São Paulo, segunda-feira, 02 de fevereiro de 2009

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JUCA KFOURI

Jogo de 1ª, futebol de segunda


Na terceira partida entre equipes da Série A do Brasileirão no Paulistinha, o papão jogou muito pouco

SÃO PAULO e Santo André fizeram o terceiro jogo do Paulistinha entre times da primeira divisão nacional.
(Corinthians 2 x 2 Barueri e Santo André 0 x 1 Palmeiras foram os outros dois confrontos).
Mas o tricolor jogou um futebol de segunda e não só perdeu a partida (0 a 2) como a invencibilidade e a cabeça, na expulsão de Miranda. Ponte Preta 2 x 3 reservas do Palmeiras foi um jogo muito melhor. Muricy Ramalho cuspirá abelhas.

Discussão recorrente
Ugo Giorgetti, ontem, no "Estado de S. Paulo", dedicou toda a sua coluna a defender o fim dos Campeonatos Estaduais.
Visto como romântico, o talentoso diretor de cinema e sensível colunista lamentou ter chegado à conclusão tão extrema exatamente por ter sido ardoroso fã dos Estaduais, os mais românticos de nossos campeonatos.
Faço minhas as palavras dele, assim como assino embaixo a coluna de Janio de Freitas, nesta Folha, cujo título já diz tudo, "A Copa da Leviandade", sobre a de 2014, aqui.
A vida é dura.
Poucas vezes um título mexeu tanto comigo como o paulista do Corinthians em 1977.
Muitas vezes sonhei de olhos abertos com uma Copa no Brasil.
Muito antes de ser jornalista viajei para Araraquara para ver a magnífica Ferroviária, assim como ia à Vila Belmiro, por exemplo, para ver um Santos e Noroeste.
Perdi a conta do quanto o Juventus me fez sofrer no Pacaembu ou o Botafogo, em Ribeirão Preto.
Para não falar de Ponte Preta e Guarani, que chegaram a fazer de Campinas, sem exagero, a capital do futebol brasileiro, quando a Macaca foi vice-campeã paulista em 1977 e 1981 e o Bugre foi campeão brasileiro em 1978.
Muita gente respeitável e querida, aqui mesmo entre meus vizinhos de coluna, ou na ESPN, defende ardorosamente a existência dos Estaduais, em nome do direito, indiscutível na teoria, de o interior fazer festa ao receber os grandes.
Mas, modestamente, e agora na ótima companhia de quem não pode ser acusado de elitista -e seus filmes "Boleiros" são apenas as maiores provas disso-, reitero que é mesmo em nome do que já significaram que também defendo o fim dos Estaduais. Porque a prática hoje é bem diferente da tese.
Com dor e sabendo a incompreensão que a posição acarreta.
Há até quem diga que, se sou contra, não deveria comentar os jogos dos Estaduais, como faço acima e farei enquanto perdurarem, porque é o óbvio para quem não confunde o desejo com a obrigação.
Coisas de quem não só não desgosta do interior -o que seria uma cretinice- como de quem viveu em Pirassununga e Taubaté e é filho de pai nascido em Botucatu.
Como quem segue um velório, seguirei seguindo, certo de que até quem defende os Estaduais prefere seu time campeão da Copa do Brasil, do Brasileiro, da Libertadores...
Já o sonho de uma Copa ou de uma Olimpíada por aqui morre diante do feroz ataque ao dinheiro público sem deixar legados, como se viu no Pan-2007, no Rio. Sob o silêncio cúmplice do TCU.
blogdojuca@uol.com.br


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