São Paulo, sexta, 2 de abril de 1999

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Nem futebol nem decepção total

JUCA KFOURI
Colunista da Folha

Se o futebol total prometido por Wanderley Luxemburgo não apareceu nos jogos na Ásia -e nem poderia-, pelo menos a decepção foi apenas parcial.
A vitória diante do Japão, fruto de dois erros primários dos rivais (o primeiro no desarme de Flávio Conceição na intermediária adversária e o segundo na saída em falso do goleiro japonês), mostrou, ao menos, que, com o time acordado, mais bem adaptado à brutal diferença de fuso horário, o valor individual ainda prevalece.
É verdade que, nas duas partidas, seis dos titulares vieram da Europa, com diferença menor de fuso (oito horas) e com frio semelhante ao encontrado em Seul e Tóquio.
Mas, mesmo que os "europeus" tenham sofrido menos do que seus cinco companheiros que saíram do Brasil, a soma dos sofrimentos mais o desentrosamento é razão suficiente para o nenhum brilho demonstrado nos gramados asiáticos.
É de se esperar, portanto, que nenhum jogador tenha sido vítima de uma sentença definitiva, casos, principalmente, de Juninho, Alessandro e Jardel, que foram os que ficaram mais distantes do que podem.
Aliás, já começa a ficar difícil entender certas atitudes de Luxemburgo. Ele não esconde dos mais íntimos que nem Juninho nem Alessandro nem Jardel são jogadores que vê com potencial para a seleção.
De Juninho, ele diz que gosta mais do outro, o que está no Atlético de Madrid.
Alessandro ele vê como jogador de clube, e Jardel seria o caso típico do goleador que precisa que o time jogue em função dele, algo que não faz sentido numa seleção brasileira.
Mesmo assim, convocou-os, talvez porque mudou de opinião ou porque quis mostrar que eles não servem.
Tomara que a primeira opção seja a correta, porque, se não há pecado algum em mudar de opinião, fritar jogadores é uma coisa simplesmente odiosa e desnecessária.

Estranha portaria foi publicada no Diário Oficial do Município de São Paulo, do último dia 30 de março, sob o título "Publicação por Omissão". "Autorizo a utilização do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho para a realização da festa de abertura do Campeonato Paulista de 1999 no dia 25 de janeiro de 1999..."

O Vasco é hoje o maior clube poliesportivo do país. Natação, remo, futsal, futebol, é claro, basquete e por aí afora.
O título sul-americano conquistado diante do catimbeiro quinteto do Boca Juniors, com vitórias lá e cá, é histórico e inesquecível.
Mas não a ponto de apagar da memória que equipes, como as de Franca, do Sírio e do Corinthians, também conseguiram, anos atrás, façanha semelhante. É só porque a Liga Sul-Americana tem apenas quatro anos de vida que se pode considerar como inédito o título vascaíno.
O Sírio, por sinal, chegou a ser campeão mundial, algo que será impossível ao Vasco, porque, então, o campeão da NBA não participava do torneio que reunia os campeões continentais.

O Flamengo, por falar em remo, está desonrando sua história, clube de regatas que é sua origem, ao se insurgir contra o controle antidoping nas provas que participa.
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Juca Kfouri escreve aos domingos, às terças e às sextas-feiras


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