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São Paulo, segunda-feira, 02 de junho de 2003

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FUTEBOL

O bloco e o eu sozinho

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O Santos tinha um time; o São Paulo tinha Luis Fabiano. O placar de ontem na Vila Belmiro acabou refletindo essa desigualdade.
Claro que exagero. O sistema defensivo do São Paulo até que funcionou. Adriano deu pouco espaço para Diego jogar e, de modo geral, a defesa se portou bem.
Mas, com a bola nos pés, o tricolor produziu pouco. Desfalcada, a equipe, que já estava sem padrão de jogo mesmo quando completa, ficou sem jogada nenhuma. Dependeu quase exclusivamente das arrancadas individuais do zagueiro Gustavo Nery e dos meias Aílton e Júlio Baptista.
Se chegou a ameaçar o Santos e até a empatar o jogo, foi porque Luis Fabiano é um atacante perigoso em qualquer situação. Chegaram poucas bolas "redondas" aos seus pés. Mesmo assim, ele infernizou a defesa santista, deu os melhores passes, sofreu e converteu um pênalti e fez a assistência perfeita para o segundo gol.
Deivid é muito bom, Liedson idem. Mas Luis Fabiano está hoje um degrau acima: é o melhor atacante brasileiro.
A ironia é que, ao contrário do São Paulo, o que faltava ao Santos ontem era exatamente um centroavante. Mesmo assim, com Fabiano improvisado na frente, o time de Leão criou muito mais chances de gol e mereceu vencer.
Tostão matou a charada há algumas semanas, ao comparar Ricardo Oliveira com seu antecessor Alberto no ataque santista. Com o esquema do Santos, em que os laterais e meias chegam com facilidade na frente, o centroavante tem muito mais a função de pivô do que de finalizador.
Fabiano fez isso. Apareceu pouco na partida, mas abriu espaços para as chegadas de Diego, Renato, Robinho, Elano e Léo. E, quando foi preciso, agiu como autêntico artilheiro, fazendo de cabeça.
Apesar do número demasiado alto de passes errados, o Santos mostrou a força de seu conjunto e da qualidade de seus jogadores.
Se Diego tinha pouco espaço, Renato aparecia na frente para armar e concluir como um autêntico meia-atacante. Se Robinho se perdia no barroquismo dos dribles, Léo surgia como foguete para levar a bola à linha de fundo.
Proponho, aliás, que deixemos de falar do Peixe como "o Santos de Diego e Robinho" e passemos a chamá-lo de "o Santos de Renato e Elano".
O primeiro é, hoje, o meio-campista mais completo e regular do Brasil, sem falar da classe. O segundo é um jogador de uma objetividade ímpar, procurando sempre o caminho mais rápido e reto de chegar ao gol ou de colocar um companheiro diante dele.
 
O Corinthians segue galgando posições. Contra o Vitória, conquistou uma bela goleada, depois de um primeiro tempo difícil, em que valeu o dito "água mole em pedra dura...".
Diante de uma defesa fechada, o alvinegro insistiu nas jogadas de linha de fundo e beneficiou-se de uma jornada inspirada de Liedson, que realizou quatro finalizações e converteu as quatro.

Estado crítico
O Flamengo virou saco de pancada dos times paranaenses. Depois de levar de quatro do Atlético-PR, ontem levou de seis do Paraná. Só vi os "melhores momentos". Duas observações: o frangaço do goleirão Júlio César no segundo gol paranaense e o futebol arisco e exuberante do meia Marquinhos, aliás um ex-rubro-negro.

Dois níveis
O líder Cruzeiro estava penando contra o Criciúma até que o técnico Wanderley Luxemburgo resolveu colocar em campo os jogadores que decidem (e que estavam sendo poupados). Alex, Maurinho e Aristizábal -sobretudo o primeiro- mudaram o panorama da partida, mostrando que o Cruzeiro ainda não tem um banco à altura de seus titulares.

E-mail jgcouto@uol.com.br



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