São Paulo, quinta-feira, 02 de abril de 2009

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JUCA KFOURI

Obrigação cumprida


Ganhar do Peru, jogando no Brasil, era apenas fazer uma lição de casa para a seleção que não permite euforia


PERU DEGOLADO, Peru goleado. E daí? Daí que a seleção da CBF limitou-se a fazer o que era obrigatório, sem brilho, com um gol de pênalti, em Kaká, e outro em impedimento, ambos de Luis Fabiano, no primeiro tempo.
No segundo tempo, com o segundo lugar nas eliminatórias garantido, esperava-se alguma arte e mais gols, como fizeram seis os uruguaios quando receberam os peruanos, ou cinco, como os equatorianos, ou pelo menos três, como os bolivianos. O Beira-Rio, cheio de lugares vazios, queria Pato, como o país, e testemunhava a correta barração de Ronaldinho, além de sofrer com as presenças de dois cães de guarda como Gilberto Silva e Felipe Mello, apesar de não haver o que guardar. A "aldeia" de Dunga já xingava, os erros nos passes eram irritantes, e o técnico permanecia impassível, não mexia no time.
Então, aos trancos e barrancos, Felipe Mello fez um belo gol, o que pode não ser bom para o futuro... Os últimos 15 minutos tiveram Pato, Ronaldinho e Kaká. Mas aí já não tinha mais jogo.

Fiel, o filme
Entra em cartaz no dia 10 de abril "Fiel", um filme de corintianos para corintianos. E já está disponível em regime de pré-venda no sítio www.filmefiel.com.br, dirigido pela corintiana Andrea Pasqualini, com roteiro dos também fiéis Marcelo Rubens Paiva e Serginho Groisman.
É um filme oficial, e, como se sabe, filmes oficiais têm o grave vício de serem oficiais. Este, no entanto, não é portador do desvio. Porque, acredite, não dá espaço a nenhum dos cartolas do clube, que deram só duas ordens aos seus realizadores: "Não ter nenhum cartola e não aceitar nenhuma ordem dos cartolas...". Deu certo.
Dividido em três partes, sem narração a não ser na voz dos torcedores, técnico e jogadores, o filme começa com depoimentos candentes de fiéis comuns e uniformizados, mais dos primeiros, a maioria, do que dos segundos, inevitáveis.
Continua com a queda para a Série B, tão doída que houve corintiano que teve vontade de sair do cinema, embora lá estivesse profissionalmente, por inverossímil que a queda parece. O alvinegro que conversa com o colunista chegou até a confessar que só não se levantou porque acreditou até o fim que a queda não aconteceria.
A redenção vem na terceira parte, com direito a um encerramento com letra e música inéditas de Rita Lee e Carlos Rennó, "Sou Fiel".
Uma apoteose comovente ao extremo, com o hino corintiano em ritmo de samba-rock e uma maravilhosa torcedora que alterna seu tratamento quimeoterápico com jogos do Corinthians para sobreviver, enlouquecidamente sã. Danubia Cristiano dos Santos (dos Corinthians, na verdade...) foi escolhida por seu comportamento nas arquibancadas sem que se soubesse do mal que a afligia e aflige.
Um filme, enfim, que constata que o coração do torcedor não tem divisões, porque a emoção da dor é a mesma da alegria, o que vale é vivê-las, ainda mais se ao lado da maioria, coisa que só quem é pode sentir, por inexplicável que seja.

blogdojuca@uol.com.br


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