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FUTEBOL
O bloco e o eu sozinho
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O Santos tinha um time; o
São Paulo tinha Luis Fabiano. O placar de ontem na Vila
Belmiro acabou refletindo essa
desigualdade.
Claro que exagero. O sistema
defensivo do São Paulo até que
funcionou. Adriano deu pouco espaço para Diego jogar e, de modo
geral, a defesa se portou bem.
Mas, com a bola nos pés, o tricolor produziu pouco. Desfalcada, a
equipe, que já estava sem padrão
de jogo mesmo quando completa,
ficou sem jogada nenhuma. Dependeu quase exclusivamente das
arrancadas individuais do zagueiro Gustavo Nery e dos meias
Aílton e Júlio Baptista.
Se chegou a ameaçar o Santos e
até a empatar o jogo, foi porque
Luis Fabiano é um atacante perigoso em qualquer situação. Chegaram poucas bolas "redondas"
aos seus pés. Mesmo assim, ele infernizou a defesa santista, deu os
melhores passes, sofreu e converteu um pênalti e fez a assistência
perfeita para o segundo gol.
Deivid é muito bom, Liedson
idem. Mas Luis Fabiano está hoje
um degrau acima: é o melhor atacante brasileiro.
A ironia é que, ao contrário do
São Paulo, o que faltava ao Santos ontem era exatamente um
centroavante. Mesmo assim, com
Fabiano improvisado na frente, o
time de Leão criou muito mais
chances de gol e mereceu vencer.
Tostão matou a charada há algumas semanas, ao comparar Ricardo Oliveira com seu antecessor
Alberto no ataque santista. Com
o esquema do Santos, em que os
laterais e meias chegam com facilidade na frente, o centroavante
tem muito mais a função de pivô
do que de finalizador.
Fabiano fez isso. Apareceu pouco na partida, mas abriu espaços
para as chegadas de Diego, Renato, Robinho, Elano e Léo. E, quando foi preciso, agiu como autêntico artilheiro, fazendo de cabeça.
Apesar do número demasiado
alto de passes errados, o Santos
mostrou a força de seu conjunto e
da qualidade de seus jogadores.
Se Diego tinha pouco espaço,
Renato aparecia na frente para
armar e concluir como um autêntico meia-atacante. Se Robinho se
perdia no barroquismo dos dribles, Léo surgia como foguete para levar a bola à linha de fundo.
Proponho, aliás, que deixemos
de falar do Peixe como "o Santos
de Diego e Robinho" e passemos a
chamá-lo de "o Santos de Renato
e Elano".
O primeiro é, hoje, o meio-campista mais completo e regular do
Brasil, sem falar da classe. O segundo é um jogador de uma objetividade ímpar, procurando sempre o caminho mais rápido e reto
de chegar ao gol ou de colocar um
companheiro diante dele.
O Corinthians segue galgando
posições. Contra o Vitória, conquistou uma bela goleada, depois
de um primeiro tempo difícil, em
que valeu o dito "água mole em
pedra dura...".
Diante de uma defesa fechada,
o alvinegro insistiu nas jogadas
de linha de fundo e beneficiou-se
de uma jornada inspirada de
Liedson, que realizou quatro finalizações e converteu as quatro.
Estado crítico
O Flamengo virou saco de pancada dos times paranaenses.
Depois de levar de quatro do
Atlético-PR, ontem levou de
seis do Paraná. Só vi os "melhores momentos". Duas observações: o frangaço do goleirão Júlio César no segundo gol paranaense e o futebol arisco e exuberante do meia Marquinhos,
aliás um ex-rubro-negro.
Dois níveis
O líder Cruzeiro estava penando contra o Criciúma até que o
técnico Wanderley Luxemburgo resolveu colocar em campo
os jogadores que decidem (e
que estavam sendo poupados).
Alex, Maurinho e Aristizábal
-sobretudo o primeiro- mudaram o panorama da partida,
mostrando que o Cruzeiro ainda não tem um banco à altura
de seus titulares.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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