São Paulo, quinta-feira, 02 de março de 2000


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Maioria dos atletas joga com medicação

das agências internacionais

A maioria dos jogadores de futebol necessita de medicamentos para atuar. A afirmação foi feita por um médico da Fifa, durante a Football Expo, a principal feira de negócios do futebol mundial, que está sendo realizada nesta semana em Cannes, na França.
O alemão Toni Graf-Baumann, que é membro do Comitê Médico da Fifa, revelou resultados do estudo que fez sobre a utilização de remédios pelos jogadores.
Segundo o médico, durante a disputa de ""um grande torneio", em que os participantes tiveram que passar por várias fases, mais de 70% dos atletas acabaram recorrendo a medicamentos.
""Depois das quartas-de-final do torneio, constatamos que, dos 22 jogadores de cada equipe, somente 18 estavam disponíveis para jogar e 16 desses necessitavam de medicamentos. Sem tratamento médico, não poderiam atuar", disse Graf-Baumann.
O médico, que não quis revelar o torneio que foi o alvo de sua análise, disse que os atletas não usaram substâncias proibidas durante a competição, mas sim calmantes e antiinflamatórios.
Graf-Baumann alertou para a possibilidade de os jogadores ficarem dependentes dos medicamentos. O médico atacou, assim, a maratona de jogos a que os atletas são submetidos, especialmente em algumas competições.
""Se o jogador está em excelente forma, pode chegar a disputar mais de uma partida por semana. Mas, para suprir os problemas médicos dos jogadores, os grandes clubes deveriam, de todas as formas, ter um elenco com 30 ou mais atletas de alto nível", disse.
Graf-Baumann, além de integrar a comissão médica da Fifa, trabalha em um clube da terceira divisão da Alemanha. O médico tem feito muitos estudos e pesquisas sobre doping no futebol.
""Todos os jogadores precisam de tempo para descansar e se recuperar. Jogar duas vezes por semana é muita coisa", disse.
As principais entidades do futebol mundial, como a Fifa e a Uefa, têm revisto seus calendários, mas não estão consultando os atletas.
A Fifa tem estimulado competições paralelas, como a Copa das Confederações, e criado novos torneios, como o Mundial de Clubes, jogado no Brasil. Na Europa, foi extinta a Recopa, mas os jogadores estão tendo mais trabalho com o inchaço da Copa dos Campeões e da Copa da Uefa.
Mesmo assim, os clubes europeus jogam, em média, menos que os clubes brasileiros. É comum um time ""grande" no Brasil realizar mais de 80 jogos em uma temporada -faz quase 20 partidas a mais que um europeu.
Além dos torneios estaduais, que ocupam o primeiro semestre no Brasil, os clubes do país têm se envolvido mais em competições continentais, como a Copa Mercosul e a Copa Conmebol.
O presidente da Fifa, o suíço Joseph Blatter, planeja um calendário mundial unificado, com férias para os jogadores em dezembro, mas vem encontrando dificuldades para atender os clubes.


Com a Reportagem Local

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