São Paulo, domingo, 02 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PESQUISA

Esforço físico extenuante desregularia o ciclo menstrual de atletas, provocando vários problemas de saúde

COI estuda efeitos de treino excessivo na menstruação

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Comitê Olímpico Internacional realiza pesquisa sobre como a atividade física extenuante desempenhada por atletas de elite desregula seus ciclos menstruais e, com base nos dados analisados, quer buscar medidas preventivas.
Estima-se que 20% das atletas sofrem desse mal -em comparação com 5% do total da população feminina. Segundo o COI, o número de atletas afetados hoje por esse mal é, provavelmente, superior do que há algumas décadas.
As performances atléticas podem ser afetadas pelos ciclos menstruais de atletas, até mesmo daquelas que normalmente não menstruam, ou por alterações nos níveis de hormônios de usuárias de anticoncepcionais. Da mesma forma, a atividade física extenuante pode afetar o ciclo menstrual, causando problemas.
As consequências a curto e a longo prazo incluem infertilidade, lentidão do metabolismo basal (energia mínima despendida pelo corpo para mantê-lo em funcionamento) e muscular, aumento do risco de fraturas por estresse, osteoporose prematura etc.
Estudos semelhantes foram realizados com bailarinas e representantes de modalidades como atletismo e natação, mas, desde Sydney-2000, o COI aumentou seu esforço nessa direção após assinar convênios com laboratórios.
Para a primeira fase da pesquisa, que tem à frente Elizabeth Egan, foram observadas entre 200 e 250 atletas que se preparavam para a edição deste ano dos Jogos de Inverno, em Salt Lake (EUA).
Cerca de 50 delas preencheram questionários diários com questões sobre seus ciclos menstruais, estado emocional, massa corporal, estresse emocional e rotina de treinos para serem usadas na segunda e última fase dos estudos.
Essas voluntárias começaram a medir suas respectivas temperaturas diariamente pela manhã meses antes do início dos Jogos de Inverno como um parâmetro das fases de seus ciclos menstruais.
"Vamos concluir essa segunda parte em cerca de 12 meses", calculou Elizabeth, em contato por telefone com a Folha. "Porém, essa não será uma pesquisa definitiva, sempre vai ser possível encontrar mais dados relevantes."
Segundo os responsáveis pelo trabalho, os resultados dos estudos poderão ser revertidos em benefícios não somente para as atletas e seus técnicos, mas também para a população em geral, que contará com mais subsídios para lidar com a disfunção menstrual.
Há uma teoria que afirma que os treinamentos fisicamente extenuantes atrasariam a primeira menstruação e isso acarretaria problemas no ciclo menstrual dessas atletas no futuro. Outra, que a disfunção hormonal, associada com as provas de atletismo ou com a ginástica, afeta também praticantes de outras modalidades, sem distinção.


Texto Anterior: Automobilismo: Após 36 dias de folga, pilotos da Indy se preparam para maratona
Próximo Texto: Panorâmica - Basquete: Sacramento e Lakers definem último finalista
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.