|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Corinthians paga e não fatura com marketing
Licenciamento gera R$ 761 mil; agência de neta de Dualib recebe R$ 763 mil
Dirigente diz que números de 2006 são "coincidência"; para auditores, contrato com agência de Carla Dualib é um "risco" fiscal ao clube
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
O Corinthians pagou em
2006 à empresa de Carla Dualib mais do que o valor arrecadado com licenciamento de
produtos e franquias. Essas atividades estão entre as principais da SMA, a agência de Carla,
que é neta do presidente do clube, Alberto Dualib.
Segundo o balanço corintiano, o clube do Parque São Jorge
amealhou R$ 761 mil de parceiros que associaram a marca do
time a seus produtos e serviços.
No mesmo período, a agência
de marketing da neta de Dualib
recebeu do Corinthians R$ 763
mil. O valor não aparece no balanço, mas em uma carta da
BDO Trevisan, empresa contratada pelo próprio cartola para auditar as contas do clube.
"É uma coincidência, os valores são semelhantes, mas não
significa que tudo o que recebemos com essas ações foi repassado à empresa da Carla", afirmou Emerson Piovezan, vice-presidente financeiro.
De acordo com ele, a SMA recebeu em 2006 porcentagens
referentes a contratos realizados em anos anteriores.
"Geramos muito mais receitas para o clube. Quanto mais
minha empresa ganha, mais receitas ela gerou para o Corinthians", afirmou Carla.
Segundo ela, na quantia recebida em 2006 está uma comissão de intermediação da renovação de contrato da Nike, em
2005, o que a MSI, parceira do
clube alvinegro, negou à época.
"Para saber quanto geramos
ao clube, é preciso somar R$ 15
milhões de um contrato, R$ 5
milhões de outro, e por aí vai",
disse a neta do dirigente.
A carta dos auditores faz ressalvas ao contrato com a SMA.
Entre outras coisas, diz que o
sobrenome de Carla poderia
gerar desconfiança em órgãos
fiscalizadores. Se sua remuneração fosse entendida como
uma remuneração ao avô, o clube correria o risco de perder
sua isenção tributária.
Comissão da oposição, que
recebeu da diretoria os documentos contábeis do Corinthians, distribuiu relatório aos
conselheiros citando a carta da
BDO. A auditoria sugere que o
acordo seja refeito a partir de
uma cotação de preços com outras agências de marketing.
Antes da parceria com a MSI,
a agência de Carla tinha assegurada em contrato exclusividade
em todos os acordos de marketing. Pelo compromisso estabelecido, que durou de 2003 até
abril do ano passado, a SMA recebia 10% do valor de todos os
negócios apresentados por ela
ao Corinthians. E R$ 38 mil
mensais para custear o trabalho de seus profissionais.
Kia Joorabchian bateu de
frente com a neta de Dualib,
que cobra até hoje comissão pelo contrato com a Samsung.
No ano passado, ela fez um
novo compromisso com o Corinthians. "Agora não tenho exclusividade, o contrato é como
uma autorização para negociar
em nome do clube", explica.
Ela afirma que sua empresa
ainda é responsável por 90%
dos licenciamentos. "Qualquer
um pode fazer isso, mas ninguém apresenta", diz Carla.
Em 2005, quando o iraniano
dava as cartas, o futebol do clube arrecadou R$ 370 mil a mais
em licenciamentos do que no
ano passado, regido pela batuta
da empresária, que também é
conselheira do Corinthians.
Em compensação, em 2006,
os licenciamentos renderam
R$ 240 mil ao departamento de
esporte amador, que não obteve nada nos tempos de Kia -a
MSI controlava só o futebol.
Texto Anterior: Série A-2: Portuguesa e Rio Preto abrem decisão Próximo Texto: Frase Índice
|