São Paulo, quarta-feira, 02 de maio de 2007

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Corinthians paga e não fatura com marketing

Licenciamento gera R$ 761 mil; agência de neta de Dualib recebe R$ 763 mil

Dirigente diz que números de 2006 são "coincidência"; para auditores, contrato com agência de Carla Dualib é um "risco" fiscal ao clube


RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

O Corinthians pagou em 2006 à empresa de Carla Dualib mais do que o valor arrecadado com licenciamento de produtos e franquias. Essas atividades estão entre as principais da SMA, a agência de Carla, que é neta do presidente do clube, Alberto Dualib.
Segundo o balanço corintiano, o clube do Parque São Jorge amealhou R$ 761 mil de parceiros que associaram a marca do time a seus produtos e serviços.
No mesmo período, a agência de marketing da neta de Dualib recebeu do Corinthians R$ 763 mil. O valor não aparece no balanço, mas em uma carta da BDO Trevisan, empresa contratada pelo próprio cartola para auditar as contas do clube.
"É uma coincidência, os valores são semelhantes, mas não significa que tudo o que recebemos com essas ações foi repassado à empresa da Carla", afirmou Emerson Piovezan, vice-presidente financeiro.
De acordo com ele, a SMA recebeu em 2006 porcentagens referentes a contratos realizados em anos anteriores.
"Geramos muito mais receitas para o clube. Quanto mais minha empresa ganha, mais receitas ela gerou para o Corinthians", afirmou Carla.
Segundo ela, na quantia recebida em 2006 está uma comissão de intermediação da renovação de contrato da Nike, em 2005, o que a MSI, parceira do clube alvinegro, negou à época.
"Para saber quanto geramos ao clube, é preciso somar R$ 15 milhões de um contrato, R$ 5 milhões de outro, e por aí vai", disse a neta do dirigente.
A carta dos auditores faz ressalvas ao contrato com a SMA. Entre outras coisas, diz que o sobrenome de Carla poderia gerar desconfiança em órgãos fiscalizadores. Se sua remuneração fosse entendida como uma remuneração ao avô, o clube correria o risco de perder sua isenção tributária.
Comissão da oposição, que recebeu da diretoria os documentos contábeis do Corinthians, distribuiu relatório aos conselheiros citando a carta da BDO. A auditoria sugere que o acordo seja refeito a partir de uma cotação de preços com outras agências de marketing.
Antes da parceria com a MSI, a agência de Carla tinha assegurada em contrato exclusividade em todos os acordos de marketing. Pelo compromisso estabelecido, que durou de 2003 até abril do ano passado, a SMA recebia 10% do valor de todos os negócios apresentados por ela ao Corinthians. E R$ 38 mil mensais para custear o trabalho de seus profissionais.
Kia Joorabchian bateu de frente com a neta de Dualib, que cobra até hoje comissão pelo contrato com a Samsung.
No ano passado, ela fez um novo compromisso com o Corinthians. "Agora não tenho exclusividade, o contrato é como uma autorização para negociar em nome do clube", explica.
Ela afirma que sua empresa ainda é responsável por 90% dos licenciamentos. "Qualquer um pode fazer isso, mas ninguém apresenta", diz Carla.
Em 2005, quando o iraniano dava as cartas, o futebol do clube arrecadou R$ 370 mil a mais em licenciamentos do que no ano passado, regido pela batuta da empresária, que também é conselheira do Corinthians.
Em compensação, em 2006, os licenciamentos renderam R$ 240 mil ao departamento de esporte amador, que não obteve nada nos tempos de Kia -a MSI controlava só o futebol.


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