São Paulo, sexta, 2 de abril de 1999

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FUTEBOL
Competição tem queda de 5% na média de gols em relação a 98, e a maior redução ocorre nas jogadas aéreas
Paulistas "perdem a cabeça' em 99

da Reportagem Local

A queda na média de gols do Campeonato Paulista em 99, a única competição entre as principais do futebol brasileiro nesta temporada que apresenta nesse item desempenho inferior ao do ano passado, é um problema de cabeça.
Em relação a 98, a média de gols feitos em jogadas aéreas diminuiu 22%, passando de 0,81 por partida para 0,63.
Essa diferença representa um total de 16 gols que deixaram de ser marcados no Paulista-99 se a média do torneio do ano passado tivesse sido mantida.
Com eles, a média de gols da competição chegaria a 3,57 por partida, número ligeiramente superior ao do ano passado, de 3,56.
No geral, os gols de cabeça diminuíram sua participação no total do Campeonato Paulista de 23% em 98 para 18,9% em 99.
A queda é a maior variação negativa entre as diversas formas de marcar (veja quadro abaixo).
"Esse dado é uma surpresa para mim. Não sei qual pode ser a explicação para isso", diz o goleiro Nei, do Corinthians, que só sofreu um de seus oito na competição em uma jogada aérea.
Os números do Datafolha, porém, explicam parte do fracasso do jogo aéreo no estadual.
No ano passado, 35 -ou 8%- dos 449 gols da competição foram feitos após cobranças de escanteio. Agora, apenas 16, ou 5% dos 302 gols marcados até o momento, saíram desse tipo de jogada.
O volante Rincón, do Corinthians, tem uma interpretação para os números levantados pelo Datafolha nesse quesito.
"A marcação neste Campeonato Paulista está mais restrita na área, mais fechada nas jogadas aéreas e nos cruzamentos. No ano passado, tínhamos mais liberdade na área", afirma o jogador colombiano.
O técnico de Rincón, Evaristo de Macedo, aponta outro problema para a marcação de gols com a cabeça no Paulista.
"É preciso também ter bons cruzadores", diz o treinador.
O meia Zinho, do Palmeiras, equipe que ainda não marcou nenhum gol de cabeça na competição (leia texto abaixo) considera a origem dos gols insignificante para as equipes.
"Se a equipe está vencendo e convencendo, não importa como saem os gols. O que vale é colocar a bola para dentro. É até bom que a gente esteja variando, pois assim não ficamos rotulados como uma equipe que só tem um tipo de jogada", afirmou o jogador.
Zinho atribuiu a variação dos gols de sua equipe ao novo posicionamento no meio de campo, mais compacto, e à entrada de Jackson.
"Ele conduz bem a bola pelo meio, aparece para tabelar. Eu, ele, o Galeano e o César Sampaio fazemos uma boa compactação no meio-campo, que faz com que a gente não dependa apenas dos laterais", disse o jogador.
Já para o atacante Leandro, da Lusa, a falta de gols de cabeça acontece pela diferença de estatura entre atacantes e zagueiros.
"No meu caso, por exemplo, fica difícil com a minha altura", lamenta ele, que tem 1,76 m.
O jogo aéreo é a deficiência mais evidente de Ronaldinho, principal atacante brasileiro na Copa. O Mundial foi praticamente decidido em favor da França com dois gols de cabeça de Zidane.
² Queda inédita
A queda de gols no Paulista-99, favorecida pela diminuição nas jogadas aéreas, acontece em uma temporada marcada pela melhora da artilharia em outras competições realizadas no país.
No Torneio Rio-São Paulo, encerrado no mês passado, a média de gols aumentou 22% em relação ao ano passado, chegando a 3,38 por partida.
Na Libertadores, a média de gols nos jogos envolvendo os times brasileiros é de 4,3 por partida.
Esse alto índice no principal torneio interclubes sul-americano deve-se em parte aos gols de cabeça.
O Palmeiras, que não fez nenhum de cabeça no Paulista, marcou quatro dessa forma na goleada de 5 a 2 sobre o Cerro Porteño, no Paraguai -no segundo jogo contra o Corinthians pela Libertadores, o único gol palmeirense foi feito por Paulo Nunes, de cabeça.
A diminuição do número de gols do Campeonato Paulista-99 só não é maior graças a uma jogada que muitos consideram desprezadas pelos jogadores brasileiros -os chutes de fora da área.
O número de gols anotados dessa forma aumentou 23%, passando de 0,52 por jogo em 98 para 0,64 por partida no atual torneio.



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