São Paulo, domingo, 02 de junho de 2002

Próximo Texto | Índice

COPA 2002 - CORÉIA/JAPÃO

Brasil e seus fantasmas se reencontram amanhã

O dia de renascer

FÁBIO VICTOR
FERNANDO MELLO
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A ULSAN

A seleção brasileira estréia amanhã, às 6h, na Copa do Mundo Coréia/Japão após a maior crise da história de seu futebol, pela primeira vez alvo até de investigações do Congresso Nacional.
Em campo, o adversário é a Turquia, mas o maior desafio será provar ao mundo que a lama dos bastidores e a queda diante de seleções "nanicas" não foram capazes de macular a camisa amarela.
Entre a última partida da Copa da França, em 1998 -a derrota diante dos donos da casa na final-, e o jogo de amanhã foram três técnicos, duas CPIs, uma derrota para Honduras e uma coleção de dramas pessoais.
Como o do atacante Ronaldo, que, não bastasse o episódio da crise nervosa horas antes da decisão contra os franceses, sofreu grave contusão no ano seguinte e passou quase duas temporadas sem jogar. Assistiu ainda à súbita ascensão de outro Ronaldo, que lhe usurpou, até aqui, o diminutivo característico do nome.
A responsabilidade de conduzir a seleção brasileira em busca do prestígio perdido é do gaúcho Luiz Felipe Scolari, 53, alçado ao posto de treinador da equipe há menos de um ano e que abriu mão de Romário. Com fama de disciplinador e passional, o técnico levará a campo amanhã uma equipe que nunca jogou junta e um esquema que foge à tradição verde-amarela, o 3-5-2.
Antes de Scolari e após Zagallo, técnico da Copa de 1998, a seleção foi treinada primeiro por Wanderley Luxemburgo e depois por Emerson Leão, ambos demitidos por Ricardo Teixeira, presidente da CBF que teve sua administração investigada e condenada pela CPI do Futebol, no Senado.
A classificação para a Copa, a mais difícil da história do time, só veio no último jogo das eliminatórias, contra a Venezuela.
Mas veio. E o Brasil estréia no Grupo C do Mundial, que tem ainda China e Costa Rica, com um time de craques milionários -nove do "onze" que entra em campo amanhã atuam na Europa.
Para eles, a Copa do Mundo também pode representar redenção. Rivaldo, astro do Barcelona, só se recuperou de uma grave contusão no joelho direito na semana passada. "Foram tempos difíceis para mim", disse.
Roberto Carlos, do Real Madrid, estava na final da Copa-98 e em outros "momentos difíceis" do time. E é quem sintetiza: "Não há muito o que fazer para apagar o passado, só ganhar título".
Na filosofia oriental, a crise deve ser encarada como a alavanca da transformação. Está na hora de o Brasil mostrar, na primeira Copa disputada na Ásia, que aprendeu alguma coisa com seu passado.


Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.