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VÔLEI
Filho de Vera Mossa e de Bernardinho, levantador desponta como o melhor da Superliga e promessa para a seleção
Bruninho copia a mãe para ganhar o pai
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Certo dia Renan recebeu um telefonema. Do outro lado da linha,
o velho amigo questionou: "Você
não acha que já está na hora de o
Bruno entrar na fogueira?".
Concordou na hora e decidiu
chamar o garoto "nem que fosse
só para ser catador de bolas". Afinal, ele ainda era jovem, e o time
já contava com seus levantadores.
Um ano depois, a surpresa. Bruno, 18, assumiu a condição de segundo levantador da Unisul, atrás
só de Marcelinho, da seleção.
Hoje, seu desempenho surpreende ainda mais. É o melhor
de sua posição na Superliga.
Seria a história de mais uma
surpresa não fosse seu nome. Bruno Mossa de Resende, 19, é filho
da ex-jogadora Vera Mossa e de
Bernardinho, o velho amigo de
Renan Dal Zotto, medalhista de
prata em Los Angeles ao seu lado
e ex-supervisor da Unisul.
"O desempenho dele é uma surpresa principalmente para mim.
Apostei alto quando defini que ele
seria "o cara". É uma posição que
exige maturidade, consciência",
diz o atual técnico do Florianópolis, finalista do torneio nacional.
Bruno tem aproveitamento de
38,18% e aparece à frente de veteranos, como o campeão olímpico
Talmo, e de promessas, como Vinhedo, revelação e líder das estatísticas da última Superliga.
As comparações com Bernardinho são inevitáveis. O técnico costuma dizer que só espera que o filho seja melhor do que ele foi.
Bruno, que já teve no "nome artístico" seus dois sobrenomes, hoje atende por Bruninho. Escolheu
a mesma posição que o pai, despontou cedo no vôlei e tem o temperamento semelhante: é perfeccionista e explosivo em quadra.
Características que ele tenta
controlar para buscar mais um
elo com o pai: a confiança de ser
convocado para a seleção.
"Sempre treinei muito, vejo
DVDs dos rivais, me cobro demais. Estou tentando ficar menos
ansioso. Os jogadores e o Renan
estão me ajudando", afirma.
"A seleção é um sonho, mas tenho muito o que aprender. A cobrança comigo vai ser bem maior,
das pessoas de fora e de mim mesmo. Tenho de provar que consigo
porque sou capaz, não por causa
do meu pai ou de qualquer um."
Vera Mossa já notou as mudanças no comportamento do filho.
Torcedora fanática, diz que se
preocupava com as explosões de
Bruninho e sua dificuldade de lidar com as derrotas.
"É bom porque ele demonstra
ter muita garra, mas às vezes extrapolava. Ele está buscando um
equilíbrio. Eu era mais controlada
quando jogava. Acho que está ficando parecido comigo", brinca.
Renan aprova a tentativa de
Bruninho de "copiar" a mãe.
"Ele se culpa muito. Às vezes
um cara erra e ele pede desculpa.
É meio "invocadinho" também.
Nisso os jogadores mais experientes estão ajudando muito", diz.
Bruno mostra desde cedo o
apreço pela competição. Vera
conta que teve de proibir bolas em
casa porque não lhe sobravam
mais bibelôs. A solução foi usar
bexigas. "Ele ficava bravo quando
percebia que o deixava ganhar.
Ele errava de propósito só para
equilibrar o jogo", diz ela, que jura que Bruninho treinava saques e
cortadas com chupetas no berço.
Bernardinho prefere não comentar o desempenho do filho.
Como pai, está feliz e orgulhoso,
mas quer evitar avaliações técnicas antes do fim da Superliga.
Em maio, a seleção deve iniciar
os treinos para a Liga Mundial.
No ano passado, a revelação do
campeonato acabou convocada.
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