT até os direitistas do PPB, receberam cheques emitidos pela CBF.
O dinheiro da organização que
cuida do futebol do país, na maioria esmagadora dos casos, foi a
maior fonte de financiamento na
campanha dos contemplados.
Na sua fracassada campanha
para a reeleição, Gilvam Borges
(PMDB-AP), maior aliado de Teixeira na CPI do Senado, recebeu
R$ 100 mil da CBF, ou 49% de tudo que arrecadou.
Mas aconteceram casos mais
extremos pelo país. No Paraná o
cheque de R$ 50 mil da entidade
presidida por Teixeira respondeu
por 96% de toda a verba amealhada por Rolim de Moura, candidato derrotado ao cargo de deputado federal pelo PSD.
A CBF, que atrasou o pagamento do prêmio aos atletas e à comissão técnica que conquistaram o
pentacampeonato mundial no
ano passado, justifica o aumento
das doações de 1998 para 2002
porque elas foram calculadas sobre uma base de lucro maior.
A entidade afirmou que, proporcionalmente, o valor gasto no
ano passado foi menor do que há
quatro anos.
Considerando o faturamento da
entidade no ano passado, o maior
da história, a CBF gastou quase
1% de toda a sua arrecadação com
campanhas políticas, taxa das
mais raras entre as pessoas jurídicas no Brasil, cujo percentual costuma ser bem inferior.
Com relação aos critérios utilizados para a definição dos beneficiados, a CBF afirmou que a escolha "leva em conta a proximidade
da pessoa com o esporte e a capacidade que ela tem de engrandecer o futebol brasileiro".
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