|
Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Competição tem queda de 5% na média de gols em relação a 98, e a maior redução ocorre nas jogadas aéreas
Paulistas "perdem a cabeça' em 99
da Reportagem Local
A queda na média de gols do
Campeonato Paulista em 99, a única competição entre as principais
do futebol brasileiro nesta temporada que apresenta nesse item desempenho inferior ao do ano passado, é um problema de cabeça.
Em relação a 98, a média de gols
feitos em jogadas aéreas diminuiu
22%, passando de 0,81 por partida
para 0,63.
Essa diferença representa um total de 16 gols que deixaram de ser
marcados no Paulista-99 se a média do torneio do ano passado tivesse sido mantida.
Com eles, a média de gols da
competição chegaria a 3,57 por
partida, número ligeiramente superior ao do ano passado, de 3,56.
No geral, os gols de cabeça diminuíram sua participação no total
do Campeonato Paulista de 23%
em 98 para 18,9% em 99.
A queda é a maior variação negativa entre as diversas formas de
marcar (veja quadro abaixo).
"Esse dado é uma surpresa para
mim. Não sei qual pode ser a explicação para isso", diz o goleiro Nei,
do Corinthians, que só sofreu um
de seus oito na competição em
uma jogada aérea.
Os números do Datafolha, porém, explicam parte do fracasso do
jogo aéreo no estadual.
No ano passado, 35 -ou 8%-
dos 449 gols da competição foram
feitos após cobranças de escanteio.
Agora, apenas 16, ou 5% dos 302
gols marcados até o momento, saíram desse tipo de jogada.
O volante Rincón, do Corinthians, tem uma interpretação para os números levantados pelo Datafolha nesse quesito.
"A marcação neste Campeonato
Paulista está mais restrita na área,
mais fechada nas jogadas aéreas e
nos cruzamentos. No ano passado,
tínhamos mais liberdade na área",
afirma o jogador colombiano.
O técnico de Rincón, Evaristo de
Macedo, aponta outro problema
para a marcação de gols com a cabeça no Paulista.
"É preciso também ter bons cruzadores", diz o treinador.
O meia Zinho, do Palmeiras,
equipe que ainda não marcou nenhum gol de cabeça na competição
(leia texto abaixo) considera a origem dos gols insignificante para as
equipes.
"Se a equipe está vencendo e convencendo, não importa como
saem os gols. O que vale é colocar a
bola para dentro. É até bom que a
gente esteja variando, pois assim
não ficamos rotulados como uma
equipe que só tem um tipo de jogada", afirmou o jogador.
Zinho atribuiu a variação dos
gols de sua equipe ao novo posicionamento no meio de campo, mais
compacto, e à entrada de Jackson.
"Ele conduz bem a bola pelo
meio, aparece para tabelar. Eu, ele,
o Galeano e o César Sampaio fazemos uma boa compactação no
meio-campo, que faz com que a
gente não dependa apenas dos laterais", disse o jogador.
Já para o atacante Leandro, da
Lusa, a falta de gols de cabeça
acontece pela diferença de estatura
entre atacantes e zagueiros.
"No meu caso, por exemplo, fica
difícil com a minha altura", lamenta ele, que tem 1,76 m.
O jogo aéreo é a deficiência mais
evidente de Ronaldinho, principal
atacante brasileiro na Copa. O
Mundial foi praticamente decidido em favor da França com dois
gols de cabeça de Zidane.
²
Queda inédita
A queda de gols no Paulista-99,
favorecida pela diminuição nas jogadas aéreas, acontece em uma
temporada marcada pela melhora
da artilharia em outras competições realizadas no país.
No Torneio Rio-São Paulo, encerrado no mês passado, a média
de gols aumentou 22% em relação
ao ano passado, chegando a 3,38
por partida.
Na Libertadores, a média de gols
nos jogos envolvendo os times
brasileiros é de 4,3 por partida.
Esse alto índice no principal torneio interclubes sul-americano deve-se em parte aos gols de cabeça.
O Palmeiras, que não fez nenhum de cabeça no Paulista, marcou quatro dessa forma na goleada
de 5 a 2 sobre o Cerro Porteño, no
Paraguai -no segundo jogo contra o Corinthians pela Libertadores, o único gol palmeirense foi feito por Paulo Nunes, de cabeça.
A diminuição do número de gols
do Campeonato Paulista-99 só não
é maior graças a uma jogada que
muitos consideram desprezadas
pelos jogadores brasileiros -os
chutes de fora da área.
O número de gols anotados dessa
forma aumentou 23%, passando
de 0,52 por jogo em 98 para 0,64
por partida no atual torneio.
Próximo Texto | Índice
|