RODRIGO BERTOLOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um típico texto de apresentação de jogo começa informando quais são os times, o local, o horário e o nome do campeonato.
E a programação de TV só apareceria no fim. Neste Paulista-2003, porém, o tema televisionamento decidiu escalar e ir para o alto das páginas, deixando em segundo plano o futebol.
Então hoje, às 17h, no Parque Antarctica, o Palmeiras receberá o time do Barbarense e várias equipes de TV. Oficialmente, só o canal pago Sportv transmite, mas quem garante que o SBT não repita a atuação de quarta e passe um jogo que era exclusivo da Sportv?
Outro ingrediente desse tipo de reportagem é batizar a partida -""o clássico da crise", ""o duelo de opostos" ou ""o jogo do ano" são os exemplos mais clichê.
Como Palmeiras x Barbarense tem um retrospecto de apenas três jogos (duas vitórias palmeirenses e um empate), não se pode falar em rivalidade. E, como o Paulista está só começando, não há nenhuma crise, urgência por pontos nem classificação à vista.
O único rótulo que cerca a partida, como todo o torneio, é ""a batalha das TVs", ou seja, o imbróglio jurídico entre Globo e SBT.
Também não pode faltar quais são as possíveis mudanças de jogadores para a partida.
No caso do Palmeiras, é inevitável um gosto de ""dejá vu". Afinal, só hoje o time deve colocar em campo as mudanças que seu técnico, Jair Picerni, planejou para o jogo contra a Ponte Preta, duas vezes adiado pelas supostas ""fortes chuvas" que só a Federação Paulista de Futebol viu cair.
O treinador trocaria o meia Zinho por Adãozinho, o atacante Dodô por Leandro e o lateral Neném pelo novato Pedro, como fez no segundo tempo contra o Mogi Mirim, quando chegou à vitória em sua estréia estadual.
Outra mudança se somou a essas: o atacante Muñoz se contundiu no treino improvisado realizado no mesmo horário em que seria a partida com a Ponte, suspensa pela FPF sem vistoria do gramado do Moisés Lucarelli.
""Eu não cancelo treino por uma chuvinha", ironizou Picerni.
Como em toda a reportagem dos chamados ""grandes times", há o espaço reservado para o noticiário do adversário menor.
O técnico do Barbarense, Paulo Comelli, prefere ignorar o retrospecto e afirma que a equipe não teme o rival. ""Não estamos mortos, ainda brigamos por uma vaga [para a próxima fase do torneio"", disse Comelli.
O treinador não contará com o zagueiro Neto, vetado pelos médicos após a vitória sobre o Ituano. Entra Marcos Alexandre. Outra mudança acontece no ataque, com o retorno de Romualdo.
Para terminar, vai o desabafo do goleiro Marcos, que preferiu disputar a bagunçado Paulista pelo Palmeiras a jogar no ordeiro futebol inglês pelo Arsenal.
""Espero que tenha jogo no domingo. Aqui no Parque Antarctica teve chuva de raio e teve jogo. A gente viu aqueles jogos suspensos por W.O. no Rio e achava o fim do mundo. Agora, começa esse caos no Paulista. Mas não se pode reclamar nem da bola nova, imagina da organização."