São Paulo, domingo, 02 de abril de 2006

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COPA 2006

Invadidos por estrangeiros, times mais populares do país vêem participação na seleção despencar na Alemanha

Espanha tira o peso de Barcelona e Real

ANTONIO TORRES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE MADRI

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Na imensa lista de desculpas para os fracassos da Espanha nas Copas, aparece a divisão entre jogadores do Barcelona e do Real Madrid, que quase sempre formaram a base da equipe.
A partir de junho, no Mundial da Alemanha, essa justificativa não vai valer. Recheados de jogadores estrangeiros, os dois clubes vão mandar para a Copa o menor contingente de representantes locais desde que o país iniciou sua série de presenças ininterruptas na competição, em 1978.
Pelo cenário atual, serão seis ou sete jogadores da dupla -no último amistoso espanhol, contra a Costa do Marfim, foram só três atletas do Real Madrid e apenas um do Barcelona.
Nas últimas sete Copas, os elencos espanhóis tinham, em média, 10,5 jogadores de seus dois clubes mais famosos.
"Os clubes daqui cada vez têm menos jogadores espanhóis para serem convocados, e o Barça e o Real não são exceções. Por isso, é difícil que muitos jogadores possam ser chamados", diz Luis Aragonés, o técnico espanhol, que, caso os cabeças-de-chave confirmem seu status na primeira fase e nas oitavas-de-final, enfrentará o Brasil nas quartas-de-final.
Para a seleção de Parreira, aliás, os dois times devem fornecer seis jogadores -Roberto Carlos, Cicinho, Ronaldo e Robinho, pelo Real, e Ronaldinho e Edmílson, pelo Barcelona.
"Os grandes jogadores atuam nos grandes times. Nesse sentido é normal", diz, resignado, Aragonés sobre a presença maciça de brasileiros nos principais clubes de seu país.
Já em relação aos técnicos importados ele tem restrições. "Eles têm conhecimentos e outra forma de ver futebol, a dos seus países. Mas na Espanha há bons técnicos. Não faz sentido pensar que o que vem de fora é melhor pelo fato de ser de fora. Um bom treinador é bom, venha de onde vier."
E não é só um caso de quantidade a diminuição do peso dos grandes rivais espanhóis na seleção local. Com exceção do goleiro Casillas e o zagueiro Puyol, nenhum jogador da dupla tem vaga garantida no elenco titular.
Na Copa de 1998, a Espanha começou a competição com sete jogadores de seus dois clubes mais populares como titulares.
A história geral da seleção espanhola mostra o peso de Barça e Real. Na lista dos seis jogadores que mais atuaram e fizeram gols pela "Fúria", só aparecem jogadores que tiveram o ponto alto da carreira nesses dois clubes.
Antes do início da temporada 05/06, nada menos do que 48% da artilharia espanhola na história saiu dos pés e cabeças de atletas do Barcelona e do Real.
Além do pouco espaço com a invasão estrangeira, Aragonés sofre para chamar gente desses dois times por contusões.
Raúl, do Real e que é o maior artilheiro da Espanha, tem até sua vaga entre os 23 jogadores colocada em dúvida. Segundo o treinador, o atacante deve retomar sua titularidade no Real, perdida depois da grave contusão no joelho, para ser chamado.
Coisa parecida precisa acontecer com o meia barcelonista Xavi, que se recupera de contusão.
Com pouca gente dos dois grandes locais, Aragonés volta seus olhos para a Inglaterra.
De lá devem chegar pelo menos cinco jogadores para o grupo que vai estar na Alemanha, incluindo nomes que devem estar no time titular, como o meia Luiz Garcia.
Para traduzir os bons resultados em um atestado de confiança da torcida e da crítica, a Espanha tenta driblar a falta de tempo para treinos. Aragonés programou alguns encontros dos jogadores apenas para treinos nas folgas dos clubes. Ele também conta com reforços de última hora, e isso passa pelo Brasil.
O volante Marcos Senna, do Villarreal, foi chamado para o jogo contra a Costa do Marfim. O lateral Daniel Alves, do Sevilla, também é um sonho de consumo do treinador espanhol.


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