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Foco
"Estrela" da comissão técnica da seleção de 1958 morre aos 84 anos no Rio
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma leitura superficial das
páginas esportivas dos jornais de 1958 não deixa dúvida: Paulo Amaral era "o cara"
na comissão técnica da seleção brasileira, que conquistaria, em 29 de junho daquele
ano, a Copa da Suécia.
Primeiro especialista em
preparação física da história
da seleção, Amaral morreu
ontem aos 84 anos, em sua
casa em Copacabana, no Rio.
Ele enfrentava um câncer havia mais de cinco anos, e sua
situação se agravou nas últimas semanas. O enterro, ontem, reuniu cerca de 50 pessoas no cemitério do Caju,
zona norte da cidade. Paula
Amaral, 44, sua única filha,
lembrou histórias do pai.
Carioca, formou-se na Escola de Educação Física e
Desportos em 1953, ano em
que começou no Botafogo.
"A preparação física era feita de forma simples, como se
fosse um aquecimento. Nos
clubes e na seleção, os técnicos eram também preparadores. Fui o primeiro formado em uma faculdade", lembrou, em entrevista publicada pelo site da CBF em 2006.
Paulo Amaral chegou à seleção brasileira em 1958, a
convite do presidente da então CBD, João Havelange.
Pela primeira vez o Brasil investia na formação de uma
comissão com profissionais
especializados -além do preparador, destacavam-se um
dentista e até um psicólogo.
Os treinamentos comandados por Amaral na fase de
preparação da seleção para o
Mundial sueco impressionavam pela duração -e ainda
mais pela inclemência.
Apesar disso, cativou os jogadores ao impor estilo profissional e sem privilégios. A
ponto de transformar o técnico Vicente Feola praticamente num coadjuvante.
Por dias, os jornais gastaram linhas e linhas relatando
os métodos do "durão" Paulo
Amaral, que punha os jogadores para fazer coisas nunca
antes vistas, como saltar simulando cabeceios.
Presente ao enterro, Humberto Torgado, 62, ex-goleiro
do Vasco, 62, confirma a fama
de Amaral. "Treinávamos até
debaixo de chuva e à noite,
como preparação para as partidas noturnas", disse.
Carismático, fez sucesso na
Suécia pela simpatia com a
qual tratava os torcedores
nas atividades da seleção. "As
crianças me adoravam. Eu
não conseguia ficar parado e,
depois dos treinos, dava preparação física para eles, que
se divertiam muito", relembrou o preparador em 2006.
Amaral -que também esteve na comissão técnica bicampeã do mundo quatro
anos mais tarde, no Chile-
foi também um técnico de sucesso. Nos aspirantes do Botafogo, ganhou 52 jogos seguidos. Dirigiu Juventus e
Genoa (ITA) e Porto (POR).
"Paulo merecia mais atenção. Ele fez muito e recebeu
muito pouco. Uma homenagem no Maracanã é o mínimo
que ele tinha que receber",
sintetizou Amarildo, 69, bicampeão mundial em 1962.
Colaborou a Sucursal do Rio
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