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FUTEBOL
País Basco "Paz e Amor"
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
E não é que veio do chamado
País Basco o time que mais
está incomodando o poderoso
Real Madrid dos três melhores do
mundo (Ronaldo, Zidane e Figo)
e que mais tempo está invicto entre os clubes que jogam nos principais campeonatos da Europa?
Uma sociedade real (é a Real
Sociedad, e não o Real, como dizem alguns) atravessou o primeiro turno do hoje tão badalado
Campeonato Espanhol sem derrotas. Nenhum outro time da nata do futebol europeu conseguiu
tal façanha nesta temporada.
O orgulho basco, que tanto terror já levou à coroa espanhola,
muito bem representada pelo
Real Madrid, aflora neste final de
semana, quando a Real Sociedad
duela com o conterrâneo Athletic
Bilbao, maior símbolo esportivo
da região ao norte da Espanha e
que não se sente muito parte desse país (maior símbolo falando de
futebol, não de pelota basca).
Pela regularidade que apresenta desde a primeira rodada do Espanhol, quando bateu o Athletic
por 4 a 2, a Real Sociedad merecia
ter ganho mais destaque na mídia internacional, mas nem mesmo os espanhóis e os bascos "engoliram" bem esse time até agora.
O Athletic Bilbao sempre se gabou por representar com unhas e
dentes o País Basco diante das seleções internacionais de Real Madrid e Barcelona, mais especialmente. Sua restrição firme a estrangeiros é uma digna marca (o
francês Lizarazu, que tem ascendência basca, seria o único "estrangeiro" na história vencedora,
sim, desse time). A Real Sociedad,
historicamente menos "radical",
triunfa agora, como já em algumas outras vezes (ela está longe
de ser o "fogo de palha" que foi o
Chievo na Itália no outro ano),
apresentando vários não-bascos
em seu elenco: o holandês Westerveld, o norueguês Kvarme, o argentino Schurrer, o alemão Tayfun, o russo Khokhlov, o iugoslavo Kovacevic e o turco Nihat.
Talvez o meia-atacante Valery
Karpin seja quem mais simbolize
o time: nasceu na Estônia, mas fez
seu nome na seleção russa. Jogou
e joga no País Basco, mas atuou
sem problemas no Valencia e no
Celta, circulando por vários "países" que existem dentro da Espanha. Chamá-lo de mercenário,
como já fizeram alguns russos, seria exagero e injusto, mas sabidamente ele é um profissional que
deixa em terceiro plano o discurso do amor à camisa.
Não quero aqui desmerecer a
bela e histórica campanha da
Real, mas explicar seu sucesso e
mostrar seu perfil, infinitamente
mais "globalizado" que o do Athletic. Aliás, a Real ficou basca
com vontade mesmo, com o nome
de Donostia, apenas nos anos 30,
até o fim da guerra civil espanhola. O Athletic, por ordem do governo, teve que "espanholar" o
nome para Atlético, mas desafiou
tal ordem já nos anos 40, quando
ganhou vários títulos na Espanha
inflamado por um nacionalismo
não tão bem compreendido. É um
"ejemplo de Euskalerria", como
diz o seu hino.
Bem treinada pelo francês Raynald Denoueix, a Real é favorita
para o clássico basco deste final
de semana, mas, para não dizer
que clássico é clássico e vice-versa,
destaco a vontade com que o Athletic deve ir para esse jogo, que
interessa diretamente à seleção
da capital (é mostrar para o Real
e para a Real que, bem acima de
ser campeão, está uma bandeira).
"Nobles vascos, adelante!" Ou,
para deixar tudo mais claro,
"Euskaldun zintzoak aurrera!"
Italiano "Paz e Amor"
A proposta de acabar com o sistema de pontos corridos na Itália
seria para "ajudar" equipes em crise financeira. Mas o "bolo" da
TV seria mais bem dividido mesmo? O "Fome Zero" já começou
nesta temporada, com os grandes liberando verbas para os pequenos. Seria um tiro no pé a mudança. Vai nessa, Brasileiro.
Mundial de Clubes "Paz e Amor"
A Europa nunca o quis. Mas Blatter quer mantê-lo. Até 2006, quando ele estará no poder, o torneio vai respirar (por aparelhos).
Coluna "Paz e Amor"
Devido ao nascimento de meu primeiro filho, Diego (nada a ver
com Maradona ou com o atual dono da lendária 10 do Santos), não
fechei a pesquisa sobre torcidas de times estrangeiros no Brasil.
Aceito votos ainda nesta semana. Mandarei o resultado completo
da votação por e-mail aos interessados.
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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