São Paulo, domingo, 02 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ORGANIZAÇÃO

Ingressos já são encontrados no mercado negro

Cambistas estão fora de controle no Japão

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ENVIADO ESPECIAL A YOKOHAMA

Quatro anos se passaram, e a história começa a se repetir. Assim como aconteceu na Copa da França, em 1998, o que não falta é cambista atuando no Japão.
Não era o que a Fifa pretendia, mas os planos da entidade parecem ter ido por água abaixo.
Para evitar a presença de cambistas no Mundial asiático, havia sido determinado que os bilhetes seriam nominais, ou seja, teriam impresso o nome da pessoa que os comprou. Se ela não fosse ao estádio, deveria avisar os organizadores quem iria em seu lugar.
Com tal procedimento, a Fifa imaginava que teria controle sobre cada um dos ingressos e sobre cada torcedor que fosse à Copa.
Não terá. Na semana passada, as regras do jogo foram afrouxadas. A Byrom Inc., empresa britânica responsável pela venda e impressão dos bilhetes, não conseguiu confeccioná-los a tempo, e cerca de 250 mil entradas foram feitas sem o nome do comprador.
O Comitê Organizador do Japão -Jawoc-, então, anunciou que não faria sentido verificar se quem estiver portando a entrada é ou não o comprador original, já que muitos bilhetes simplesmente não terão o nome do torcedor.
Com isso, o mercado paralelo de ingressos entrou em ação.
Em Sakuragi-cho, por exemplo, uma das principais estações de trem de Yokohama, havia ontem um grupo vendendo -e comprando- entradas.
Um dos cambistas, que se identificou à Folha como Jiro Saito e disse ter 22 anos, oferecia bilhetes para três partidas, entre elas Japão x Rússia, marcada para o próximo domingo, em Yokohama. Tinha quatro entradas e queria cerca de US$ 250 por cada uma, cinco vezes o preço oficial.
Duas continham o nome do comprador, enquanto as outras duas não exibiam nome algum.
Em Tóquio e Osaka, aparentemente, a situação é pior -e mais escancarada. Uma loja de conveniência no bairro de Ginza, um dos mais conhecidos da capital japonesa, oferece entradas para Japão x Bélgica, terça, em Saitama, Japão x Rússia e Argentina x Inglaterra, sexta, em Sapporo.
Xerox dos bilhetes, exibidos na porta da loja, indica que eles são provenientes da Europa. Levam o nome das federações da Bélgica, Itália e Inglaterra, que se recusaram a comentar o caso.
Shinichiro Misuno, representante do Jawoc para assuntos de bilheteria, reconhece que a situação está fora de controle. "Os erros foram cometidos, e agora não adianta coibir [o câmbio negro] porque só iríamos atrapalhar muito mais os torcedores."
Misuno e Takahisa Ishida, responsável pelo esquema de segurança, voltaram a responsabilizar a Fifa pela enorme bagunça.
"O mais grave de tudo nem são os cambistas, mas os torcedores que compraram ingressos e ainda não os receberam. A Byrom Inc. disse que enviou os últimos 110 mil bilhetes, mas eles não chegaram ao Jawoc. quem deve explicações é quem contratou a empresa", reclamou Ishida, referindo-se à entidade máxima do futebol.
Procurada pela Folha, a assessoria de imprensa da entidade limitou-se a dizer que os problemas serão solucionados a partir da terceira rodada, quando todos os ingressos estiverem em mãos dos comitês organizadores.


Texto Anterior: Bola rasteira - Grupo G/amanhã: Croácia e México se enfrentam com menosprezo e vêem Itália como obstáculo
Próximo Texto: Memória: Na Copa da França, 7.000 torcedores ficaram sem bilhete
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.