São Paulo, domingo, 02 de maio de 2004

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AUTOMOBILISMO

Rory Byrne, hoje na Ferrari, trabalhou na Toleman e convive com Schumacher desde a era Benetton

"Ouvido musical" nivela alemão com Senna, diz projetista

FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Toleman que Ayrton Senna pilotava quando assombrou a F-1 logo no terceiro GP de sua carreira, Mônaco-84, levava sua assinatura. O Benetton que Nelson Piquet guiava na sua despedida, Austrália-91, também. Assim como o Benetton da primeira vitória de Michael Schumacher, em Spa-92, e as oito últimas Ferraris.
O sul-africano Rory Byrne considera-se um sortudo. Projetista mais bem-sucedido da última década, trabalhou de perto com três campeões mundiais. Entre eles, Senna e Schumacher. Que no exterior, como no Brasil, suscitam debates acalorados de torcedores.
Seria, portanto, o homem mais indicado para resolver a polêmica. Afinal, Senna foi melhor piloto do que Schumacher? Schumacher já superou Senna? E o Piquet?
"Trabalhei com eles em estágios diferentes de suas carreiras. Peguei o Ayrton logo que ele chegou à F-1, entusiasmado, cometendo erros, mas muito comprometido e ciente da importância da motivação, do espírito de equipe. Ele era muito bom nisso", disse Byrne, 60, em entrevista à Folha.
"Depois, quando encontrei Nelson... Era o fim da carreira dele, o penúltimo ano. Apesar disso, era muito motivado. É claro que já estava mais relaxado, vivia pregando peças em todos e fazendo piadas. Mas, quando entrava no carro, ficava 100% concentrado."
Por fim, fala de Schumacher. "O Michael também sempre foi 100% focado naquilo que queria, desde o começo. No geral, ele está melhorando a cada ano. Ele está pilotando melhor do que nunca agora, na minha opinião", declarou.
Para Byrne, porém, é impossível comparar os três pilotos. Mas ele cita algo que percebeu em Senna e Schumacher: "Ouvido musical".
"Eles eram bem diferentes entre eles, mas tinham em comum essa característica de, mesmo dirigindo rápido, conseguirem pensar nos aspectos técnicos. Tecnicamente, eram idênticos. Sempre conseguiram antever o que aconteceria com o carro", afirmou.
Em termos de resultado, nada passa perto do que Byrne conseguiu com Schumacher. Na Benetton, foram dois Mundiais de Pilotos e um de Construtores.
Levado para a Ferrari no fim de 96, sofreu para colocar Maranello em ordem, mas deslanchou a partir de 99. Na equipe italiana, soma cinco Mundiais de Construtores e quatro de Pilotos.
Com Senna, cuja morte completou dez anos ontem, seu melhor momento foi a heróica segunda posição sob o temporal de Mônaco, em 84 -que só não se transformou em vitória porque a prova foi interrompida quando o brasileiro ameaçava a liderança de Alain Prost. Com Piquet, Byrne obteve três vitórias entre 90 e 91.
"Mais uma vez, é difícil comparar. Eram eras diferentes. Em 84, a Toleman era um time pequeno, com 60 pessoas. Para ter uma idéia, em 94 éramos mais de 300 na Benetton. O orçamento que tínhamos na Benetton em 95 era mais ou menos dez vezes o da Toleman em 81, quando entramos na F-1. E dez vezes o orçamento leva toda as operações para um nível bem superior", completou.


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