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COPA 2006
Invadidos por estrangeiros, times mais populares do país vêem participação na seleção despencar na Alemanha
Espanha tira o peso de Barcelona e Real
ANTONIO TORRES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE MADRI
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Na imensa lista de desculpas para os fracassos da Espanha nas
Copas, aparece a divisão entre jogadores do Barcelona e do Real
Madrid, que quase sempre formaram a base da equipe.
A partir de junho, no Mundial
da Alemanha, essa justificativa
não vai valer. Recheados de jogadores estrangeiros, os dois clubes
vão mandar para a Copa o menor
contingente de representantes locais desde que o país iniciou sua
série de presenças ininterruptas
na competição, em 1978.
Pelo cenário atual, serão seis ou
sete jogadores da dupla -no último amistoso espanhol, contra a
Costa do Marfim, foram só três
atletas do Real Madrid e apenas
um do Barcelona.
Nas últimas sete Copas, os elencos espanhóis tinham, em média,
10,5 jogadores de seus dois clubes
mais famosos.
"Os clubes daqui cada vez têm
menos jogadores espanhóis para
serem convocados, e o Barça e o
Real não são exceções. Por isso, é
difícil que muitos jogadores possam ser chamados", diz Luis Aragonés, o técnico espanhol, que,
caso os cabeças-de-chave confirmem seu status na primeira fase e
nas oitavas-de-final, enfrentará o
Brasil nas quartas-de-final.
Para a seleção de Parreira, aliás,
os dois times devem fornecer seis
jogadores -Roberto Carlos, Cicinho, Ronaldo e Robinho, pelo
Real, e Ronaldinho e Edmílson,
pelo Barcelona.
"Os grandes jogadores atuam
nos grandes times. Nesse sentido
é normal", diz, resignado, Aragonés sobre a presença maciça de
brasileiros nos principais clubes
de seu país.
Já em relação aos técnicos importados ele tem restrições. "Eles
têm conhecimentos e outra forma
de ver futebol, a dos seus países.
Mas na Espanha há bons técnicos.
Não faz sentido pensar que o que
vem de fora é melhor pelo fato de
ser de fora. Um bom treinador é
bom, venha de onde vier."
E não é só um caso de quantidade a diminuição do peso dos
grandes rivais espanhóis na seleção local. Com exceção do goleiro
Casillas e o zagueiro Puyol, nenhum jogador da dupla tem vaga
garantida no elenco titular.
Na Copa de 1998, a Espanha começou a competição com sete jogadores de seus dois clubes mais
populares como titulares.
A história geral da seleção espanhola mostra o peso de Barça e
Real. Na lista dos seis jogadores
que mais atuaram e fizeram gols
pela "Fúria", só aparecem jogadores que tiveram o ponto alto da
carreira nesses dois clubes.
Antes do início da temporada
05/06, nada menos do que 48% da
artilharia espanhola na história
saiu dos pés e cabeças de atletas
do Barcelona e do Real.
Além do pouco espaço com a
invasão estrangeira, Aragonés sofre para chamar gente desses dois
times por contusões.
Raúl, do Real e que é o maior artilheiro da Espanha, tem até sua
vaga entre os 23 jogadores colocada em dúvida. Segundo o treinador, o atacante deve retomar sua
titularidade no Real, perdida depois da grave contusão no joelho,
para ser chamado.
Coisa parecida precisa acontecer com o meia barcelonista Xavi,
que se recupera de contusão.
Com pouca gente dos dois grandes locais, Aragonés volta seus
olhos para a Inglaterra.
De lá devem chegar pelo menos
cinco jogadores para o grupo que
vai estar na Alemanha, incluindo
nomes que devem estar no time
titular, como o meia Luiz Garcia.
Para traduzir os bons resultados
em um atestado de confiança da
torcida e da crítica, a Espanha tenta driblar a falta de tempo para
treinos. Aragonés programou alguns encontros dos jogadores
apenas para treinos nas folgas dos
clubes. Ele também conta com reforços de última hora, e isso passa
pelo Brasil.
O volante Marcos Senna, do Villarreal, foi chamado para o jogo
contra a Costa do Marfim. O lateral Daniel Alves, do Sevilla, também é um sonho de consumo do
treinador espanhol.
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